Vivendo o mulherengo Cadinho em Avenida Brasil, Alexandre Borges se diverte com a abordagem do público nas ruas, diz que não acha o sexo feminino complicado e ainda abre o jogo sobre sua vida pessoal
Não há quem não dê boas risadas quando Alexandre Borges (46) entra em cena. Vivendo um mulherengo em Avenida Brasil, o ator tem se divertido com a abordagem do público nas ruas. E as reações dos homens e mulheres são bem diferentes. Enquanto eles pedem a receita para conseguir a façanha de viver com três esposas, elas querem mais é um espaço no coração de Cadinho. “As mulheres brincam dizendo que querem ser a quarta mulher, que é para eu largar as três e ficar com elas...”.
E não deve ser fácil viver o todo atrapalhado e até revolucionário personagem. Revolucionário porque não é todo dia que se vê um infiel ser tão querido pelo telespectador, que torce para que ele termine essa história com suas três mulheres, brilhantemente interpretadas por Débora Bloch (49) (Verônica), Camila Morgado (37) (Noêmia) e Carolina Ferraz (44) (Alexia).
Todo esse sucesso, Alexandre atribui ao autor, João Emanuel Carneiro (42), que conseguiu dar leveza a um tema tão polêmico. “Nós conversamos muito sobre o Cadinho e não estamos preocupados com a questão moral, não queremos julgar ninguém. É uma situação humana. E não é de hoje que isso acontece. Certos assuntos podem ser mais espinhosos, dependendo do tom como se encara. O público me dá um retorno incrível”, disse ele, que também está em turnê com o espetáculo Eu Te Amo, ao lado de Juliana Martins (38).
Casado há 18 anos com a atriz Julia Lemmertz (49), com quem tem Miguel (12), Alexandre conta como conduz o relacionamento e abre o jogo quando questionado sobre crises conjugais. “Procuro responder e não me omitir em qualquer tipo de abordagem. Não entramos numa de ‘não falo sobre minha vida pessoal’”, afirmou ele, que, não por acaso, coleciona admiradores.
- Cadinho é um infiel convicto. Concorda que até para ser mulherengo é preciso ter talento?
- Acho que sim, né. Tem que ter disposição e gostar muito de mulher. Além de uma genética, um estado de espírito e a coragem de investir nas relações.
- Os homens costumam dizer que mulheres são muito complicadas. Como você enxerga a mulher?
- Acho que complicada não é a palavra certa. Existe todo um mistério a ser desvendado, toda uma sedução. E tem que estar muito interessado, valorizar a mulher, ter essa vontade de estar perto, tentar entender. Essa é a grande magia da relação entre homem e mulher. No caso do Cadinho, entre homem e mulheres.
- E você acredita que seja possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Como o Cadinho?
- Acredito. Pode acontecer. Sentimento é uma coisa que a gente acha que pode controlar, mas não temos domínio. E não é uma coisa que você procura. Não é que você acorde e pense ‘vou me apaixonar hoje’. Amar é uma coisa mágica. Acontece também de a pessoa estabelecer uma relação a dois, mas de repente se apaixonar por outra pessoa e não se entregar a isso por medo de magoar. Isso pode acontecer durante a vida. Mas até pelos valores morais, acaba-se gerando certa culpa, dor, angústia. Ninguém quer machucar ninguém. E com a novela estamos mostrando outro lado. Cadinho está levando isso sem culpas.
- Como é a reação do público nas ruas? As mulheres e os homens te abordam de formas diferentes?
- O público me dá um retorno incrível. As cenas estão divertindo como um todo. Já ouvi uma pessoa dizendo que chegou em casa com dor no joelho, mas vendo a novela começou a rir e esqueceu. Falam das caras que eu faço... As mulheres brincam dizendo que querem ser a quarta mulher, que é para eu largar as três e ficar com elas... Os homens pedem a receita. (risos) Até as crianças me abordam também. Brincam com as encrencas em que ele se mete.
- E não te dão bronca?
- O máximo que falam é um ‘toma jeito’ ou ‘você está dando exemplo para meu marido’. Mas é bem pouco.
- Acredita que a sociedade ainda é muito machista?
- Olha, eu não sei dizer. Acredito que a gente ainda viva numa sociedade com esses traços. Mas o tempo passa, as coisas se transformam e a gente demora para assimilar. Hoje em dia, o fato de uma mulher ser independente, correr atrás e se envolver com homens mais novos, já é mais aceito. O feminismo se estabeleceu e trouxe novos comportamentos, atitudes de não lidar ou suportar coisas como antigamente. O homem tem que andar no sapatinho. Mas existe o inconsciente coletivo, em que a mulher tem que ser mãe, ter uma família e estar nos padrões.
- Você já viveu a experiência de manter mais de um relacionamento ao mesmo tempo?
- Já tive momentos de estar vivendo o fim de uma relação e de repente surgir outra pessoa que traz uma coisa nova, de ficar dividido por um tempo. Já aconteceu.
- Se tivesse que escolher com quem Cadinho deveria ficar, qual seria sua decisão?
- Muito difícil. (Risos) Torço para que ele fique com as três.
- Como você e a Julia lidam com a questão do ciúme?
- Ciúme acontece, já pintou, tiveram momentos. Só não se pode deixar que interfira na relação e a transforme em um inferno. E isso depende também da maturidade e sensibilidade da outra pessoa. Mas é normal na vida de qualquer casal.
- Assistem às cenas de amor um do outro ou preferem evitar?
- Assistimos todos juntos, um programa bem família, depois do jantar. Julia adora o personagem, se diverte muito e torce. O Miguel também. Ele adora novela.
- Como definiria o atual momento da relação de vocês?
- Existe uma admiração mútua, amor, cumplicidade, carinho pelo que temos e pelo que batalhamos juntos, com momentos maravilhosos e momentos difíceis. Nada que não se supere, que não se possa conversar sobre. Buscamos ter um tempo pra gente também. Enquanto isso está existindo, dá vontade de ficar junto. Não há nada de Cadinho na relação Alexandre e Julia.
- Há um tempo, surgiram boatos de que vocês estariam em crise.
- Procuro responder e não me omitir em qualquer tipo de abordagem. Não entramos numa de ‘não falo sobre minha vida pessoal’. Preferimos conversar e falar quando esse tipo de coisa surge. Ás vezes nem sabemos de onde vêm esses boatos ou se fomos nós que demos vazão a eles. Só que algumas notícias são dadas a partir de uma foto com uma colega na festa da novela, por exemplo, em um momento de abraço, confraternização. Abraço as pessoas sem me preocupar se estou sendo fotografado. E fora do contexto, se torna uma coisa um pouco além do que realmente aconteceu. Aí eu não tenho mais controle. [Alexandre se refere a fotos publicadas em alguns sites em que ele aparecia abraçando uma colega da equipe da novela durante uma festa] O que a gente fala é que crise em qualquer casamento tem, não vamos dizer que não. Se um dia resolvermos nos separar, todo mundo vai ficar sabendo. Mas está tudo bem entre a gente.
- O que mudou no Alexandre de 25 anos atrás para o de hoje?
- Não é que muda, mas surgem outras prioridades. Sou pai de família, com uma vida estabelecida. O importante é manter o garotão de 18, 19 anos, dentro de você. Não reprimir e achar que muitas coisas passaram, acabaram. Isso tudo com sabedoria e equilíbrio. Eu, pelo menos, sinto isso. Gosto de sair para dançar, me divertir, ver uma paisagem, dar um mergulho sem compromisso. Esquecer um pouco as coisas e não levar tudo tão a sério.