CHANEL

Lindo! Sempre adoro Chanel Couture, o que nem sempre acontece (sorry...) em relação ao prêt-à-porter (quando um ataque de "peruísse" aguda muitas vezes domina o pedaço). Bem dizia MademoiselleChanel, a grande, "o luxo não é o contrário da pobreza, mas sim, da vulgaridade", mas... como "faturar é preciso" - hélas! - isso nem sempre acontece. Bom, para desespero geral das peruas crônicas, nenhum salto alto pintou na passarela. Botas rasas o tempo todo, darling. Brancas e très Chanel por causa das ponteiras negras e, ao mesmo tempo, um tanto Courrèges anos 1960 mas que - pasmem! - em verdade, Coco - moderrrrrna comme c'est pas possible-já tinha usado em plenos anos 1950. Ui! O clima é "mulheres apaixonadas" e tudo parece feito de ar. Karl Lagerfeld nunca esteve mais leve, nunca esteve mais calmo. Tecidos extra soft aparecem em mil shapes diferentes - olha lá aquela saia ampla toda festiva, olha lá aquele trapézio assumido, olha lá aquele pretinho chiquérrimo (irritante de tão perfeito), olha que loucura o bordado desse vestido branco, olha lá, olha lá... Por todo lado brotam rendas& tules e o efeito cumulativo é simplesmente um deslumbre. Até o decantado tweed chega todo diluído num mar de tule. Claro, os vestidos de tule rodados, os amarramentos de seda nas costas, são lances tipicamente Chanel nos anos 1930, but... who cares?? Karl interpreta e reintepreta tudo soberbamente. Resultado: as clientes-couture (senhorinhas muito ricas para quem "isso de moda pronta, nem pensar"...) ou as famosas (aquela tribo que vive de pegar roupa emprestada...) só podem perder o fôlego. Uma curiosidade: quando, na guerra dos anos 1940, o ator Jean Marais (amante de Jean Cocteau) foi convocado, Coco pensou em mandar uma manta de cachemire de presente para ele. Mas depois- magnânima - achou injusto e acabou mandando uma manta para cada soldado do batalhão... Replay em linguagem 2006: a Maison Chanel aquecendo seus convidados com cobertas de lã polar... Muito handy: porque este inverno anda "punk" em Paris...