Equilíbrio em tempos de alegrias e de dissabores
O temperamento forte da atriz Rosamaria Murtinho (75) não se reflete na sua aparência e gestos delicados. Naturalmente, ela caminha na ponta dos pés, como se estivesse dançando balé, atividade que fez com afinco durante toda a adolescência e nunca chegou a largar totalmente. “Tenho personalidade, mas gosto de ser feminina”, justifica a intérprete da personagem Magda, de O Astro, na Ilha de CARAS. A trama é motivo de comemoração, pois marca sua volta à TV após quatro anos sem atuar em novelas. “É importante habituar-se com o fracasso e o sucesso na profissão. Ambos vão e vêm”, afirma ela, que completou 58 anos de carreira e terminou no sábado, 30, a temporada carioca da peça O Pacto das 3 Meninas.
Casada há 52 anos com o ator Mauro Mendonça (80), Rosinha, como é carinhosamente chamada pelos amigos, conta que, assim como em sua trajetória artística, também passou por altos e baixos na relação com o marido. Os atores ficaram separados por oito anos, de 1986 a 1994, e, após reatarem, optaram por não compartilhar o quarto. Com essa nova forma de viver a união, ela encontrou a plenitude na vida afetiva e não consegue se imaginar dividindo o mesmo teto com outro homem. “Quando rompemos, Mauro teve a chance de viver com outra pessoa e eu, também, mas decidimos voltar. Não há quem consiga escapar do desgaste”, analisa. “Nós tivemos de reinventar a relação”, acrescenta ela.
Com o marido, Rosamaria conta que construiu a sua base emocional para ser feliz: teve três filhos, o diretor Mauro Mendonça Filho (44), Rodrigo Mendonça (47), que é ator, e o produtor musical João Paulo Mendonça (48), e cinco netos: Vitória (22), Anna Luiza (10) , Pedro Lucas (7), Sofia (6) e Januária (5). “O trabalho nunca foi a coisa mais importante para mim”, assegura.
– Você pode dizer que Mauro é o homem da sua vida?
– Não achava, mas agora acredito que seja. Não viveria casada com outra pessoa. Quando somos mais novos, os questionamentos são inevitáveis. Agora vejo o quanto valeu a pena superarmos a crise. Temos uma trajetória bonita.
– E uma família linda...
– É verdade. (risos) Sou mãezona, coruja mesmo. Quando nós todos conseguimos adequar as agendas, a reunião é maravilhosa. Isso é um presente para mim.
– Crê em casamento ideal?
– Acredito. Não casei para me separar. E nem para ter problemas com o meu marido, como eu tive.
– Você é romântica?
– O Mauro é mais. Às vezes, ele faz surpresinhas, já me deu um anel sem eu esperar. Para os que têm muito tempo de casado, o relacionamento funciona de forma diferente. Principalmente para quem deu um tempo, como fizemos. Quando você volta, retoma a história sob uma nova perspectiva. O que eu implicava, hoje acho engraçado. Mas tem de ter romance, aquela vontade de estar junto.
– Em relação à idade, o passar do tempo a incomoda?
– Já fui bonita, agora tenho muito mais rugas. Mas a velhice não tem importância para mim, detesto mexer no rosto. É claro que, quando estou trabalhando, fico mais ligada à estética. Ponho botox entre as sobrancelhas e preencho o ‘bigode chinês.’ E só.
– Tem medo da morte?
– Tenho. Quando vamos ficando mais velhos, a gente pensa mais nisso. Acho muito chato não estar neste mundo no ano 3 000.
- Com sua personalidade forte, como consegue manter um casamento tão longo?
– Sempre fui independente, cheia de opinião. E o Mauro soube respeitar o meu jeito.
– Mudando de assunto, o que você fez durante o tempo no qual ficou sem atuar nas novelas?
– Eu me dei férias. (risos) Estou há um ano sem fazer ginástica. Fui à Europa, a Miami... Decidi me divertir. Estava “bestando.” (risos) Ah, mas não estive totalmente fora da telinha, fiz participação no seriado Toma Lá Dá Cá.
– Ficou ressentida com a falta de convites para as tramas?
– Uma mulher na minha idade não tem muitos personagens. Mas não me abato com isso. Fico chateada porque sou contratada e quero produzir. Normalmente, para a minha faixa etária, os papéis que restam são de mãe, avó e bisavó. Estou na geração da bisavó. (risos)
– Já manifestou o seu descon tentamento por ter ficado de fora das produções?
– Conheço quase todos os autores e nunca quis constrangêlos. No teatro, é diferente. Não existe preconceito em relação à idade.
– Mesmo sendo classificada como uma atriz ‘veterana’, você continua esbanjando energia...
– A genética é boa, herdei do meu pai, Frederico Murtinho, essa vivacidade. Até quando entrei na menopausa, aos 50 anos, não tive dor de cabeça, nem senti calor.
– Depois de ter passado por altos e baixos na vida pessoal e profissional, como se sente?
– Bastante feliz. Nunca fui ambiciosa. Poderia ter me casado com um diretor ou um autor, mas não, me uni ao lado menos poderoso dessa arte. Casei com quem eu estava apaixonada.
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