Com quase 56 milhões de votos, ela se elege e vira um marco na história do país
Redação Publicado em 03/11/2010, às 09h36 - Atualizado às 09h56
O domingo, 31 de outubro de 2010, tornou-se uma data emblemática para o Brasil. Ao vencer o segundo turno das eleições, com quase 56 milhões de votos, a economista Dilma Rousseff (62) será a primeira mulher a ocupar o posto mais alto da República Federativa do Brasil a partir de 1º de janeiro de 2011. "É um avanço democrático do nosso país. Meu primeiro compromisso será honrar as brasileiras para que este fato, até hoje inédito, se torne natural", disse, em tom emocio- nado, no primeiro discurso, em Brasília, após a apuração. "Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante da minha vida. Vou honrar essa confiança", emendou ela. Em tom diplomático, ela preferiu deixar para trás as divergências de qua- tro meses de campanha com seu rival, José Serra (68). "Estendo minha mão à oposição", afirmou ela. "Nós recebemos com muito respeito e humildade a voz do povo nas urnas. Quero cumprimentar Dilma e desejar que ela faça bem para o nosso país", disse Serra.
A festa da democracia mobilizou eleitores vips. Com estilosos óculos de grau, o cantor Roberto Carlos (69) e Xuxa Meneghel (47) chamaram a atenção e foram muito assediados em suas seções eleitorais do Rio. Mesmo sem declarar o voto, o apresentador Luciano Huck (39) felicitou Dilma. "Quero que tenha saúde e paz para, com sabedoria, conduzir o país pelos melhores caminhos nos próximos quatro anos", disse. Os atores Deborah Secco (30), com a enteada, Lara (10), filha do jogador Roger Flores (32), Edson Celulari (52), Vera Fischer (58), Gabriela Duarte (36) e Luciano Szafir (41), além da modelo Ellen Jabour (30), também compareceram às urnas.
A vitória da mineira radicada no Rio Grande do Sul, filha do empreendedor búlgaro naturalizado brasileiro Pedro Rousseff com a professora Jane Silva, pontua um capítulo histórico em sua trajetória de lutas. A menina que sonhava ser bailarina se tornou militante política ainda no colégio, em 1964, mesma época em que conheceu o primeiro marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, com quem se relacionou por dois anos. No início de 1970, foi torturada pela ditadura militar e ficou presa por três anos. Após a libertação, se mudou para Porto Alegre. Lá viveu com o segundo marido, o ex-deputado estadual Carlos Franklin Paixão Araújo. Casados por 30 anos, os dois tiveram Paula (33), que, em setembro, deu à luz Gabriel, primeiro neto da futura presidente. No sul, Dilma iniciou sua carreira pública. Foi secretária municipal da Fazenda de Porto Alegre e secretária estadual de Minas e Energia. Em 2002, passou a fazer parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (65) como ministra de Minas e Energia e, em seguida, chefe da Casa Civil. "Não tenho dúvida nenhuma de que Dilma vai fazer um grande governo para este país", afirmou Lula, ao votar, ao lado da mulher, Marisa Letícia (60). Ainda na noite de domingo, o primeiro casal recebeu a eleita no Palácio da Alvorada.
Pouco antes de ser anunciada candidata à Presidência pelo PT, em 2009, Dilma Rousseff enfrentou um drama pessoal. Depois de realizar exames de rotina, os médicos diagnosticaram um câncer no gânglio linfático. Foram quatro meses de tratamento. "A quimioterapia é algo muito desagradável, mas como tantos homens e mulheres que vivem esse desafio e vencem, tenho certeza de que vou superar essa doença", afirmou ela, na época, que chegou a usar peruca após perder o cabelo. A mudança no visual da economista também foi uma marca da eleição. Suas roupas tornaram-se mais sóbrias, com a predominância de tons pastéis, como a usada no primeiro discurso como presidente, na noite de domingo no Hotel Naoum, em Brasília. O vermelho, cor do seu partido, o PT, também passou a ser utilizado em terninhos e calças retas. Já os óculos foram defi- nitivamente abandonados e substituídos por lentes de contato. Seus cabelos ganharam corte cur- to e moderno pelas mãos do badalado Celso Kamura (50).
Durante a campanha do segundo turno, o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil (68) se declarou admirador da candidata. "Convivi com ela no ambiente de governo. Sempre tratou a pasta da Cultura com respeito e apreço. É preparada para tudo. Vai dar uma presidente daquelas", elogiou. O compositor Chico Buarque (66) também foi um dos famosos a manifestar seu apoio à petista. "Ela é uma de fibra, que superou várias coisas, e não tem medo. Vai herdar o senso de justiça social, um marco da adminis- tração Lula. Um governo que fala de igual para igual com todos. Não fala fino com Washington, nem grosso com a Bolívia e o Paraguai", afirmou. Incumbido de informar o resultado da pesquisa de boca de urna na TV Globo, o âncora do Jornal Nacional William Bonner (46) se mostrou orgulhoso. "É impressionante como o anúncio de um resultado de eleição presidencial tem o poder de nos lembrar da paixão que temos pela profissão", comen- tou, pouco depois de votar ao lado da mulher, Fátima Bernardes (48). "Nossa democracia elege a primeira mulher ao atingir a maioridade plena: 21 anos desde o primeiro pleito direto", lembrou Bonner. Um dia após sua vitória, Dilma foi parabenizada por telefone por vários chefes de Estado, entre eles o presidente americano, Barack Obama (49).mulher
Este site utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar sua experiência. Ao continuar navegando, você aceita as condições de nossa Política de Privacidade