Autor de mais de 50 livros, sempre incensados pela crítica, e desde 2000 o escritor brasileiro mais vendido no país,
Luis Fernando Verissimo (70) não é apenas um fenômeno literário. Em visita à Villa de CARAS, em Gramado, ele mostrou que é craque também na música. E deu um show à parte. À frente da banda Jazz 6, magnetizou os convidados tocando no saxofone clássicos como
Four, de
Miles Davis (1926-1991), e
Blues for Girl, de
Gary Campbell. "
Não me considero um músico. Sou um metido a músico, mas amo tocar. Se eu pudesse escolher entre só tocar ou só escrever, escolheria tocar", disse Verissimo, após a apresentação que marcou a tarde de queijos e vinhos promovida pela Polenghi.
Ao contrário do que muitos imaginam, a música surgiu muito antes do que a escrita na vida de Verissimo. Embora filho do escritor
Érico Verissimo (1905-1975), autor da antológica obra
O Tempo e O Vento (1949), entre outras, ele descobriu o jazz e o sax aos 16 anos, quando se mudou com a família para os Estados Unidos. Desde então, nunca mais parou de estudar música, enquanto seu outro dom, o literário, só aflorou aos 31 anos. "
Ao chegar nessa idade e perceber que não tinha dado certo em nada, resolvi tentar a sorte como escritor a partir do convite de um jornal de Porto Alegre", costuma dizer Verissimo, omitindo que aos 14 anos criou o jornal
O Patentino, apenas com notícias sobre sua família, que era colado no banheiro de sua casa. E apesar da consagração com livros como
A Comédia da Vida Privada (1994),
A Comédia da Vida Pública (1995) e
O Analista de Bagé (1981), além do prêmio Jabuti 2001 de Melhor Livro Ficção Eleito pelo Júri Popular, com
Borges e os Orangotangos Eternos, e o prazer musical, ele não esconde que tem uma paixão maior. "
A primeira e mais importante é a minha mulher, Lúcia Helena, com quem sou casado há mais de 40 anos e tenho três filhos, Fernanda, Mariana e Pedro", explicou ele.
O apego à família, no entanto, não ofusca a ligação de Verissimo com a arte. E foi com muito bom humor que ele provou isso ao subir ao palco, acompanhado pelo trompetista
Luiz Fernando Rocha (61), o tecladista
Adão Pinheiro (69), o contrabaixista
Jorge Gerhardt (55) e o baterista
Gilberto Lima (55). "
Este é o menor sexteto que já conheci", disse, referindo-se ao nome da banda Jazz 6, criada em 1995 e hoje composta por apenas cinco integrantes. "
Aliás, o Verissimo também já tocou no maior sexteto já visto. A primeira banda dele levava o nome de Renato e Seu Sexteto e tinha nove integrantes", completou Jorge. "
No início da Jazz 6 nós éramos em seis sim, mas aí um saiu e ficamos nós cinco. Preferimos manter o nome inicial", explicou o saxofonista.
Mas não foi só Verissimo que mostrou seus dotes na tarde musical.
Zezé Motta (62), que recebeu o Troféu Oscarito como a grande homenageada do 35o Festival de Cinema de Gramado, deu uma canja no espetáculo e soltou a potente voz nas músicas
A Noite do Meu Bem, de
Dolores Duran (1930-1954), e
Trocando em Miúdos, de
Chico Buarque (64). "
Fui pega de surpresa, nós não combinamos nada. Mas depois da primeira, você quer cantar mais e mais... Eles são o máximo, acho que já podemos gravar um CD juntos", brincou Zezé. "
Foi um presente cantar ao lado de Verissimo, não acreditava. Nunca tinha falado com ele pessoalmente, mas sempre fui muito fã do seu trabalho. Ele é uma gracinha e toca muito. É modesto quando diz que é o único da banda que não é músico", derreteu-se Zezé, que se define como uma 'cantriz', mistura de cantora e atriz, e acaba de estrear o musical 7, no Teatro João Caetano, Rio.
O encantamento com a faceta menos conhecida de Verissimo não se restringiu à sua mais recente companheira de palco. Emocionados, os convidados que assistiram ao show não paravam de aplaudir e de agradecer à banda pela tarde. "
A gente tem o Verissimo tão forte no nosso imaginário como escritor, que se surpreende ao vêlo tocar. Cheguei a pensar que veria um amador, mas levei um susto. Ele é profissional, sim", confessou o ator
Ricardo Macchi (37). "
Outra coisa fascinante foi a humildade e a simplicidade dele, o jeito como se apresenta, deixando de lado toda sua importância na literatura", completou o ator. "
O que dizer dele? É um gênio das letras e um grande músico. O show foi maravilhoso. Foi um enorme prazer assistir a essa banda tão equalizada. Eles parecem ser muito amigos, devem ter uma ligação forte. A Zezé cantando foi outro momento inesquecível", comentou
Anderson Müller (37) com a também atriz
Leona Cavalli (35).
A Jazz 6, que no próximo mês lança seu quarto CD,
Four - os primeiros foram
Agora é a Hora (1997),
Speak Low (2000) e
Bossa do Jazz (2003) -, conquistou a admiração até mesmo de músicos profissionais, caso de
Emerson Sperandio (35), namorado da apresentadora
Renata Boldrini (35). "
Me sinto um privilegiado por estar aqui ouvindo essa banda. Eles tocam de uma maneira tão tranqüila", observou Emerson, atualmente na equipe de som de
Lulu Santos (54). "
Passei a gostar muito mais do Verissimo, até porque sou grande fã de jazz. Esse show é uma festa para os nossos ouvidos. Espero apreciá-lo muitas outras vezes", completou Renata, que rapidamente obteve resposta do saxofonista. "
Sempre fazemos shows aqui, no interior gaúcho. Também vamos bastante a São Paulo e ao Rio... já fomos até para Fortaleza. Daqui a pouco vamos parar em Nova York", brincou Verissimo, arrancando risadas de
Jonas Bloch (68) e
Felipe Camargo (47). "
Admiro muito ver pessoas tocarem tão bem como os músicos que formam essa banda, sempre quis aprender algum instrumento, mas não tenho vocação", confessou Felipe.
Após a apresentação, músicos, atores e vips se encontraram no Living Polenghi Sélection para degustar queijos e vinhos. A roda em torno de Verissimo logo ganhou novos adeptos, como a filha de Zezé, a atriz e bailarina
Nadine Abreu (30). "
Foi lindo ver minha mãe cantando. A voz dela é maravilhosa e o som da Jazz 6 é incrível. Foi perfeito", elogiou Nadine. O escritor aproveitou então o momento de descontração para agradecer ao público. "
Foi um prazer estar aqui fazendo este show para vocês. A platéia foi ótima e o cenário, perfeito", emocionou-se Verissimo.