Eva Wilma completa 60 anos de carreira e diz receber conselhos de jovens atores

A atriz estreia a peça 'Azul Resplendor' em São Paulo, que retrata de forma crítica a própria classe artística

Thiago Azanha Publicado em 15/07/2013, às 13h03 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

“Para mim, retornar aos palcos é como voltar à escola”, enfatiza. - Marco Pinto

A atriz Eva Wilma completa em 2013 sessenta anos de carreira e oitenta anos de vida. Para celebrar o marco, estreia no próximo dia 20 de julho a peça Azul Resplendor em São Paulo, ao lado de Pedro Paulo Rangel, Dalton Vigh, Luciana Borghi, Luciana Brites e Felipe Guerra.

A história da peça, escrita pelo peruano Eduardo Adrianzén, retrata a vida de atores em cena durante a montagem de um espetáculo teatral. As vaidades, os egos inflados, as ilusões e carência desses profissionais servem como ponto de partida para a narrativa, assim como a contraposição entre os atores consagrados e os jovens talentos em cena.

Eva Wilma recebe troféu no Festival de Cinema de Gramado

"É um humor crítico ao próprio meio artístico, mas com poesia", contou Eva durante a coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (15) na capital paulista. "Durante os ensaios tivemos vários ataques de risos, pois rimos de nós mesmos, das fragilidades dos atores".

Questionada pela Caras Online como lida com o rótulo de mito em meio aos atores novatos, Eva disse que trabalha todos os dias para não ser vista como mito, e que recebe dicas de principiantes.

"Faço um constante exercício para desmistificar o mito, pois todos cometemos falhas e temos as fragilidades. Ainda recebo palpites dos jovens atores principiantes, que trabalham duro para conseguir um espaço no atual cenário artístico do país", afirmou.

Experiências de Eva Wilma e Suzana Pires como homenageadas em prêmio

Eva explicou que poucos atores conseguem trabalho hoje em dia, destacando os "anos dourados" nas décadas de 50 e 60 no Brasil. "A concorrência está muito grande. No passado os atores tinham mais oportunidades de trabalho. Eram realmente os anos dourados da dramaturgia", contou.

A atriz revelou ainda que gosta de trabalhar na televisão, mas diz precisar do teatro, uma vez que "o teatro é a escola do ator". Mesmo prestes a completar oitenta anos, Eva disse ter novos projetos no teatro e que o mais difícil hoje em dia é lidar com as perdas de amigos atores, como Cleyde Yáconis e Gianfrancesco Guarnieri. "Não tem como substituí-los. Eles eram únicos", afirmou.

Eva Wilma aplaude o herdeiro em show

Pedro Paulo Rangel, que atua ao lado de Eva na peça Azul Resplendor, brincou dizendo que, somados, eles têm mais de um século de experiência como atores.

"A Eva tem 60 anos de carreira. Eu tenho 45. Se somarmos, temos mais de um século de carreira. No teatro, podemos estabelecer uma relação profunda e pessoal entre os atores. Já na TV, mesmo ficando no ar durante oito meses com uma novela, o que temos é uma relação superficial com os artistas", disse.

Já Dalton Vigh também elogiou sua parceira de cena, dizendo que é fã de Eva desde os nove anos, quando a assistia atuando na novela Mulheres de Areia, na Globo.

"De vez em quando paro de atuar e fico admirando a Eva. Significa ganhar um prêmio dividir o palco com ela'", contou o ator, que já fez o folhetim Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, ao lado da veterana atriz.

Teatro Eva Wilma Eva Wilma [14780]

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