Bom, muito bom, o trabalho (trabalhadíssimo...) de Ricardo Tisci nessa sua terceira coleção-couture. UIUIUI, esse rapaz "leva jeito"... Tanto que está conseguindo - lindamente - explorar todo o know how tradicional da Maison Givenchy, com uma espécie de "tensão-fashion", talvez até malsã e muitomuito erótica, que é perdidamente contemporânea. Ricardo deve ter nascido e crescido naquele exagero de religiosidade italiana que caiu - é claro - assim que pôde (mamma italiana é massa pesada...) na atmosfera rap e nas noitadas góticas. Sua moda conta tudo isso. É sexy, é misteriosa, é "escuridão". Adoro! Mas essas moças, aonde elas vão?? Parecem sair de um castelo e... entrar numa festa erótica, como aquela que Tom Cruise encarou (lembra?) no filme De Olhos Bem Fechados... Acho que se trata de uma Missa Negra S&M. Mas - surprise! -, diz Ricardo Tisci que, em verdade, "queria falar de etnias, ainda que essa 'viagem' já tenha sido tão percorrida por tanta gente". Anyway, nesse caso, o resultado é "especialíssimo" e, apesar de ele ter se inspirado em rituais africanos, oceânicos ou asiáticos, o ranço étnico (o que seria in-su-por-tá-vel!!) passa completamente despercebido. Vejo deusas, vejo feiticeiras, de uma beleza ainda desconhecida: rigorosa, severa, sem riquiqui, sabe como? Em vez de enfeites e confeitos, acontecem cortes intrigantes, acontecem volumes inesperados, acontecem movimentos impertinentes. Cada "pequenino nada" é tenaz, é hipnotizante. E tudo ganha uma nova dimensão, desde o casaco negro de puro cachemire, até o vestido longo, bustier fantastique (seria um look do futuro milênio?), que Maria Carla, musa de Tisci, usa para finalizar o desfile. UAU!
PS: além da Missa Negra Fashion, aconteceu uma seqüência white, areia, argila; mais etérea, mais doce, mais inocente. Por que não mostrei nada para você?? Sorry, mas eu prefiro mesmo Risci orquestrando seu cultismofashion, mais excitante, como um... pecado?
FOTOS:MARCIO MADEIRA