O olhar curioso, os pés descalços e o sorriso fácil entregam a simplicidade do astro norte-americano Bill Pullman (57). "Não me deslumbrei com a fama. Sou o mesmo que nasceu na cidadezinha de Hornell, em Nova York", afirma o ator, que não tem vergonha de falar sobre suas fragilidades e demonstrar euforia quando fotografa as belezas naturais brasileiras. "Coisas bonitas precisam ser exaltadas", justifica ele, estrela de filmes como Enquanto Você Dormia, O Culpado e Independence Day. Ao todo, são 59 longas, a maioria comédia, em 25 anos de carreira. Ano passado, Bill rodou no Brasil Rio Sex Comedy, ainda sem data de estreia definida.
O ator avalia que essa dedicação exclusiva ao trabalho tem sacrificado a sua vida pessoal. Mas nem por isso reclama. "Que casamento é perfeito? Toda relação tem seus altos e baixos. Temos as nossas diferenças, mas vamos superando", avalia ele, referindo-se à dançarina Tamara Hurwitz, com quem se relaciona há 23 anos e tem três filhos, Maisa (20), Jack (19) e Lewis (15). "Filmar muito acaba dando saudade de casa", pondera o ator, que é apontado por todos como o mais engraçado do clã. "Meu humor fica ainda melhor perto deles", acredita.
- Mesmo ausente, qual o segredo para ter uma relação estável?
- Para mim, um relacionamento só é duradouro quando há respeito mútuo e consideração. A confiança é tudo.
- Acredita em alma gêmea?
- Esse termo é delicado. Mas acredito que sim. Sou casado há tanto tempo...
- O que admira em Tamara?
- O companheirismo, principalmente. Ela me apoia em tudo o que faço. Mesmo que para isso eu precise ficar distante deles.
- E o que o chateia nela?
- (risos) Não é que fique muito chateado, mas ela é mais devagar que eu. Quando estou em casa, de folga do trabalho, faço o possível para ser um bom marido. Gosto de passear com eles, e a Tamara é mais caseira. Estamos sempre negociando. Mas não somos um casal de brigas, e sim de conversas.
- Você é romântico?
- Romântico está no olho de quem vê. Acho que sou.
- Como assim?
- Valorizo os pequenos gestos. Escrevo declarações de amor.
- Pensam em ter mais filhos?
- O que é isso? (risos)
- Qual o desafio de ser pai?
- É deixá-los resolver os seus problemas sem me intrometer.
- Como você consegue conciliar a família e seu trabalho?
- Não é fácil. Mas tenho filhos e mulher compreensivos.
- Pensa em trazê-los para visitar o Brasil?
- Minha filha, Maisa, esteve aqui. Ela canta e estava estudando em Buenos Aires e veio me ver no Rio. Quem sabe, em uma próxima oportunidade, todos venham comigo ao Brasil?
- Do que mais gosta aqui?
- Aprecio as belezas naturais, o espírito hospitaleiro de vocês, a forma como tratam todos iguais. As frutas também são incríveis. Amo caju e abacaxi... Não posso esquecer da feijoada. Que delícia!
- Você sofreu um acidente aos 21 anos e perdeu parte da sensibilidade do paladar. Como aprecia tanto a culinária?
- É justamente pela textura do alimento. É difícil explicar para quem não tem o paladar 'ferido.' Mas acredite, mesmo com essa perda, sei apreciar uma boa comida.
- É um bom cozinheiro?
- Minha mulher é mais. (risos)
- Tem alguém que cozinhe como ela no Brasil?
- A culinária daqui é ótima, mas tenho de dar preferência a ela. (risos) Tamara ficará com ciúmes se eu falar ao contrário.
- Que lugares visitou no Rio?
- Lapa, Santa Teresa... São lugares muito divertidos. Adorei.
- Qual parte do País tem vontade de conhecer?
- Vários, a Bahia, por exemplo. Vi em fotos na internet que todo o Nordeste tem praias lindas.
- Que palavras aprendeu a falar em português?
- 'Obrigado', 'boa noite', 'bom dia', 'abacaxi', 'caju'... E uns palavrões que é melhor não falar...
- Que ator brasileiro admira?
- Assisti a filmes brasileiros muito bons. De Cidade de Deus a Tropa de Elite. Sou fã do Wagner Moura. Pode ter certeza, ele é respeitado internacionalmente.
- Nas filmagens de Rio Sex Comedy, você rodou nas favelas. Ficou com medo?
- Para mim, estas comunidades parecem bairros.
- Fez amigos por aqui?
- O elenco do filme, como a atriz Giselle Ingrid.
- O marco na sua carreira são as comédias. Não cansa?
- Imagina. A comédia tem várias formas, é ampla. Tem aquela que é mais suave, outras, não. Faria o público rir pela vida inteira.
- Sente-se um homem e um profissional realizado?
- Difícil responder. Acredito que, como homem, sim. Quero ser avô um dia. Como ator, temos sempre coisas novas para fazer.
- Quais são os seus próximos projetos profissionais?
- Estou tentando decidir se faço uma peça em Londres ou um filme de ficção científica, Beyond Apollo. Ambos são um desafio.