EDGARDO MARTOLIO

Os dois corações de Faustão

"Faustão jamais se prestaria a nenhuma maracutaia", escreve Edgardo Martolio

Edgardo Martolio Publicado em 27/08/2023, às 19h20

Faustão - Reprodução/ Instagram

Leio em todos os veículos e em todas as mídias, comentários de pessoas ao pé das matérias, criticando o transplante de coração de Faustão. Que furou a fila de 386 pacientes e 18 meses de espera, que pagou uma fortuna, que é mais uma demonstração que o Brasil não tem jeito, que é um país pronto para ricos e poderosos e bla, bla, bla. Parem por aí, senhores e senhoras! Conhecendo ele, Fausto Silva, imagino que só aceitou esse coração porque tudo estava em regra e dentro da lei. Faustão jamais se prestaria (ainda a risco de sua própria vida que é seu bem mais precioso) a nenhuma maracutaia ou falcatrua que prejudicasse outras pessoas.

Conhecendo o funcionamento do hospital Einstein –o melhor de toda América Latina- como eu conheço, também sei que jamais se sairia de protocolo ou permitiria alguma irregularidade ou quaisquer ato ilícito. Estamos frente a dois pilares de moral insuspeitada, regentes de valores e princípios que são exemplo do Brasil que devesse ser em todos seus âmbitos. Suponho mesma coisa do SUS (Sistema Único de Saúde) que conheço menos pero admiro depois que na pandemia atendeu o país do modo que o fez, driblando os obstáculos que o presidente da república colocava em sua rotina de assistência.
Assim, pela transparência que exalam os protagonistas do episódio, acredito que logo serão expostos todos os detalhes, o passo a passo e a documentação demonstrativa dessa operação que salvou a vida de um dos brasileiros mais queridos da atualidade. Como deve ser. Sim, para tranquilizar a população que rapidamente e apoiada na história de favorecimentos sempre mal explicados dos últimos dois séculos, se lançou a criticar apenas soube da notícia do transplante bem-sucedido.

Digo mais, se as pessoas conhecessem o ‘outro coração’ de Fausto Silva, esse que ajudou, ajuda e ajudará sempre a todos aqueles que perto dele alguma vez precisaram de sua generosidade. Seja na hora de ter sua primeira vivenda ou perante o socorro econômico numa emergência, e assim por diante com dezenas e dezenas de funcionários, amigos e parentes. Se soubessem disso que ele sempre fez com discrição e silencio, entenderiam que o coração físico de Faustão não é mais que um pequeno órgão que encobre a anônima grandeza do outro. É desse coração que devêssemos falar. Só desse porque não sei, sinceramente, se conheço alguém que ajude mais o próximo do que ele e o divulgue menos.

*Ex diretor de Caras.

faustão

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