por Carlos Lima Costa
O filme
Juventude, novo trabalho de Domingos Oliveira (71) - em que, além de dirigir e atuar, ele assina o roteiro e a trilha sonora - não chega a ser biográfico. Mas, para contar a história de três amigos que realizam um balanço de suas vidas, o consagrado cineasta mesclou ficção com fatos reais. A trama se passa 50 anos após os personagens encenarem no colégio a peça
A Ceia dos Cardeais. E, para escrever o roteiro, Domingos levou em conta sua vivência pessoal e a de seus dois companheiros de cena,
Paulo José (71) e
Aderbal Freire-Filho (67). "
Mas é um filme de imaginação", insiste. O longa estréia ainda este ano e teve a primeira exibição no 36º Festival de Cinema de Gramado, onde Domingos conquistou os prêmios de Melhor Diretor, Roteiro, Montagem e o Especial de Qualidade Artística. Bem-sucedido também na vida pessoal - é casado há 26 anos com a atriz
Priscilla Rozenbaum (48) - , ele se orgulha por não parar. "
Sempre tenho projetos e vivo em busca de dinheiro para realizá-los", diz o diretor, que está adaptando para o teatro o livro
Elite da Tropa, de
Luiz Eduardo Soares (54),
André Batista e
Rodrigo Pimentel, que inspirou o filme
Tropa de Elite.
- Após fazer o balanço de sua vida, a que conclusão chegou?
- É o terror e a glória sempre. Sofre-se muito. Mas vale a pena. Sou otimista convicto. Tiro o melhor de cada momento, mesmo se estou deprimido. Vivo cada dia como sendo o último. E não poderia ter sido melhor, poucos arrependimentos. O maior foi não ter aprendido a sapatear. Não admito que ninguém diga que tem a vida mais feliz do que a minha.
- O que o diverte fora do ambiente de cinema e teatro?
- Poderia dizer 'nada', porque me divirto no trabalho. Mas é quase nada. Meus netos (
Clara, 7,
Laura, 5,
Gabriel, 3, e
Isabel,1, filhos da atriz
Maria Mariana, 35). Às vezes, invento desculpa e fujo de compromissos só para ir ao cinema ver o
Homem Aranha, algo assim. Gosto de jogar xadrez com quem joga mal, senão perco. Adoro ir a cassinos. Fico doido com bola de roleta. Mas Priscilla me controla, senão perco fortunas.
- Qual o segredo da união?
- Poderia dizer que ela é generosa, bonita, me ama, leva a sério o que digo. Mas isto é indefinível. O que uma boca ou olhos têm que outros não têm? Ninguém explica. Agora, não nego que ela é a mulher da minha vida. A amo profundamente. E, como qualquer um, de vez em quando temos vontade de separar. O casamento, às vezes, é asfixiante. Então, propomos ter um casamento aberto. Mas, na hora agá, não fazemos nada porque nos amamos.
- O que gera estas crises?
- Tem esse problema de trabalharmos e convivermos muito. E temos a necessidade de estar com outras pessoas. Por outro lado, é uma delícia trabalhar com minha mulher. E, após um dia exaustivo, chegar em casa com muita vontade de fazer amor.
FOTOS: Liane Neves e Selmy Yassuda