OPÇÃO PELO CASAMENTO E MATERNIDADE NÃO IMPEDE O BRILHO DA VENCEDORA DO KIKITO DE MELHOR ATRIZ
por Ranieri Maia Rizza
Quando saiu de casa para ver o show da banda Cidadão Quem no Rock in Rio 3, em 2001, a atriz
Ingra Liberato (40) não imaginava que estaria aplaudindo seu futuro marido, o vocalista gaúcho
Duca Leindecker (37). Muito menos que, poucos meses depois, mudaria de endereço e de vida. Há seis anos a baiana Ingra, que ficou famosa como a protagonista da novela
Ana Raio e Zé Trovão, exibida em 1990 na extinta TV Manchete, mora em Porto Alegre. Na capital gaúcha, realizou o sonho da maternidade.
"Após conhecer o Duca, decidi ter uma família. Ele e o meu filho passaram a ser tudo para mim", contou ela, referindo-se a
Guilherme (4).
A saída do eixo Rio-São Paulo, o que para muitos pareceu um 'suicídio profissional', acabou trazendo para a vida de Ingra, além da satisfação pessoal, o maior prêmio de sua carreira. Ela acaba de ganhar o Kikito de Melhor Atriz no 35º Festival de Cinema de Gramado por sua interpretação como Valéria, no longa
Valsa para Bruno Stein, de
Paulo Nascimento (43).
"Esse prêmio acrescenta felicidade à minha vida, em casa e na profissão. Não posso deixar de dedicá-lo ao Duca e ao Gui", disse ela, na Villa de CARAS, serra gaúcha, enquanto celebravao reconhecimento e se preparava para subir aos palcos de Porto Alegre, em outubro, com a peça
Uma Pela Outra, de sua autoria.
- Você foi convidada para viver a Valéria dez dias antes das filmagens. Como conseguiu ainda assim uma atuação premiada?
- Eu estava nervosa quando assisti ao filme em Gramado. Afinal, a preparação do personagem foi feita durante a filmagem. Mas tive uma sintonia de atuação, de olhar, com o
Walmor Chagas, que faz o protagonista, e com o elenco em geral. Fiquei feliz quando vi a platéia reagindo durante a sessão. E o Kikito é um dos prêmios mais antigos e tradicionais do Brasil. As pessoas estão me parabenizando até no supermercado e na academia! O que é uma novidade. Quando fazemos cinema, estamos acostumados a ser reconhecidos apenas durante a sessão.
- Você acha que seu Kikito prova que as oportunidades de trabalho estão melhores para quem mora longe do eixo Rio-SP?
- Na verdade, eu nunca vi a minha mudança como um obstáculo profissional. Até porque eu morei tanto em São Paulo como no Rio e nessa época viajava muito para outras cidades para fazer cinema ou teatro. Também fiz a novela
O Clone, em 2002, morando aqui.
- Então o Kikito não a faz pensar em voltar ao Rio em busca de novos trabalhos?
- Gosto muito da qualidade de vida aqui no Sul. Além do mais, adoro a família do Duca. Não apenas fiz a minha família aqui, como ganhei a dele.
- Você estreou no cinema aos sete anos, no curta Ementário. Pensa em um dia dirigir?
- Sou muito apaixonada por cinema. Na verdade, essa é minha fonte de inspiração para tudo que faço. Seja TV, teatro ou o próprio cinema. Até na minha vida o cinema exerce forte influência. O filme é quase um livro. Você pode mergulhar em um personagem ou em uma cultura e sair dali como se realmente tivesse vivido aquela experiência. Também gosto muito da forma como o cinema é feito. Não me importo em ficar horas esperando a preparação de um plano a ser rodado. Fico me alimentando do cenário, das pessoas, vou entrando no clima para na hora não ter que fabricar nada artificial. Fica tudo mais verdadeiro. É uma delícia! Por enquanto, não penso em dirigir. Tenho ajudado o Duca, que tem feito clipes e curtas, mas ainda estou muito fascinada com a experiência de dar vida a personagens para querer mudar de lado.
- Quando fez Ana Raio, você alcançou o sucesso rápido. Isso mudou sua vida?
- No meu caso, acho que o sucesso realmente aconteceu cedo. Tinha começado no teatro e em dois anos protagonizei uma novela. Estava tão despreparada que resolvi parar com tudo. Acredite se quiser. Fiquei alguns anos longe. E quando voltei, quatro anos depois na novela da Globo
Quatro por Quatro, estava bem mais tranqüila e amadurecida. Não me arrependo.
- Quando casou, se mudou e engravidou, você pensou em trabalhar em outra profissão?
- Sou filha de um artista plástico com uma escritora. Ser artista para mim é normal, até porque todos os amigos dos meus pais eram. Isso ficou dentro de mim e me acompanha até hoje. Além disso, o fato de o Duca ser músico, reforça ainda mais e isso facilita nossa relação. Ambos sabemos que precisamos estar em constante construção de uma carreira, em uma eterna busca por trabalhos significativos. Assim entendemos melhor o momento de ausência do outro.
- Você sonha com mais filhos?
- Por enquanto não. Sou a mais velha de cinco irmãos, ou seja, cresci em uma casa com muita gente, mas hoje estou me dedicando ao Guilherme.
Agradecimentos: Andarella, Carroline Rossato, Farm, Skunk e Wish. Coordenação de produção: Claudio Lobato. Produção: Mirian Fonseca.
FOTOS: CADU PILOTTO
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