COM AS CHUVAS, É MAIOR O RISCO DE SE CONTRAIR LEPTOSPIROSE E HEPATITE A
por <b>Celso Francisco Granato </b> Publicado em 30/12/2008, às 14h30 - Atualizado em 28/06/2010, às 11h12
Estamos no verão, período de chuvas mais intensas em boa parte do país. É também uma época de inundações em nossas já maltratadas cidades. Como isso, aumenta o risco de se contrair doenças como leptospirose e hepatite A. Só para se ter uma idéia, informações do Ministério da Saúde dão conta de que de janeiro a outubro de 2007 houve 1547 casos de leptospirose no Brasil, grande parte no verão. Em 2006, de outro lado, segundo a mesma fonte, se registraram 19565 casos de hepatite A. A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira interrogans, comum em ratos. Existem dezenas de variedades dela. Provocam a moléstia nesses roedores e muitas vezes não os matam. Eles passam a vida eliminando as leptospiras, pela urina, na natureza. No verão, com temporais e inundações, contaminam muitas pessoas. A leptospira entra no organismo humano pela pele e pelas mucosas. Aloja-se no endotélio, tecido que forra os vasos sanguíneos de todo o corpo. Assim, tanto pode provocar a leptospirose nos rins quanto em qualquer outro órgão, como o fígado. A maioria das pessoas tem só um quadro leve, semelhante ao da gripe - com sintomas como febre, mal-estar, dor de cabeça e muscular, cansaço e calafrios - e elimina a bactéria de seu organismo. Pequena parcela dos infectados, porém, tem a forma grave da doença, a íctero-hemorrágica. Neles, a leptospirose leva à falência dos rins e a sangramentos por todo o corpo. Calculase que 10% a 20% dos pacientes que entram nos hospitais com esse quadro vão a óbito. Já a hepatite A é uma doença infecciosa causada por vírus. Ele é disseminado na natureza pelas fezes dos doentes em especial nas regiões pobres em que não há coleta de esgotos, mas também em cidades que despejam seus esgotos em rios e mares. O vírus é contraído pela boca - ao se ingerir líquidos e alimentos contaminados - e, como tem predileção pelo fígado, se aloja nele. A maioria das crianças do país é pobre e contrai o vírus da hepatite A nos primeiros anos de vida. Sorte, porque crianças que o contraem em geral têm sintomas discretos. Os mais característicos, icterícia e enjoo, às vezes até passam despercebidos. O organismo de grande parte delas neutraliza a ação viral e as crianças não têm maiores problemas. Também não ficam com sequelas no fígado. Mas um pequeno grupo tem hepatite fulminante: destrói o fígado em poucos dias. O sintoma é confusão mental. Salva-se quem faz transplante. Jovens e adultos que contraem o vírus pela primeira vez também têm quadros mais graves, com sintomas mais intensos, como amarelão, náuseas, vômitos e letargia. Uma minoria morre de hepatite fulminante e a recuperação dos sobreviventes em geral é bastante demorada. O ideal é evitar o contato com a bactéria causadora da leptospirose e com o vírus da hepatite A - essa última, aliás, conta com vacina ainda cara mas eficaz. Infelizmente, nem sempre é possível evitar o contato com a leptospira numa enchente, mas dá para ser mais cuidadoso com líquidos e alimentos em especial em épocas de chuvas. Pessoas com sintomas dessas doenças devem ser levadas ao serviço de emergências de um hostipal. Quanto mais rápido elas são identificadas e combatidas, naturalmente, maiores as possibilidades de cura.