O vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, faz um resumo do seu ano de 2009 e conta que quer um ano novo diferente para o seu grupo
O cantor
Dinho Ouro Preto, vocalista da banda Capital Inicial, escreveu mais uma carta para os seus fãs através de seu site oficial, mas dessa vez não foi para falar do seu tratamento devido a queda do palco que teve no final de outubro desse ano. Dessa vez ele comentou sobre os projetos da banda e seus desejos para o novo ano que começa em breve, além de contar suas impressões sobre 2009 .
"Quero que 2010 seja diferente para o Capital. Quero mudar muita coisa e quero poder surpreender as pessoas. Esse foi um ano duro pra mim. Trabalhei o ano inteiro compondo e dando shows e no final me esborracho todo. Espero que de algum modo isso tudo possa me trazer algo de bom. Até agora, aprendi muito sobre gratidão, generosidade e paciência, mas eu estou curioso para ver que consequência vai ter para o meu trabalho. Não consigo dizer que esse foi um bom ano; eu passei pelo momento mais difícil da minha vida até hoje. Confesso estar contente de ver o ano chegando ao fim. Chega de 2009 e que todos nós possamos ter um ano melhor em 2010", disse ele.
Dinho caiu do palco de 3 metros de altura durante um show em Patos de Minas, em Minas Gerais, no dia 31 de outubro. Na queda, ele sofreu traumatismo craniano, quebrou três costelas, trincou seis vértebras, levou cinco pontos no queixo, machucou os rins, a cabeça e os dentes. Dinho foi levado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, no qual ficou internado até o dia 30 de novembro, quando recebeu alta e foi para casa. Em uma carta escrita anteriormente aos fãs, o artista descreveu o tratamento no hospital como
"lento e doloroso", declarando também que irá se recuperar fisicamente, mas vai
"ficar com 'marcas' emocionais para sempre".
Confira, abaixo, a nova carta na íntegra.
Post do Dinho - Feliz 2010 para todos
Olá a todos,
Ao longo dos últimos dois meses, acabei escrevendo três textos. Como a maioria de vocês sabem, o motivo, em princípio, era dizer às pessoas o que estava acontecendo comigo depois do meu acidente. As cartas acabaram provocando um intercâmbio inesperado. Para minha supresa, um monte de gente escreveu comentando os textos. Não sei se vou conseguir manter esse hábito, mas vou fazer ao menos uma tentativa.
Esse ano foi peculiar; tudo começou bem, ou ao menos "normalmente". Mesmo uma banda acaba tendo um rotina, e a nossa é viajar, compor, gravar e fazer shows. Não me entendam mal, não nos aborrecemos em momento algum; nunca é tedioso, e mesmo que façamos cento e vinte shows num ano, sempre é divertido e diferente. A turnê do disco Ao Vivo estava programada para ir até dezembro, quando completaria um ano e oito meses, e minha concentração já estava toda voltada para as composições do disco novo.
Quando começamos a escrever, um anos atrás, não tínhamos idéia de quantas canções viriam a ser gravadas. O Alvin e eu trabalhamos juntos há muitos anos, e ao longo desse tempo aprendemos a nos conhecer bem. Quando o cara pensa numa frase, eu completo antes que ele termine. Acho que compor em parceria é sempre melhor quando os músicos se conhecem bem. Eu digo isso porque muitas vezes você fica meio envergonhado de mostrar algo inacabado pra alguém. Quando se tem um bom amigo trabalhando contigo, você perde um pouco o medo do ridículo e diz tudo que te vem à cabeça, por mais absurdo ou engraçado que pareça.
Isso só é divertido se no final você consegue ter o bom senso de perceber o que é bacana e o que não é, o que infelizmente, eu reconheço, nem sempre acontece. Também escrevi duas músicas com o Pitt, irmão do Yves, minha primeira parceria com ele, embora já tenhamos gravado várias músicas dele. Ao todo, entre Alvin, Pitt, Yves, e Robledo, acabamos escrevendo umas vinte canções.
Os ensaios começaram em agosto, e a gravação estava marcada para o começo de novembro. Uma semana antes do começo, eu caio do palco e me quebro todo. No começo não entendi a gravidade do que tinha me acontecido, e achei que em dezembro já estaria tocando de novo. Suspeito que não me diziam tudo pra que eu não entrasse em pânico, o que foi uma decisão acertada porque ficar preso a uma cama num hospital por um mês é apavorante.
Quando meu suplício começou chegaram a me perguntar se eu queria que o disco fosse adiado, mas eu achei que estávamos muito ensaiados, e parar faria tudo começar do zero quando eu me recuperasse. E pronto, assim tudo continuou como se nada tivesse acontecido, e eu acabei acompanhando a gravação da cama do hospital via skype.
O produtor é um cara chamado David Corcos, produtor de discos do Marcelo D2, Planet Hemp e Seu Jorge. Achamos que era hora de gravar com um cara novo, de procurar uma outra sonoridade, e a escolha não poderia ter sido melhor. O David merece um longo texto só sobre ele, então essa fica pra depois. Eu só quero acabar essa parte dizendo que eu acho que ele fez o melhor disco do Capital, mas quem vai dizer se eu tenho razão são vocês.
Voltando ao meu acidente; mesmo tendo falado muito sobre ele, todo mundo que me encontra quer saber de algum detalhe, e por mais que eu queira virar a página e deixar esse assunto pra trás, ele parece se recusar a ser esquecido. É verdade quando dizem que experiências como essa são transformadoras, e mesmo que a produção do disco já tivesse sido decidida antes do acidente, a mudança de produtor não poderia estar mais em sintonia com o que venho sentindo agora.
Quero que 2010 seja diferente para o Capital. Quero mudar muita coisa e quero poder surpreender as pessoas. O Capital já tem uma personalidade definida e acho que tentar mudar isso seria um erro.
Vocês conseguem imaginar o Capital reaparecendo eletrônico ou metal? Todo mundo ia odiar, pricipalmente os fãs, mas nós também. Mesmo assim muita coisa pode mudar. E esse é o desafio para nossa banda no disco novo e na nova turnê: sermos criativos sem perder nossa identidade.
Esse foi um ano duro pra mim. Trabalhei o ano inteiro compondo e dando shows e no final me esborracho todo. Espero que de algum modo isso tudo possa me trazer algo de bom. Até agora, aprendi muito sobre gratidão, generosidade e paciência, mas eu estou curioso pra ver que consequência isso vai ter para o meu trabalho. Não consigo dizer que esse foi um bom ano; eu passei pelo momento mais difícil da minha vida até hoje.
Confesso estar contente de ver o ano chegando ao fim.
Chega de 2009 e que todos nós possamos ter um ano melhor em 2010.
Boas vibrações para todos vcs.
Valeu, Dinho.