por Carlos Lima Costa
Consagrado ator do teatro, do cinema e da televisão brasileira,
Paulo José (71) transformou-se em exemplo também por sua determinação e perseverança. Há 15 anos, desde que foi diagnosticado com doença de Parkinson, ele se mantém firme e atuante na profissão e na vida, tornando-se símbolo de luta e esperança para quem enfrenta o problema, que se caracteriza pela desordem progressiva do movimento. Recentemente, até acumulou o trabalho de ator com o de consultor da Central Globo de Produção, na qual dá seu parecer sobre os textos dos projetos da emissora. Na Villa de CARAS, após festejar a participação no 36o Festival de Cinema de Gramado, em que dividiu o Prêmio de Qualidade Artística com
Aderbal Freire-Filho (67) e
Domingos Oliveira (71), seus companheiros no filme
Juventude, Paulo revelou mais uma vitória pessoal em relação ao Parkinson: não apresenta mais sintomas comuns da doença, como tremores e dificuldade na fala, graças a uma técnica avançada da medicina.
- Como obteve esta melhora?
- Foi através de uma operação a que me submeti, há um ano, com o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho. É uma cirurgia nova que se chama Estimulação Cerebral Profunda, que atinge certas regiões e tira os movimentos involuntários e o enrijecimento provocados pelo Parkinson. Quando rodei o filme do Domingos eu ainda estava com os sintomas. Após a cirurgia, está tudo controlado.
- Existem restrições?
- A doença me estimulou a cuidar mais de mim, o que trouxe benefícios, como maior concentração. Tenho regime de trabalho e de saúde bastante sérios. Vejo, por exemplo, no consultório do meu médico, James Pitágoras, homens com semblante caído. Isso é irreversível. Então, me mantenho sempre trabalhando. Tenho aulas de voz, hidroginástica, musculação e alongamento. Saio do meu regime com o vinho que tomo antes de cada refeição. Faço negociações comigo mesmo e me permito chutar o pau da barraca. Mas, depois, retomo as precauções. Se durmo bem e estou bem cuidado, tudo fica mais fácil. Agora, sem dúvida, a presença da minha mulher (a figurinista
Kika Lopes) tem sido importante. Sem ela, talvez tivesse fraquejado mais. Kika é uma força a mais na minha vida há dez anos, desde o início da relação.
- Qual o segredo da felicidade no casamento?
- Temos diferenças e brigamos. Quando você não briga, abre mão de muita coisa e depois vai fazer queixas do tipo 'joguei fora minha mocidade por você'. Comigo e a Kika não tem isso. Resolvemos logo. E temos inúmeras afinidades, como a visão do mundo, as fantasias e a relação com a arte. Kika é um dos meus amores junto com meus filhos, a dançarina
Clara, os atores
Ana,
Bel Kutner e
Paulo Henrique Caruso e meus netos,
Davi e
João.