Nascido em Casablanca, no Marrocos, Alber Elbaz, 50, mudou-se com a família aos oito meses para Israel, onde, mais tarde, estudou design por quatro anos na Shenkar College, em Tel Aviv. De lá para cá, ele já morou nos Estados Unidos e na Itália. Hoje vive em Paris, na França. Mas cria para mulheres do mundo inteiro. Elbaz é workaholic e controla tudo, das coleções às vitrines. Seus croquis são apenas o início de uma história que, literalmente, começou nos bancos de uma escola. Aos cinco anos de idade, o garoto já desenhava vestidos. E sua mãe, quando em dúvida sobre o que fazer, ouviu da professora um “vamos ver até onde isso o leva”, provavelmente não imaginava que ele seria levado ao grande centro da moda. Segundo a filosofiaa fashionista de Elbaz, as roupas precisam ser atemporais e abraçar a liberdade da mulher atual, cheia de papéis. Em muitas ocasiões, o estilista já disse que ama as mulheres contemporâneas, ativas independentemente de idade, altura ou cor do cabelo. Suas coleções são pensadas – e muito bem pensadas – para deixar essas mulheres ainda mais lindas e elegantes sem perder o conforto. Seu design é maduro sem ser careta e moderno sem perder as raízes clássicas da mais antiga maison francesa ainda em funcionamento. Elbaz também acredita que a moda, mais do que vestir, deve fazer sonhar, trazer felicidade. É com esse espírito livre, talvez fruto das mudanças que fez ao longo da vida, e determinado, que Elbaz trabalha e vive. Nesta entrevista exclusiva ao Especial CARAS Fashion, ele conta como escreve seu próprio destino.
CARAS FASHION - Quando nasceu, seus pais te chamaram de Albert, mas você cortou o T. Você disse que “no judaísmo, se você muda o seu nome, você muda o seu destino”. De qual destino você estava fugindo e qual buscava?
ALBER ELBAZ - Verdade, eu realmente disse isso. Você sabe, como você mesma disse, que meus pais me deram o nome de Albert, com um T. Mas quando me mudei para Nova York, pensei, “Albert não soa bem”. Não é pronunciado como em casa, “Alber”. Então, tirei o T. Agora, posso morar em Nova York, embora esteja em Paris! Na escola, nós estudamos Kabbalah e, segundo ela, toda letra tem um poder. Mudando o seu nome, você pode mudar também sua vida. E quando eu tirei aquela letra, minha vida mudou realmente. Fui apresentado para Geoffrey Beene (designer americano), o que foi um divisor de águas. Acredito em carma e acredito que as coisas acontecem por uma razão. Mahatma Gandhi (líder pacifista indiano) disse que no final de nossas vidas, nós apenas nos arrependeremos daquilo que não fizemos. Por isso, se você faz muito, você também vai passar por muita coisa.
CF - Quando era adolescente, você se imaginava trabalhando como designer ou na indústria da moda?
AE - Quando era novo, sempre carreguei comigo duas sacolas. Uma com os meus livros e cadernos da escola e outra com os meus desenhos e lápis coloridos. Eu passava muito tempo desenhando rainhas e princesas. Nunca ninguém riu de mim; todo mundo parecia achar aquilo normal.
CF - Quando você começou a desenhar vestidos, o que sua família achou?
AE - Venho de uma família muito calorosa e amorosa. Minha mãe era uma mulher carismática e uma artista. Meu pai era colorista em um cabeleireiro, mas morreu quando eu tinha 16 anos. Era frágil e poético. Gostava de desenhar casas. Acredito que ele poderia ter sido meu melhor amigo. Lembro-me dos dias em que visitava minha avó em uma casa maravilhosa em Jaffa (antiga cidade portuária de Israel). Podíamos ficar horas sem falar, cada um viajando no seu próprio sonho... E quando eu tinha cinco anos, minha mãe perguntou para a professora do jardim de infância: “Meu filho desenha vestidos de mulher. Será que eu devo fazê-lo parar?” A professora respondeu: “Não o detenha. Veja até onde isso o leva”. E foi isso que ela fez.
CF - Quem ou o que te inspira?
AE - Não trabalho com uma musa que faz poses na minha frente. São todas as facetas da mulher que me inspiram, porque um dia ela quer ser uma princesa, no outro, mãe, depois uma garota ou uma femme fatale. Faço minhas coleções para elas. Preciso sair na rua, conhecer gente, ouvir os comentários, ver como elas se vestem e entender quais são seus desejos. O desejo, é isso que conta para mim.
CF - Quem são seus maiores ídolos?
AE - Geoffrey Beene e Saint Laurent.
CF - Muitas pessoas falam das grandes sucessões na indústria da moda e você assumiu a posição de Yves Saint Laurent. Como foi isso? Quais foram seus maiores desafios e conquistas?
AE - Yves Saint Laurent era uma pessoa fabulosa. Lembro-me que, de vez em quando, antes de um desfile, ele parecia ansioso. E eu disse para ele: “monsieur Saint Laurent, depois de todos esses anos, você não deveria se preocupar mais”. E ele respondeu: “Estou nervoso, justamente, por causa de todos esses anos”. Analisando profundamente, essa passagem na Maison Saint Laurent me ensinou a me conhecer. Como eu era diretor criativo, administrava uma equipe onde todos tinham uma opinião sobre a costura, as cores, as correntes... Logo, eu me senti extremamente infeliz. Uma noite, disse isso à minha psicanalista e ela me recomendou: “volte atrás e desenhe!” Assim que peguei meus lápis, me senti aliviado, revivendo. Essa é a única coisa que me anima.
CF - Hoje você está na Lanvin, considerada a primeira maison de Paris. Como é essa experiência?
AE - O design que Jeanne Lanvin inventou era incrível, e eu desejo seguir adiante com a marca dela. Quero construir um estilo real, alguma criação autêntica, ir ao encontro das necessidades das mulheres. Não quero analisar ou me referir aos tempos passados. O importante não é saber de onde vem a inspiração, mas para onde ela leva. No mundo do design, a motivação mais relevante é o desejo, o que significa realizar o que nós queremos ter, vestir, tocar e não apenas apreciar.
CF - Qual é o segredo para manter uma marca no topo mesmo após uma crise ou depois que o seu representante mais proeminente se aposenta?
AE - Eu realmente acredito que, em tempos como os de hoje, em que a moda está onde está por causa da crise econômica, seu papel está mudando. Não se trata mais apenas de ter certeza de parecer certo, profissional e confortável. Mas tem a ver com fazer sonhar e ajudar as pessoas a se sentirem bem novamente. Para mim, o papel da moda hoje em dia não é só vestir, mas também dar a sensação de felicidade. Quando nós estamos tristes, depressivos, o que costumamos fazer? Compramos roupas. É verdade que o clima está um pouco petrificante e não é fácil expressar esse descontentamento. A moda pode nos ajudar. É preciso voltar ao essencial, mas com direções fortes.
CF - Antes de assumir o posto de diretor criativo da Lanvin, você foi para a Índia. O que encontrou por lá?
AE - Serenidade e calma. Estou apaixonado pela Índia, sua cultura e seu povo, suas contradições e tradições. A Índia é muito poderosa em termos de cores e as pessoas estão preocupadas em manter seus costumes e se influenciam por tudo que as cerca.
CF - Para que mulher você cria?
AE - Não existe ninguém para quem eu desenhe. Mas eu vejo sim uma forma e esse é o meu ponto de partida. Eu quero evocar emoções e tocar o belo. Estou tentando introduzir essa beleza de um jeito moderno e adicionar conforto a ela, porque hoje em dia, você não pode viver sem isso. E não acredito no conceito de “mercados diferentes”. Visto mulheres e trabalho para elas – indianas, francesas, loiras, morenas, negras, brancas, jovens, velhas, magras ou gordinhas. É uma abordagem universal.
CF - Você já disse que gosta de cabelos grisalhos e ama as rugas. O que seria a beleza na sua opinião?
AE - A beleza é indefinível. Ela pode ser algo quase óbvio para você, mas você não consegue explicá-la. O que acontece, simplesmente, é que algumas pessoas têm e outras não.
CF - Você nasceu em Casablanca, no Marrocos, e foi criado em Tel Aviv, em Israel. Depois morou em Nova York, nos Estados Unidos, e agora vive em Paris, na França. De que forma conhecer e viver em várias culturas ajudou a desenvolver sua criatividade?
AE - Essa questão das raízes me interessa muito. Em Israel, sou israelense, e posso ter um olhar crítico sobre o meu próprio país. Na França, sou um imigrante com uma visão sempre meio de fora. Levei algum tempo para entender esse país. A França me transmite o chique, a elegância e também o individualismo. A América me oferece o conforto. O Marrocos me deu a sensualidade e a sensibilidade das cores. Israel me ensinou a resistência. Minha vida é uma viagem virtual e incessante.
História de Sucesso
-1961: Elbaz nasceu em Casa Blanca, no Marrocos, no dia 12 de junho de 1961. Mas cresceu e foi criado em Tel Aviv, Israel. Por isso, ele se considera israelense.
-1985: Aos 24 anos, Elbaz se mudou para Nova York e trabalhou, de 1989 a 1996, diretamente com Geoffrey Beene
-1998: Dois anos depois, ele aceitou um trabalho na Yves Saint Laurent para desenhar roupas femininas da coleção Ready-to-Wear. Quando sua contratação foi anunciada, ele disse a Pierre Bergé, “para mim, esse não é um momento profissional, mas sim a realização de um sonho”
-1966: Sua paixão por desenhar começou bem cedo. Com apenas cinco anos, ele já desenhava vestidos
-Em 1996, Elvaz foi contratado como diretor criativo da marca francesa Guy Laroche e mudou-se para Paris
-Em 2001, foi nomeado diretor criativo da Lanvin e, desde então, é reconhecido por seu design atemporal, feminino e feito com os tecidos mais finos.
-Pelo trabalho de revitalização e rejuvenescimento da marca francesa, Elbaz foi eleito designer internacional do ano pelo Council of Fashion Designers, em 2005
-Em novembro de 2010, Elbaz criou uma coleção para a H&M. Seu objetivo era tornar a rede de fast fashion mais luxuosa e não a Lanvin mais popular.
-Elbaz aparece dançando ao som da música I Know You Want Me no vídeo da campanha da coleção outono/inverno que bombou na web
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