"A saudade existe, é inevitável mesmo" disse o ator sobre ficar longe da mulher, Julia Lemmertz e do filho, Miguel
Nos últimos três anos, o ator Alexandre Borges (48) confessa ter perdido as contas de quantas vezes viajou a Portugal. “Acho que foram umas seis. Daqui a pouco viro cidadão local. As pessoas já estão até se acostumando a me encontrar nas ruas, mas ainda há um impacto com minha presença”, garante, rindo, o galã, que atribui ao trabalho o motivo de suas frequentes visitas ao país. O mais recente deles faz homenagem a dois gênios da arte, um português e outro brasileiro, os poetas Fernando Pessoa (1888–1935) e Vinicius de Moraes (1913–1980). Ao lado do pianista luso João Vasco (35), ele apresenta textos de ambos no espetáculo Poema Bar. “Há um clima informal. O público interage com ar de grandeza durante a apresentação. É uma alegria de ver”, empolga-se Alexandre, que levou a montagem também para a França. O sucesso na Europa vai além dos palcos. O ator está no ar na novela Avenida Brasil e tem sido alvo de elogios por conta da sua atuação. “Meu personagem, o Cadinho, é querido entre os portugueses, mas também com os franceses, que o chamam de Carlitos. (risos) Aqui também virou um fenômeno, é mundial”, festeja.
– O que mais contribui para que você se mostre tão à vontade em Portugal?
– Me sinto em casa até porque já morei no país quando tinha 24 anos, fiquei aqui um ano e meio. Tenho amigos no Porto, em Lisboa... Cada vez que volto, me sinto muito acolhido, sem contar com a proximidade da língua.
– Qual aspecto da vida aqui que o deixa fascinado?
– Tenho conhecido mais a fundo a cultura portuguesa. Às vezes, me deparo com uma construção que é mais velha do que o Brasil. É algo fascinante.
– Sente alguma dificuldade de recitar Fernando Pessoa para os portugueses?
– Eles acham interessante nossa leitura, diferente da deles. Me aproximei mais da obra do poeta quando morei em Lisboa, sempre achei incrível o dia a dia e o humor de Pessoa. Mas os portugueses também gostam do Vinicius, que até hoje é muito popular, não só aqui, mas no mundo.
– Sua mulher, Julia Lemmertz, e seu filho, Miguel, ficaram no Brasil. Como está sendo passar três semanas longe deles?
– Telefone todos os dias. A saudade existe, é inevitável mesmo. Julia, como sempre, é muito parceira, uma companheira que compreende profundamente meu momento e o trabalho que faço. E Miguel está lidando bem com a viagem. Está maior, já completou 14 anos, sabe como é importante que eu me dedique a projetos assim. Quero que algum dia perceba como o pai dele participou de muitas coisas bacanas profissionalmente. Tudo o que faço na vida é em homenagem a eles, que estão orgulhosos de mim.
– Tem vontade de voltar a morar em Portugal?
– Não... Existe um desejo de fazer trabalhos por aqui, até mais longos, em que precisaria passar uma temporada maior. Se rolar, será bacana. Ficarei contente em fazer. É um povo muito receptivo, assim como o nosso.
– Então já tem agendada a sua próxima visita a Portugal?
– Deve ser ainda este ano, no segundo semestre. Provavelmente, também irei a outros países da Europa, mas tendo Portugal como base. Antes disso, devo rodar com o Poema Bar por países da América do Sul, como Argentina e Uruguai. E provavelmente farei ainda uma temporada no Rio.
– A ideia é este ano ficar longe das novelas?
– Ainda não tenho nada certo para a televisão. Mas em agosto estreio o filme Meus Dois Amores, uma comédia romântica baseada na obra de Guimarães Rosa. Farei um personagem clássico dele, o vilão e matador Targino.
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