Protagonistas de Sansão e Dalila, Mel Lisboa (29) e Fernando Pavão (40) emocionaram o público durante um mês com as histórias de amor, superação e fé da minissérie bíblica da Record. Mas os atores têm bem mais em comum do que a participação no trabalho, cujo último capítulo foi exibido na quarta-feira, dia 2. Vivendo em São Paulo, os dois precisaram lidar com a saudade da família para se dedicarem às gravações em Minas, no Rio Grande do Norte, Ceará e Rio. Mãe de Bernardo (2), da sua união com o músico Fernando Roseno (28), Mel fez de tudo para dar atenção ao herdeiro. "Dedico muito do meu tempo a ele. Só chamei uma babá há quatro meses. Mas a gente vai administrando como pode. Meu marido me ajuda em tudo", afirma ela.
Já Pavão, que tem Gabriel (2 meses), do casamento com a diretora de elenco da Record, Maria Elisa Pacheco (31), vivenciou a emoção de se tornar pai em meio às gravações da minissérie. "Minha mulher me ligou no meio da noite dizendo que estava indo para a maternidade. Estava no Rio e me mandei para São Paulo. Acompanhei o nascimento. Foi a coisa mais incrível que senti até hoje, algo indefinível", conta. Em bate-papo descontraído na Ilha de CARAS, os dois ressaltam que a participação na minissérie, com investimento de 13 milhões de reais e média de 12 pontos de audiência, chegando a assumir por mais de uma vez a liderança no horário das 23h, foi marcante.
Para encarnar a sensual Dalila, Mel usou um megahair que ia abaixo da cintura. Outro desafio foi esconder cinco das suas oito tatuagens. "Levava uma hora para isso", lembra. Assim como a colega, Fernando também precisou de paciência para se transformar em Sansão, herói do povo hebreu que tem a fonte de sua força nos cabelos. Além de alongar as madeixas, fez intensivo treinamento de musculação. "Com a experiência de ter cabelão, senti como é trabalhoso ser mulher", diverte-se ele, que agora quer curtir férias com a família. Já Mel continua em cartaz com o sucesso Mulheres Alteradas, até o fim de fevereiro, no Teatro Procópio Ferreira, na capital paulista, em que divide o palco com Luiza Tomé (47), Adriane Galisteu (37) e Daniel Del Sarto (35). A montagem é uma adaptação de tirinhas da cartunista argentina Maitena (48), que trata com bom humor situações do cotidiano feminino.
- Como conseguiu conciliar os trabalhos com o papel de mãe?
Mel - Nem sei como. Trabalhei feito uma louca nesses seis meses. Mas sempre faço questão de estar presente no dia a dia do meu filho, de acompanhar tudo sobre ele. Agora, temos uma babá, que nos ajuda. Mas ela só dorme lá em casa quando precisamos. Quem sempre faz tudo sou eu e o Felipe. Prefiro assim. É uma forma de preservar a nossa privacidade. Mas em São Paulo também tem a minha sogra, que é muito disponível. E, no Rio, a minha mãe. Elas nos ajudam.
- Quais as mudanças com o nascimento de Bernardo?
Mel - A maternidade talvez seja a coisa mais importante na vida da mulher. É quando se percebe o próprio amadurecimento. Pensar em outro ser antes de você é de uma generosidade incrível. O mundo é muito individualista. Mas quando se tem filho, isso muda, é a criança em primeiro lugar. As coisas são mais objetivas, claras.
- E você, Pavão, como define a experiência da paternidade?
Pavão - O sentido da vida é outro. Desde a gravidez da minha mulher, já pensava toda hora que tinha que arrumar as coisas dele, o cantinho para ele. Ser pai dá trabalho, mas é um amor que não tem tamanho. Ainda estou em processo de readaptação da volta à casa. Então, Maria me dá um banho nos cuidados com Gabriel. Mas troco fralda, boto para arrotar. Mesmo que não se lembre, vai saber que, quando acordava, era o pai e a mãe que estavam ali. É um vínculo forte que estamos criando.
- A gravidez foi planejada?
Pavão - Após nosso casamento, em 2009, não conseguimos ter lua de mel. Mas, alguns meses depois, viajamos durante um mês para a Europa. Foi aí que o Gabriel foi concebido. Mas já queríamos ter.
- Como foi atuar na série?
Mel - Dalila é cheia de contradições, então, pude fazer algo elaborado. E é muita responsabilidade voltar à TV como protagonista (sua última novela foi Sete Pecados, em 2007). Especialmente em um épico, com história densa. Foi trabalhoso, mas valeu a pena.
Pavão - Para mim, ainda misturou o lado pessoal com o nascimento do Gabriel. Agora estamos colhendo o resultado do trabalho, chegamos a liderar na audiência. É o reconhecimento. Sinto isso também nas ruas. As pessoas me chamam de Sansão. O legal é ver como a molecada gosta dele, por ser herói. E não existe público mais fiel do que o infantil. Os diretores sempre me diziam: "Pensa no seu filho, daqui a dez anos, ele vai estar vendo". E isso me estimulava. Quero que meu menino sinta orgulho de mim.
- E a parceria de vocês?
Mel - Fernando é sério, profissional. E fez um trabalho maravilhoso. Foi bom atuar com ele.
Pavão - A Mel é generosa e, como eu, estava 100% envolvida no projeto.
- Há semelhança entre você e o personagem Sansão?
Pavão - Uma característica que sempre tive, e que se reforçou nas gravações, foi a a fé. De acreditar naquilo que se quer e ir atrás.
- E você, Mel, tem alguma característica da Dalila?
Mel - Na verdade, não me pareço em nada. Mas Dalila tem muitas coisas que admiro, como a força, a determinação e uma enorme capacidade de superação. Sem dúvidas, aprendi muito. Às vezes, a vida nos conduz a situações difíceis, em que nos acomodamos. Dalila não se entrega.
- Seu papel na minissérie foi provocante, sensual...
Mel - É, mas não tenho nada desse jeito sedutor. Ela usa isso de forma racional, arquitetada, para conquistar o que deseja. Cada movimento, olhar, é planejado. O único momento em que deixa se levar pela emoção é quando se relaciona com o Sansão.
- E como avalia o êxito da peça Mulheres Alteradas?
Mel - É a minha décima peça profissional e meu primeiro sucesso no palco. A comédia é especial, de muito bom gosto. Tem uma banda em cena e a gente faz a trilha sonora ao vivo. Estamos há seis meses em cartaz com a casa lotada. E ainda vamos para o Rio. Me sinto realizada quando vejo as pessoas saindo do teatro, alegres, comentando a montagem. Nunca tinha vivido isso.