Irène Jacob

A arte dá o equilíbrio à vida da estrela francesa

Redação Publicado em 21/03/2011, às 21h26 - Atualizado às 21h28

Pés descalços, Irène, Melhor Atriz em Cannes em 1991 com A Dupla Vida de Véronique, vibra com a viagem à Ilha e se diverte na traineira. - CADU PILOTTO; BELEZA: DUH ;PRODUÇÃO: ANA LUIZA VEIGA E CLAUDIO LOBATO; AGRADECIMENTO: HECKEL VERRI
O estilo pensativo e melancólico - ela corrige para lírico -, que marcou o início da carreira no cinema de Irène Jacob (44), pouco se viu durante sua estada em Angra dos Reis. Sorridente e falando rapidamente, a atriz francesa explicava que se sentia muito confortável na terceira visita ao Rio. Dessa vez, para divulgar a produção franco-brasileira Rio Sex Comedy, que estreou em fevereiro nas telonas da França, mas ainda sem data para entrar em cartaz no Brasil. "Já vivi aqui momentos extraordinários da minha vida. Há dois anos, vim com meu marido e meus filhos para rodar o filme. Quando o mais velho soube que eu iria voltar, pediu: 'mãe, me traz um suco de fruta de presente?' Ele adorou tomar suco de manga", contou Irène, casada há 11 anos com o ator Jérôme Kircher, pai dos seus dois filhos, Paul (8) e Samuel (5), e com quem ela contracenou no longa. "Infelizmente, ele não con seguiu vir porque está no teatro. Ficou desolado", com ple tou a atriz, uma das mais destacadas de sua geração, ganhadora do Fes tival de Cannes em 1991 por A Dupla Vida de Véronique, do polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996). Além da simpatia, Irène chamou a atenção por cantarolar em vários momentos. A atriz, que estudou no Conservatório de Música de Genebra, quando morou com os pais na Suí ça dos 3 aos 18 anos, lança no mês que vem o álbum Je Sais Nager, em parceria com o irmão, Francis Jacob. "Ele passou um ano aqui. Voltou para a França levando muita coisa boa, João Bosco, Cartola, Chico Buarque, Elis Regina, Tom Jobim... Adoro a música deste País. Viajo pelas regiões por meio das canções", afirmou a estrela, intérprete de uma professora de piano em seu début no cinema no premiado Adeus, Meninos (1987), de Louis Malle (1932-1995). Ela fez ainda A Fraternidade é Vermelha (1994), também de Kieslowski, e Othello (1995), de Oliver Parker (50), entre outros clássicos. - O sucesso a deixa mais feliz? - Não sei a que sucesso você está se referindo, mas quando se faz um filme, uma peça de teatro, qualquer produção artística, damos às pessoas o que esperamos que amem receber. Senão, é uma grande pena. Se há essa troca, independentemente do público, já é um sucesso, porque há esperança, trabalho, tempo de vida envolvidos em um projeto. Realizar qualquer coisa que possa ser compartilhada me traz felicidade. - Em Rio Sex Comedy, seu marido faz o papel do seu amante. É difícil contracenar com alguém que seja tão próximo? - Eu e Jérôme nos encontramos quando fizemos teatro juntos. Já estivemos juntos em várias montagens e também atuamos separados. Mas é sempre muito agradá vel estar com ele em algum trabalho, como nesse filme, que nos proporcionou a aventura de vir para cá. - Foi tranquilo rodar cenas sensuais com ele? -Foi engraçado, mas gostei do resultado. O filme tem picardia e a sexualidade é abordada, sim, mas não de forma voyeurista. - Você foi chamada para fazer Proposta Indecente, de Adrian Lyne, recusou e o papel acabou sendo um sucesso na carreira de Demi Moore. Se arrepende? - Na época, estava com projetos em andamento. Não me arrependo da minha opção. - Você se acha sensual? - Não sei, realmente. A sensualidade da mulher tem a ver com o jeito de se movimentar, dançar, vestir-se, com a voz. A brasileira, por exemplo, em geral, tem uma graciosidade ímpar ao falar e cantar; é melodiosa. Sensual é tudo o que toca os sentidos. - Você já atuou em muitos filmes densos e em comédias. Existe alguma fórmula para conseguir fazer os outros rirem? - Acho que esse dom é um dos maiores presentes que pode ser ofertado a uma pessoa. Não sei se sou uma grande humorista, mas adoro a comédia. Quando encontro alguém que me faz rir, isso desperta em mim um enorme prazer de viver, leveza e, também, paradoxalmente, profundidade. Porque o riso, estranhamente, nos conduz ao essencial dentro de nós.
Ilha de Caras

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