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Etimologia

Redação Publicado em 19/02/2013, às 11h34 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Assédio: de origem controversa, provavelmente do Latim absedius, radicado em sedes, assento, lugar, ou do Latim obsidium, cerco, cilada, consolidado no Latim vulgar adsedium, usado em vez de obsidium, do verbo obsidere, pôr-se à frente, cercar, não se afastar da pessoa, inclusive para conquistá-la amorosamente, como fazem, entre outras, a maria-gasolina, a maria-chuteira, a maria-apostila e a maria-lattes, que assediam, respectivamente, o dono de automóvel luxuoso, o jogador de futebol e os professores. Apostila, do Latim post illa, depois daqueles (ensinamentos do professor), dá nome a caderno de exercícios, no qual elas repetem os convites indecorosos feitos aos mestres nas redes sociais. Lattes vem da Plataforma Lattes, do CNPQ, acervo de currículos de professores que homenageia o físico paranaense César Manuseto Giulio Lattes (1924-2005). Essas marias, às vezes mais mal vestidas do que as mariasmijonas, são tão atrevidas, que deixariam sem graça até mesmo a maria-vaicom-as-outras e a mariasem-vergonha. Mariavai-com-as outras designa pessoa sem vontade própria, cujo nome se deve à mãe de dom João VI (1767-1826), a rainha Maria I, a Louca (1734-1816), que não podia mais sair de casa por vontade própria, sozinha, e saía sempre com outras marias, que a amparavam, guiavam e cuidavam, pois tinha enlouquecido.

Coco: do nome da personagem infantil inventado para aterrorizar as crianças, também conhecida no Brasil por Cuca. Quando os navegadores portugueses chegaram a Malabar, na Índia, em fins do século XV, o fruto da palmeira pareceu-lhes semelhante aos fantasmas de pano, feitos em casa para assustar as crianças. E palmeira virou coqueiro.

Doce de coco: do Latim dulce, declinação de dulcis, doce, e coco, de Coco. Doce de coco é uma iguaria feita com coco ralado, açúcar, gema de ovo, farinha de trigo, cravo ou outros temperos. E designa também a pessoa amável, de bom temperamento. O cantor brasileiro Wanderley Conti Cardoso (67) teve entre seus sucessos a canção Doce de Coco: “Meu bem! Desculpe a comparação/ Que eu vou fazer/ Papápapárapárapápá/ Você vai ficar muito zangada/ Mas eu vou dizer:/ Papápapárapárapápá...Você não é doce de coco/ Mas enjoei de você.” Nas décadas de 1960 e 1970, escrevia-se “doce-de-côco”, com hífen e acento. O acento foi abolido pela pequena Reforma Ortográfica do Governo Médici. E o hífen caiu com o Acordo Ortográfico atual.

Judia: do Latim judaea, feminino de judaeus, judeu, designando não apenas a mulher dessa etnia, cultura e religião, mas também capa mourisca, isto é, de uso dos mouros, como eram chamados os árabes que viviam em Portugal e na Espanha desde a Idade Média até o século XVI. Judia designa também um passarinho conhecido como tico-tico e um peixe. Já o Espanhol judía é o nosso feijão-de-frade ou feijão-fradinho, em geral servido em saladas ou misturado a acarajés. É frequente a alusão a nomes próprios em comida. Mariamole designa árvore e também doce feito de clara de ovo e coco. E maria-isabel é um prato, típico do Piauí, com arroz e carne-seca.

Maria-chiquinha: de Maria, do hebraico Miriam, pelo Latim Maria, nome da mãe de Jesus (século I) e por isso muito popular em países cristãos, e Chiquinha, diminutivo de Chica, apelido de Francisca, feminimo de Francisco, adaptação do Latim Franciscus, nome também muito popular por causa de vários santos, como São Francisco de Assis (1182-11226), São Francisco de Paula (1416-1507) e São Francisco Xavier (1506-1552). Designa penteado feminino em que o cabelo, de médio a comprido, é dividido ao meio, do alto até a nuca, com as madeixas presas por elásticos, pedaços de pano ou fitas.

Trem: de origem controversa, ora atribuída ao Inglês train, ora ao Francês train, ambos radicados no Latim culto tragere ou no Latim vulgar traginare, sempre com o significado de puxar, arrastar. Os primeiros a conceber esse veículo de transporte movido a vapor foram um padre jesuíta belga e um  militar francês, mas o invento só foi viabilizado por ingleses, escoceses e norte-americanos. Tocada a  carvão, a locomotiva fazia muita fumaça e no Brasil o primeiro trem foi logo batizado de maria-fumaça, palavra que foi parar nos dicionários para designar este tipo de veículo e também a pessoa que fuma demais.