A partir de suas experiências com a maternidade, administradora fundou a associação De Olho no Material Escolar, que qualifica o ensino sobre o agronegócio nas escolas
Ao acompanhar o processo de aprendizagem de seus três filhos ainda mais de perto durante a pandemia, a administradora Letícia Jacintho, 42 anos, percebeu que, nos livros de ensino, as informações sobre o Agro não eram baseadas em fontes seguras – por isso, muitas vezes retratavam inverdades. Nascida e crescida no meio rural, ela não perdeu tempo: ainda em 2020, fundou a associação De Olho no Material Escolar, que hoje promove a atualização do conteúdo escolar já em 16 estados do Brasil, aproximando a educação dos setores produtivos.
Letícia nasceu e cresceu em Barretos (SP), famosa pela Festa do Peão e pelas usinas e frigoríficos em seu entorno. Sua conexão com o setor a acompanhou em todas as etapas de sua vida pessoal e profissional, colocando-a na lista das 100 mulheres da Forbes Agro 2023.
Formada em Administração, Leticia atuou por 14 anos como sócia e diretora administrativo-financeira do ZJ Investimentos, empresa do Agronegócio, com investimentos na produção de grãos e cana-de-açúcar.
O conhecimento adquirido ao longo de sua extensa trajetória profissional a levou a identificar, com facilidade, a distância entre a realidade do campo e o material escolar de seus filhos (Isabela, 13 anos, Vitória, 12 anos, e Felipe, 8 anos). “Brinco que, para mim, a vida é um MBA diário, não podemos deixar de estudar. E quanto mais aprendemos, melhor conseguimos ajudar as pessoas ao nosso redor e mudar as situações que nos desagradam no dia a dia”, afirma.
Desse princípio que surgiu a Associação De Olho no Material Escolar, que vem alcançando feitos inéditos no país. Além de promover atualização dos materiais escolares por meio da aproximação e ação com as principais editoras do Brasil e com o governo, foram criados outros projetos para apoiar a educação sobre o Agro para jovens e adolescentes.
Primeiramente, a Agroteca - site que disponibiliza dados confiáveis, com curadoria da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), de maneira acessível, organizada e gratuita. Em paralelo, há o projeto Vivenciando a Prática, que promove visitas guiadas para alunos e professores em feiras, fazendas, agroindústrias, para que vejam com os próprios olhos o dia a dia do campo.
Para Letícia, ensinar sobre o Agro é repassar valores muito caros para a sociedade. “Se ninguém acordar às 4 da manhã, não tem leite na caixinha. Se as condições climáticas estiverem adversas, é preciso adiar os planos da colheita. E assim a natureza ensina a disciplina, a paciência e a entrega, valores importantes, que precisam ser passados para as próximas gerações", diz Letícia, que também é vice-presidente do Núcleo Feminino do Agrone (NA) e membro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp.
Como mãe, ela percebeu que a educação dos filhos é parecida com a educação sobre o Agro. Ao invés de punir ou castigar suas crianças quando fazem algo de errado, ela prefere parabenizar aquele filho que fez o certo, e o exemplo faz com que os irmãos queiram se espelhar. Assim funciona com o ensino sobre o agronegócio. “Precisamos parar de mostrar apenas as ações negativas do Agro, que são a minoria, e partir para a educação positiva, que reforce a importância e a realidade do setor”, conclui.
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