Em cartaz com o espetáculo Ser Artista, ao lado de Leona Cavalli, ator Anderson Muller fala da importância de levar ao público o processo do teatro, desde os bastidores
O espetáculo Ser Artista segue em cartaz no Teatro dos 4, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, até o dia 9 de maio. Na peça, Leona Cavalli (54) interpreta trechos de depoimentos de figuras icônicas do teatro, da televisão e do cinema como Bibi Ferreira (1922-2019), Eva Wilma (1933-2021), Irene Ravache (79), Marília Pêra (1943-2015), Nicette Bruno (1933-2020), entre outras. Ao lado da artista, o ator Anderson Muller (54) interpreta o agente Marcus Montenegro, autor do livro homônimo, escrito também por Arnaldo Bloch. Em entrevista à CARAS Brasil, Muller se aprofunda sobre suas percepções do teatro. “Processo é diferente para cada ator”, diz.
Ser Artista é uma declaração de amor às grandes divas. Trata-se de uma adaptação livre, escrita por Regiana Antonini e Marcus Montenegro, cuja direção é de Beth Goulart (63). Inspirado na trajetória de Montenegro, o texto fala do encontro dele com essas mulheres inspiradoras, que contam um pouco das suas vidas, tanto no campo profissional, como também, seus amores, desejos, medos e novos desafios.
"O grande barato desse personagem, é ele servir essas atriz. Então, acho que o que ele faz, que o Montenegro fez muitas vezes na vida, serviu a todas elas de uma forma linda, digna e de uma forma romântica. Acho que é isso que a gente tenta trazer dessa relação do Montenegro com essas atrizes no palco também, dentro desse jogo atriz-ator-diretor, que a Beth faz esse jogo, né? Então, a gente tenta passar essa coisa de servir tanto em cena - a gente serve os atores de certa forma e, às vezes, a gente é servido. Acho que esse é o jogo que a gente tem. E, ao mesmo tempo, transformar essa paixão, esse amor do Montenegro, não só como empresário, mas também como fã, homem, entusiasta", fala Muller.
O ator revela que teve a oportunidade de trabalhar com algumas dessas atriz citadas no projeto. "Conheci, particularmente duas delas, do convívio com as filhas, com as netas. A Luisa Thiré (atriz, diretora e produtora), por exemplo, é muito minha amiga. Então, a Tônia (Carrero, 1922-2018) é uma pessoa que convivi, fui muito à casa dela, tanto na Lagoa quanto no Jardim Botânico. E trabalhei com a Nicette, Eva Wilma, com Zezé Motta, fiz duas novelas com Marília (Pêra, 1943-2015)", conta.
Para o artista, o principal objetivo do espetáculo é a homenagem. "Acho que o grande barato que a gente fez, a transformação, é levar ao público essa informação do teatro que eles não tem, que é o nosso processo, os nossos bastidores, ao mesmo tempo uma forma muito simples porque eles absorvem, eles entendem o que é piada, onde é para rir, e ao mesmo tempo, acho que a gente quebrou esse lugarzinho que o público tem essa curiosidade, que é exatamente mostrar o nosso processo. O nosso objetivo, neste espetáculo, é apresentar ao público, através dessas grandes divas, dessas grandes damas do teatro brasileiro, que o processo é diferente para cada ator, mas ele existe e ele é desde lá até hoje, e é necessário para nós", ressalta.
"É uma homenagem ao teatro e o teatro, mais do que nunca, está vivo. É só no teatro que você tem o contato direto. E essas atrizes simbolizam o teatro brasileiro", emenda Leona Cavalli, que acompanha a entrevista.
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