RENATA ARRUDA E LÚCIA VERÍSSIMO EM SINTONIA

ELAS UNEM ARTE, POESIA E AMOR PELA VIDA E PROJETAM SUAS METAS NO TRABALHO

Redação Publicado em 13/09/2006, às 16h33

Na cavalariça da Villa de CARAS, em Gramado, Lúcia e Renata observam o efeito da névoa na paisagem e se inspiram para a música, pensando nos próximos projetos -
por Ranieri Maia Rizza A paixão pela música tem sido um elo entre a atriz Lúcia Veríssimo (48) e a cantora Renata Arruda (38). Afinal, foi assistindo a um show de Renata, há um ano e meio, que Lúcia se encantou com o talento da artista e resolveu produzi-la. "Meu Deus, ela é maravilhosa. Após a apresentação, eu disse: você é um fenômeno de palco, de tudo. Fiquei impressionada. Ela toca, faz os arranjos, dança, canta, produz. Ela é incrível!", declara Lúcia, na Villa de CARAS, em Gramado, no Rio Grande do Sul. Ao lado de Renata, a atriz caminhou pelos campos da bela morada campestre e se sentiu à vontade, já que entre suas diversas atividades está também a de fazendeira. Ela administra a fazenda Independência, em Minas Gerais, onde cria cavalos, gado leiteiro e aves, e planta feijão, milho, hortaliças e frutas. Detalhe: Lúcia não come carne e não abate animais. "Lá eles morrem de velho", diz a garota criada no Leblon, também responsável há 26 anos pela Canela Produções Artísticas. A empresa assessora nomes como o do grupo Os Cariocas, referência há 60 anos na MPB e na bossa nova e que tem seu pai, o maestro Severino Filho (78), como fundador. As duas trazem coincidências, como terem iniciado a carreira artística na infância. Lúcia gravou um disco e viu que não era a sua. Já Renata tem uma performance cênica muito forte, e teve várias músicas em novelas como Sangue Latino, em Fera Ferida; Templo, em Vira-Lata; e É Ouro Para Mim, em Andando nas Nuvens. E ambas escrevem muito. "A Lúcia apareceu em uma hora importante. Foi legal ter o interesse de uma artista, uma produtora como ela, pelo meu trabalho", conta Renata. - Como vocês deram início a esta parceria de sucesso? Lúcia - Nós já nos conhecíamos, tínhamos amigos em comum. Aí, fui assistir ao show dela do disco anterior, chamado Por Elas e Outras, no qual interpreta várias compositoras. Ela é uma artista de um talento extraordinário e que já tem cinco discos. Na época, eu estava em turnê com Os Monólogos da Vagina e me preparava para fazer a novela América. Agora, quando ela fez o CD e DVD Pegada, eu estava com mais tempo, pois só produzia Os Cariocas e preparava a minha próxima peça. Então, falei, não é possível, acho que ela nunca foi produzida corretamente. Aí resolvi investir no talento da Renata. Renata - A Lúcia me disse que tentaria que as pessoas me escutassem. E, se isso acontecer, o seu objetivo estará realizado. O primeiro show, no Mistura Fina, no Rio, teve a presença de vários nomes do meio artístico conferindo o meu trabalho, fiquei bem feliz. - Renata, você saiu aos 19 anos da Paraíba e foi para Brasília para tentar a carreira. Como foi isso, você cantava desde pequena? - Se, aos 2 anos de idade, me perguntassem o que eu iria ser, eu respondia que era uma cantora. Eu canto e toco violão desde pequena. Aos 19 anos saí de João Pessoa e fui para Brasília, onde dei os primeiros passos. Considero o meu início profissional em 1988, quando subi em um palco a convite do flautista e mestre do chorinho Altamiro Carrilho (81). A "Divina" Elizeth Cardoso (1920- 1990) estava na platéia e me elogiou. Foi um grande incentivo. - Lúcia, você tem uma carreira de muitos êxitos no cinema, teatro e televisão. Mas também já se lançou como cantora, chegando a gravar um disco... - Eu fazia teatro e fui estudar noTablado. Estreei na televisão em Marina, de 1980, de Wilson Aguiar Filho (1952-1990), a primeira novela das quase 20 que fiz, fora outros trabalhos em televisão, assim como sete longas-metragem e seis peças teatrais. Na música, cheguei a gravar um disco do gênero country, o LV Western, em 1995, mas parei porque eu canto muito mal. E eu só gosto de fazer aquilo em que sou boa. Eu escutei meu pai falar diversas vezes: "Por favor, não canta perto de mim". Eu estudava piano e ele falava: "Acho que você não tem muito jeito para isso." E eu não toco nada bem, piano, guitarra, violão. - Renata, você deve ouvir comentários pelo seu repertório visceral, em canções de Dolores Duran (1930-1959) e Maysa (1936-1977), e em sua atitude roqueira... - Sou dramática, venho de uma época em que a unidade não está no repertório e sim na intérprete. Sou do tempo da Cássia Eller. Viemos na mesma época para o Rio, e eu acompanhei o seu sucesso. Ela faz uma falta absurda. - Escrever é outra paixão essencial nos projetos de vocês, não é? Renata - Eu escrevo por compulsão. Quando vem uma boa idéia na cabeça, já é um bom motivo para pegar a caneta e escrever. Eu não sei se vai virar uma música, se é uma poesia, um texto. Eu não boto obrigação de nada. É uma maneira de colocar para fora meus pensamentos. Lúcia - Já fiz crônicas, artigos políticos e agora escrevi meu primeiro texto de dramaturgia, que está em fase de pré-produção. A peça se chama Usufruto e quem vai dirigir é o José Possi Neto, o que me deixou muito feliz porque ele adorou o texto. É um jogo entre os atores e com a platéia. É um casal em cena, e ainda estou procurando ator que vai contracenar comigo. Pretendo começar em outubro e fazer umas duas apresentações ainda neste semestre para dar uma esquentada. A estréia mesmo fica para o primeiro semestre de 2007. É uma homenagem, um tributo ao Roland Barthes (sociólogo e filósofo francês/1915- 1980), que eu adoro. FOTOS: MARTIN GURFEIN
Ilha de Caras

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