Musa da canção Garota de Ipanema, Helô Pinheiro abre o coração: ‘Sou uma menina'
Escrita por Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980), a música Garota de Ipanema continua mais atual do que nunca para a musa inspiradora da canção brasileira que consquistou o mundo. Pedindo licença poética aos compositores, aos 80 anos, Helô Pinheiro continua a coisa mais linda, cheia de graça, um menina que vem e que passa, mas cheia de maturidade e sabedoria. “Jovialidade não tem segredo, é ter a alma refrescada, ou seja, um olhar tipo Pollyanna para poder passar pelos obstáculos, além de querer bem ao próximo”, afirma a diva, em entrevista exclusiva a CARAS, na capital paulista.
Ao fazer um balanço de sua trajetória e, mais uma vez, parafraseando a letra da música, nem sempre por onde passou o ‘mundo inteirinho se encheu de graça’. Ainda assim, o saldo é positivo. “É uma história às vezes doce, às vezes salgada, no balanço a caminho da vida. Considero doces minhas conquistas como mãe, jornalista, bacharel em Direito. E considero salgadas algumas situações decepcionantes. Sonhos que não me permitiram realizar como desejava. Sempre me imaginei casada profissionalmente por muitos anos em uma mesma emissora, assim como sou casada há 57 anos”, avalia a eleita de Fernando Pinheiro (83) e mãe de Kiki (52), Jô (49), Fernando (40), além de Ticiane Pinheiro (47).
Apesar de o sonho profissional não ter sido como o planejado, hoje, Helô tem motivos de sobra para sorrir: ela pilota o Alô Helô, na ComBrasilTV.
– Ao olhar para trás, se orgulha de sua história?
– Eu me orgulho de ter representado as cariocas, por meio da minha imagem, para o mundo todo, mas isso demorou a ser divulgado por não termos, na época, essa exposição como hoje.
– Nas redes sociais, você posta fotos fazendo acrobacias, dançando... Se sente uma menina?
– Sim! O meu espírito é infantil e, com isso, fico no mesmo nível das minhas netas quando crianças. Manu, por exemplo, se diverte comigo porque meu lado moleca fica mais aguçado.
– Hoje, a sociedade fala muito sobre o etarismo. Como você lida com a questão da idade?
– Já fui encanada por causa da minha querida mãe, que era divorciada e, para ter pretendente, diminuía a idade. Ela dizia que eu deveria sempre abaixar uns dois anos. Passei por isso, mas amadureci e, hoje, a verdade prevalece, mesmo com essa história do etarismo. Não me sinto com a idade que tenho e acho que é muita para o pouco que vivi. Passa tudo tão rápido!
– Em algum momento sofreu com pressões estéticas?
– Sim! O meu pescoço, por exemplo, incomodava mais os profissionais de estética do que a mim mesma. De tanto falarem comecei a usar lenço para disfarçar, mas anos depois conheci o cirurgião plástico Egídio Martorano, que me aliviou, deixando de lado o lenço. Nele confiei e fiquei grata com o resultado.
– Acredita que a busca pela juventude tem um limite?
– Acredito que tudo na vida tem limite. Não somos uma sociedade ilimitada. A juventude já passou, é evidente que os traços mudam e querer se enganar é se olhar e ‘se achar’. Mas o limite chega e ter caprichos demais estraga. Agora, o espírito jovem faz parte de quem gosta de ser feliz.
– Qual a melhor parte da maturidade?
– É quando você não se preocupa com os outros. Já vivi bem para compreender isso.
– Hoje, como tem sido sua rotina. Trabalha muito?
– É bem tranquila. Após o café da manhã, duas vezes na semana, vou à academia fazer dança, minha paixão nacional. Almoço em casa e trabalho bastante. Tenho minha grife, Helô by Amarras, sou embaixadora da Home Angels e apresento o Alô Helô. O tempo é escasso, pois dou prioridade para ter, pelo menos uma vez por semana, uma folga à tarde para estar com as minhas netas.
– Quando se olha no espelho, se sente uma mulher sensual?
– Pode parecer piegas, mas, de verdade, nunca me senti sensual, aliás, quando eu era jovem e poderia ser mais arrojada, eu era tímida. Tímida ao ponto que, quando Vinicius me revelou ser eu a musa inspiradora da canção, a foto remete bem esse meu comportamento. Cabisbaixa, envergonhada e com uma blusa de gola rolê em pleno calor do Rio de Janeiro!
– Sendo tímida, como lidava com as ‘cantadas’?
– Acho que não entendia bem e até tinha medo. Era aquela história de ter dúvida e não ‘se achar’ para ter privilégios, mas quando eram daquelas diretas, saía com jeitinho. Com um irmão bravo então, o medo era ainda maior.
– Por falar nisso, o sentido da sexualidade e da sensualidade ainda é o mesmo para você ou foi se transformando com o tempo?
– Com o tempo, os fotógrafos foram me despindo deste pudor rígido, orientando uma pose e outra, mostrando o decote ou a fenda na roupa e eu me descontraí. Eles são os culpados!
– A Garota de Ipanema ainda é a mesma da época em que a música foi feita?
– A Garota de Ipanema, hoje, é a Coroa de Ipanema e mais madura. Me sinto mais segura, mesmo com os altos e baixos que a vida nos presenteia.
– Hoje, quais qualidades acha que uma autêntica Garota de Ipanema precisaria ter?
– Ser de Ipanema, não beber, não fumar e ser ligada à praia e ao esporte, sem usar muitos artifícios para chamar a atenção. Quanto mais natural consigo ser, mais admirada.
– Se pudesse voltar ao tempo, o que diria à Helô de 20 anos?
– Que você respeitou mais a vontade dos outros do que a sua própria. Perdeu oportunidades de que hoje sente saudade. Talvez, se tivesse ido mais pela sua cabeça, teria dado maiores condições de vida à sua mãe e até mais admiração por você, Helô.
– Família é sua prioridade...
– Sempre admirava família unida à mesa e pensava: um dia terei meus filhos, genros, noras e a mesa ficará lotada! Minha sogra tinha oito filhos e isso me encantava. Meus pais eram separados, não tinha essa coisa da família Doriana.
– Qual o seu maior sonho?
– Tenho ainda alguns, mas vou registrar que, neste momento, um filme com minha história seria um prêmio para mim. Me imaginei como a Rose, no filme Titanic, só que sentada no bar, que era o Veloso, lembrando das passagens em Ipanema. Começaria comigo lembrando a história com a revelação de Vinicius, que é simplesmente delirante.
FOTOS: SAMUEL CHAVES; BELEZA: MURILO MAURICIO; PRODUÇÃO: MARLEY GALVÃO; AGRADECIMENTOS: SERGIO MATTOS, AMIR SLAMA, HELÔ BY AMARRAS
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