Paulistano,
Tarcísio Meira Filho (43) diverte-se ao constatar que é um intruso na equipe basicamente gaúcha do longa
Netto e o Domador de Cavalos, de
Tabajara Ruas (66), lançado no 36º Festival de Cinema de Gramado. Com bom humor, ele explica como iniciou essa relação de carinho com o estado durante a confraternização da turma do filme na Villa de CARAS, na serra gaúcha. "
Minha mãe, Glória Menezes, nasceu em Pelotas, mas saiu pequena ainda do Rio Grande do Sul. O Tarcisão, meu pai, fez o Tempo e o Vento
, inspirado na obra do Érico Veríssimo. Sempre admirei a literatura dele. Mas minha ligação com o sul veio mesmo depois da minissérie A Casa das Sete Mulheres
. Foi quando conheci essas figuraças, meus amigos gaúchos que me receberam muito bem. Houve um grande encontro", disse ele, referindose a
Werner Schünemann (49),
Zé Victor Castiel (49) e ao diretor Tabajara Ruas.
Atento à conversa, Werner caiu na gargalhada ao lembrar do
megahair usado por Tarcisinho para compor o visual do personagem Índio Torres no longa, que reconta a popular lenda do Negrinho do Pastoreio, que faz parte do folclore do Rio Grande do Sul. "
Tarcisinho tem roubado todos os personagens da Dira Paes (risos). Desde então, ela não consegue mais nenhum papel. Logo ela, que é uma atriz muito melhor do que ele", brincou Werner, antes de engrenar uma disputa com Zé Victor. Um garante que freqüenta há mais tempo do que o outro o Festival de Cinema de Gramado. "
Tenho uma relação de trabalho com a cidade desde 1986, quando fiz meu primeiro filme. De lá para cá, participei de todas as edições do evento. E adoro! É um local de encontro, congregação e prospecção de novos trabalhos", disse Zé Victor, interrompido por Werner. "
Ele acha que é o mais antigo, mas eu faço parte disso desde 1979. Sou mais velho do que ele, já me consideram como um membro honorário do Festival", comentou o ator, fazendo um brinde com o vinho tinto Santa Carolina Reserva Merlot, importado pela Casa Flora.
Diretor e roteirista do único longa gaúcho participante do Festival, Tabajara Ruas, autor de
Netto Perde a sua Alma, lançado em 1999, promete fechar a trilogia sobre o General Netto, líder da Revolução Farroupilha, com o longa
Netto nos Braços da Moura. Mas ele ainda não tem data prevista para início da produção. "
Será baseado em outra lenda gaúcha, a Salamanca do Jarau, que conta a história de um princesa moura que se transforma em bruxa", explicou o cineasta. No elenco, além de Werner, estará também a gaúcha
Fernanda Carvalho Leite (33), que em
Netto e o Domador de Cavalos encarna a submissa Laura. "
Foi um trabalho instigante. Fico muito feliz com o novo convite do Tabajara", afirmou ela, ao lado dos atores
Evandro Elias (21),
Miguel Ramos (60) e
Marcos Barreto, também do elenco do filme.
O mergulho na cultura gaúcha aprofundou-se ainda mais com a saborosa surpresa preparada pelo
chef Ricardo Teruchkin (33). Proprietário do bufê Ricardo Teruchkin Gastronomia, em Porto Alegre, ele criou um menu definido por ele como Gaudério Chique. "
Fiz pratos típicos da culinária gaúcha, mas com um toque pessoal, com criatividade. Ao purê de batata doce, por exemplo, acrescentei gengibre. São pequenos detalhes que dão um sabor especial, é uma surpresa para quem come", explicou ele, antes de ser cumprimentado por Fernanda e outros membros da equipe do filme, como o diretor de fotografia
Ivo Czamanski (66), a diretora de arte
Liliane Motta (50), e o produtor
José Antonio Severo (65). "
Está tentador, difícil de resistir", disse Fernanda. O
chef também inovou servindo quibebe com nozes e o tradicional carreteiro com outros ingredientes. Em vez de carne de charque, foi preparado com picanha. Já a espanhola paella também ganhou uma versão dos pampas. "
Ao invés de frutos do mar, uso as carnes do churrasco, como pernil de ovelha, lingüiça calabresa e pernil de porco. Essa seleção de carnes de boa qualidade é o segredo de um bom prato", completou. Conhecido por atender ainda pelo sistema
private chef, Ricardo deu a sua receita para um bom cozinheiro. "
Tem que amar o que faz, cozinhar com carinho, nunca querer se livrar. Gosto do que faço e os clientes percebem isso", afirmou.
Autor de livros de sucesso como
Varões Assinalados e grande conhecedor da cultura do Rio Grande do Sul, Tabajara Ruas aprovou com nota máxima a comida. "
Adorei o carreteiro e a paella. Parecia que foram feitos embaixo de uma árvore de umbu, no meio do pampa, o que para mim é um retrato de felicidade", divertiu-se. Não menos empolgados estavam os convidados de CARAS,
Antônio Pitanga (69), com o filho,
Rocco (28), e as atrizes
Maria Ceiça (42) e
Sylvia Bandeira (58). "
Não sou de comer tanta carne como os gaúchos. Mas não há dúvidas de que está tudo divino", comentou Sylvia. Mas a maior surpresa do chef ficou por conta da sobremesa: sorvete de péde- moleque com calda de chimarrão. "
O doce é tradicional aqui, as pessoas param na beira da estrada para comprar. E comem muito tomando chimarrão. Mas fiz uma farofa do pé-de-moleque e misturei com sorvete de creme. Depois criei uma calda de chimarrão, como se fosse de chocolate. Fica um toque amargo especialíssimo", finalizou.
Ambientado, o paulistano Tarcisinho mostrou-se 'bom de garfo' quando o tema é a gastronomia local. "
O bom é que tenho os meus escravos gaúchos, os churrasqueiros Werner Schünemann e Zé Victor. Desde que os conheci e comecei a vir ao Rio Grande com mais assiduidade, passei a comer carnes que não estava acostumado, como a ovelha e costela", assegurou ele, se deliciando por ser um intruso no mundo dos gaúchos.
FOTOS: Cleiby Trevisan, Liane Neves, Martin Gurfein e Selmy Yassuda