O austríaco Egon Schiele (1890-1918) foi um observador obsessivo de si mesmo. Fez cerca de 100 auto-retratos, muitos nus. Se há algo de nacisístico na freqüência, ela também revela muito estudo. Seguidor do conterrâneo Gustav Klimt (1862-1918), causou escândalo com o erotismo de sua pintura. Aos poucos, abandonou a ornamentação típica de Klimt - ela aparece nos motivos geométricos do retrato acima - e fixou-se no essencial. Morto aos 28 anos, Schiele pintou também paisagens e escreveu poesia. Deixou um trabalho vasto, forte e muito corajoso.
Sua época
Duas tragédias abalaram a humanidade na segunda década do século 20, quando Egon Schiele vivia sua fase mais produtiva: a 1ª Guerra Mundial e a gripe espanhola. O artista escapou da primeira, mas foi fisgado pela segunda. Tudo indica que os primeiros casos da doença surgiram em abril de 1918, entre soldados em portos da França. A pandemia estendeu-se até maio de 1919. Acredita-se que tenha afetado metade da população mundial, matando algo entre 20 e 40 milhões de pessoas. Só em São Paulo houve mais de 5 mil mortes.O autor
Schiele nasceu em Tulln, sul da Áustria, filho de um trabalhador das estradas de ferro. Ao entrar para a Academia de Belas-Artes de Viena, aos 16 anos, já pintara vários quadros. Logo conheceu Klimt e se aproximou da secessão vienense. Em 1908, expôs pela primeira vez. Afastouse da academia para criar o grupo expressionista Nova Pintura. Foi morar em Krumau, na Boêmia, de onde o expulsaram por viver com Wally, modelo de 17 anos. Em 1912, passou três semanas na cadeia, acusado de influenciar menores com seu erotismo. Em 1918, a gripe espanhola o matou, três dias depois de ter matado também sua segunda mulher, Edith.