Edson Cordeiro e suas paixões

Edson Cordeiro fala de sua trajetória musical e do desejo de casar

Redação Publicado em 11/09/2012, às 12h34 - Atualizado às 23h55

Na Ilha de CARAS, o cantor mostra a tatuagem em homenagem a Maria Callas. - Cadu Pilotto

O rosto da diva lírica americana Maria Callas (1923-1977) tatuado no braço só reforça a verdadeira veneração que Edson Cordeiro (45) tem pela música. Filho de um mecânico com uma bordadeira, ele iniciou sua trajetória ainda na infância, no coro de uma igreja evangélica em Santo André, São Paulo. A vocação mais tarde o levou aos mais renomados palcos europeus. “Com 6 anos cantava no coral Cordeirinhos do Senhor, que frequentei até os 16. Não sigo mais a religião protestante, no entanto, foi a igreja que me fez perceber o que eu queria ser. Com dez álbuns lançados e reconhecido no Brasil, e fora dele, sinto-me, sim, realizado”, garantiu, na Ilha de CARAS. Radicado há cinco anos em Berlim, Alemanha, o versátil contratenor atualmente divide-se entre as turnês com seus shows de jazz e os planos para seu casamento com o ilustrador e artista plástico alemão Oliver Bieber (44). “Demorei a encontrar alguém desde que me mudei, mas valeu a pena. Estou apaixonado. Oliver me faz transbordar amor, ele é tudo o que eu sonhava”, suspirou.

– Por que decidiu mudar-se para a Alemanha?

– Fiz a primeira turnê europeia em 1994, começando pela Alemanha. Fui recebido pela crítica e público de maneira muito forte, e passei a ir todos os anos. Então, por já ter uma carreira consolidada no Brasil, decidi focar meu trabalho lá. Mas não me considero um exilado cultural. Ganhei dois discos de ouro no Brasil. Acho muito triste ver artistas saindo da terra natal para fazer sucesso fora. Graças a Deus, fui aceito primeiro pelo meu povo.

– O público na Alemanha é muito diferente?

– Ele sai de casa para ver um show. Já o público brasileiro sai para ver e fazer o show. (risos) O alemão é mais silencioso. Muitas vezes, as pessoas ficam mais caladas após a apresentação e isso pode parecer descaso ou insatisfação. Mas, na verdade, é êxtase. São dois temperamentos completamente diferentes, porém, que me agradam da mesmíssima forma.

– A adaptação foi difícil?

– Os clichês de que eles são frios e têm honestidade acima de qualquer suspeita caíram por terra para mim. Conheci pessoas infinitamente ternas, simpáticas e carinhosas, como o meu namorado. Mas, infelizmente, também tive contato com gente mau-caráter, que só me ludibriou. Pessoas que trabalhavam em shows comigo e me decepcionaram muito. Um pouco por culpa da minha inocência, acreditava em tudo. Quanto ao idioma... Uma vida inteira é pouco para aprender alemão. (risos) Falo e entendo, porém, ainda sigo aprendendo.

– Como aconteceu o encontro de você e Oliver?

– Em um café, em Hamburgo. Conversamos um pouco e já nos apaixonamos. Estamos há um ano e oito meses juntos. Demorei tanto tempo para encontrar alguém... Ele é uma pessoa doce, generosa. Cuida da mãe, que é doente, com todo carinho e dedicação do mundo. E isso não é muito comum na Europa, as pessoas lá são mais independentes. Fora que é um homem muito inteligente. Essas características me comovem e me fazem admirá-lo cada vez mais.

– Vocês planejam casamento?

– Eu quero para usufruir os direitos que o país oferece, já que a união entre homossexuais é permitida. Na verdade, ver meu casamento é um sonho da minha mãe, Odete Lima, já que tenho três irmãs e nenhuma delas subiu ao altar ainda. (risos) E Oliver quer muito ter o meu nome.

– Ele já conhece o Brasil e a sua família?

– Ainda não. Aliás, ele ama palmeiras. Sempre diz: ‘Queria tanto ver as palmeiras do Brasil’. Acho que ele vai ficar louco.

– Qual o momento mais marcante da sua carreira?

– Foi quando o meu pai, Gentil Cordeiro, que morreu em 2009, subiu ao palco comigo para cantar a música Saudade da Minha Terra, que gravei em homenagem a ele. Foi em meu terceiro álbum, Terceiro Sinal. Tínhamos uma relação muito difícil, tumultuada mesmo. Ele era alcoólatra e nutria o sonho de que eu iria salvar a família jogando futebol, tanto que me chamo Edson porque ele era fã do Pelé. Só que, além de não gostar de jogar futebol, sou homossexual. Com o tempo, sua frustração amenizou. Quando o convidei para cantar comigo a canção que ele adorava, senti que me perdoou.

– Além da igreja, teve algum outro incentivo musical?

– Sim. Depois que me desliguei da religião, aos 16 anos, fui fazer teatro. Minha primeira peça foi A Turma da Mônica, interpretei o Chico Bento. (risos) Viajei o Brasil todo, foi uma delícia. Depois, fiz alguns musicais, shows e segui de vez a arte.

– Hoje tem alguma religião?

– Até canto gospel, mas não sigo religião. Sou completamente agnóstico. Mas aprecio o movimento afro-brasileiro, acho bonito.

– Como você cuida da sua voz?

– Não se cuida da voz sem cuidar do corpo. Por isso, hoje, não bebo álcool nem fumo. Ou seja, não vivo! Parei de fumar há quase dez anos porque me sentia culpado quando as senhorinhas me cumprimentavam dizendo: ‘Deus abençoe sua voz.’ Elas tinham essa imagem sagrada. Mudei o comportamento e hoje estou mais feliz. Sem vícios, sou livre para fazer o que quero. E isso é o verdadeiro barato. Existo para cantar. Tudo o que como, bebo, a maneira como respiro, visa preservar ao máximo meu instrumento de trabalho. Quero estar como Bibi Ferreira, cantando aos 90 anos. Vi Cauby Peixoto há pouco, inteiro. Ney Matogrosso também possui um timbre lindo.

– Como mantém a forma?

– Caminho muito, em Berlim há muitas praças e lagos inspiradores. Acho que estou bem!

– Mas isso também deve ter a ver com uma boa alimentação...

– Como sou rigoroso, já que não fumo, não bebo e não saio muito, me dou alguns luxos gastronômicos. Como queijos e bebo muito leite, o que pode prejudicar um pouco a voz. Mas, no geral, busco a alimentação mais saudável possível. Meu cardápio tem sempre arroz integral e salada.

– Está por dentro dos segredos da gastronomia alemã?

– Sinceramente, sei cozinhar para sobreviver. Nem para o Oliver tenho muita coragem de fazer qualquer tipo de comida.

– Quais são seus projetos?

– Continuar trabalhando. Estou em turnê com meus shows de jazz e devo gravar em Novembro o especial de Natal que irá ao ar em dezembro, na Alemanha e na Áustria. No fim do ano, volto ao Brasil para alguns shows.

Ilha de Caras

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