Entrevista

Zezé Motta fala sobre beleza, vida sexual e autossabotagem

Empoderada aos 78 anos, Zezé Motta afasta velhice e exalta incrível trajetória

Por Mariana Silva Publicado em 26/12/2022, às 09h57

Zezé Motta em entrevista na Revista CARAS - FOTOS: MARCIO FARIAS E MAURA MELLO

Entre as poucas certezas da vida, saber que o tempo passa e a velhice chega é um fato que pode assombrar muitas pessoas, mas não Zezé Motta. Aos 78 anos, a atriz e cantora faz jus à crença de que a melhor idade é sinônimo de maturidade. “Envelhecer? Nunca tive medo disso”, afirma, aos risos.

Em seu lar, localizado no Leme, Rio de Janeiro, ela desfruta da merecida temporada de descanso após cumprir a agenda de apresentações pelo País com o show Atendendo a Pedidos. A estrela aproveita ainda para celebrar a plenitude de uma trajetória de força e orgulho, na qual driblou preconceitos, o racismo e venceu na arte. “Minha casa é o meu templo sagrado, o lugar que mais prezo estar. Faço questão de mantê-la sempre bem cuidada, cheirosa, bonita e enfeitada... Assim como eu”, diz, assumindo uma de suas maiores características: a vaidade. “Antes de nossa entrevista, eu fui para o banho, passei creme e perfume. Amo me cuidar”, entrega a veterana, que já soma 55 anos de carreira e se prepara para, em 2023, voltar aos palcos com o show Zezé Canta Caetano.

– Já deu para perceber: você gosta de se cuidar, Zezé...
– Sou muito vaidosa. Um exemplo: costumo fazer as unhas dos pés e das mãos toda semana, mesmo
quando não tenho compromisso pré-agendado. Gosto de estar sempre pronta. Mesmo se não fosse uma pessoa pública, jamais sairia na rua de qualquer jeito.

– Então o segredo de sua beleza está na estética?
– Não somente. Faço acompanhamento com um personal e treino duas vezes por semana em casa, pois assim tenho mais disciplina. Também costumo fazer massagem e drenagem e sigo uma dieta balanceada. Confesso que eu não resisto a um croissant, mas na minha casa não entra, só como quando eu estou fora! Aos fins de semana, eu ainda costumo fazer uma caminhada. Se eu bobear, os quilinhos vêm...

– Mas, de vez em quando, você se permite fugir das regras?
– Com certeza, e meu maior pecado é o vinho. Dizem que uma taça por dia faz bem, mas é bem difícil parar na primeira taça...

– Aos 78, você é exemplo de vitalidade e autoestima! Nunca teve medo de envelhecer?
– De envelhecer, não. Por outro lado, tinha muito medo da solidão na velhice. Tenho quatro filhos — Luciana, Carla, Cíntia e Robson —, que sempre dizem que não vão me abandonar... Mas pensava também no lado afetivo. Por fim cheguei aos 78 namorando um homem de 63. Acho que não terei esse problema.

– Namorado!
– Sim. Como ele é mais reservado, não vou entrar em detalhes, mas estamos felizes. Hoje sei que não vou ficar sozinha, embora ele more em São Paulo e, eu, no Rio.

– Nesse momento de maturidade, qual a importância de se sentir desejada?
– Confesso que já caí na armadilha da autossabotagem. Muitas pessoas falam que quando eu era mais nova tinha um corpão e, embora eu saiba que não é por maldade, vez ou outra acabo me olhando no espelho, me cobrando por aquele corpo. Ao mesmo tempo, sei que não é disso que preciso para ser feliz. Aprendi que a beleza é uma coisa relativa e não está só no meu exterior.

– Acha que a idade pode prejudicar sua sensualidade ou libido?
– Existe esse mito de que, com a menopausa e a chegada da idade, a mulher perde totalmente a libido. Não é nada disso. Estando com saúde, física e mental, nós podemos ter uma vida sexual saudável e muito ativa.

– Neste ano, você completou 55 anos de carreira. Como enxerga sua trajetória?
– Em qualquer ofício que a gente exerça, estamos cumprindo uma missão. Não é fácil iniciar uma carreira e mantê-la durante tanto tempo. Tenho muito orgulho e muita gratidão, mas sei que não fazemos nada sozinhos...

– As lutas antirracistas te transformaram em uma referência. O que sente sobre isso?
– Eu me alegro pela coragem de nunca me calar, mesmo sabendo que meu posicionamento poderia fechar algumas portas. Saber que sou inspiração, não só artística, mas para diversos jovens negros, me emociona. Sinto que minha luta valeu a pena.

– E essa luta continua?
– Todos os dias. Não só por mim, mas por todos aqueles que, de alguma forma, têm seus talentos desperdiçados por falta de oportunidades e discriminação.

FOTOS: MARCIO FARIAS E MAURA MELLO

Revista CARAS Zezé Motta

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