A diva francesa Catherine Deneuve, que está no Brasil para o Festival Varilux de Cinema Francês, afirmou em coletiva de imprensa que é necessário lutar contra o domínio do cinema americano
Ícone do cinema mundial, a atriz francesa
Catherine Deneuve, que está no Brasil para o Festival Varilux de Cinema Francês, disse que é preciso lutar contra o domínio dos filmes de Hollywood.
"Sei que é muito difícil combater o domínio e o poder do cinema americano, particularmente a nível de distribuição. Porém é preciso continuar a lutar. Penso que há lugar para o cinema de autor, para filmes um pouco mais difíceis a priori, mas que contam histórias frequentemente mais pessoais, mais íntimas", disse em entrevista coletiva no hotel Tivoli, nesta quarta-feira, 8, em São Paulo. E completou:
"O cinema americano tem meios financeiros enormes por trás, salas de exibição, possibilidades de distribuição. Mas, felizmente, há distribuidores que continuam a se interessar pelo cinema de autor".
A atriz, um dos rostos mais conhecidos da sétima arte no mundo, contou que teve a sorte de filmar com grandes diretores, como
Luís Buñuel,
François Truffaut e
Roman Polanski, no início da carreira.
"Eu era muito jovem quando filmei com eles, então aprendi muitas coisas, fui dirigida. São cineastas que dirigem os atores. Foi uma grande sorte gravar ainda jovem com cineastas tão importantes e de personalidade forte."
Com Buñuel, ela fez
A Bela da Tarde (1967), um dos seus filmes mais conhecidos,
Tristana (1970)e
La Femme auz Bottes Rouges (1974); com Truffaut,
A Sereia do Mississipi (1969) e
O Último Metrô (1980); e com Polanski,
Repulsa ao Sexo (1965).
Conhecida como a "dama do cinema francês", Deneuve disse que é impossível escolher um favorito entre eles.
"São grandes cineastas e são muito diferentes, têm personalidades muito diferentes. Se você me pedir para escolher entre Buñuel, Truffaut e Polanski, eu não escolheria nenhum. São pessoas talentosas, e é impossível escolher um. Mas felizmente nunca precisei fazer uma escolha assim. Tive a sorte de encontrar pessoas importantes e talentosas na minha vida.".
Com uma carreira prolífica, a atriz lança no festival seu filme
Potiche - Esposa Troféu, que não é o mais recente. Seu último filme,
Les Bien-aimés, de
Christophe Honoré, no qual contracena com sua filha,
Chiara Mastroianni, foi lançado em Cannes.
Potiche - Esposa Troféu é sua segunda colaboração com o cineasta
François Ozon, com quem fez também
8 Mulheres.
"Eu achei a ideia muito divertida, me agradou muito. Como já o conhecia, eu sei como ele trabalha e aceitei na hora fazer o filme. E depois foi como quando gravamos uma comédia. É ao mesmo tempo complexo e divertido de fazer, bastante físico, um ritmo de comédia, com muito mais diálogos. François Ozon gosta de filmar rapidamente, foi um ritmo frenético, mas nos divertimos muito", afirmou.
Sobre seu reencontro em cena com outro ícone do cinema francês,
Gerard Depardieu, com quem contracenou pela primeira vez em
O Último Metrô, ela disse que foi
muito feliz.
"Foi muito inteligente da parte de Ozon convidar dois atores que são conhecidos, que já filmaram juntos e que, por isso, não têm nenhuma barreira inicial."
Deneuve confessou que conhece pouco do cinema brasileiro. "Infelizmente, não chegam muitos filmes daqui à França e, sobretudo, a Paris. Conhecemos apenas uma pequena parte do cinema brasileiro. Nós vemos apenas os filmes comprados por distribuidores franceses", lamentou.
Potiche - Esposa Troféu" pode ser visto no Festival Varilux de Cinema Francês, em São Paulo, nos dias 9, 12 e 16 de junho no cinema Reserva Cultural e nos dias 10, 11 e 15 de junho no Unibanco Arteplex Frei Caneca. Mais informações no site: www.festivalcinefrances.com.