Halle Berry se une ao time de astros contra a ausência de negros no Oscar: 'Hollywood não é verdadeira'

Única mulher a ganhar o Oscar de Melhor Atriz em 88 anos do prêmio, Halle Berry apoia a campanha #OscarsSoWhite que já foi defendida por George Clooney, Lupita Nyong'o, Will Smith e Spike Lee

CARAS Digital Publicado em 04/02/2016, às 11h55

Halle Berry, George Clooney, Lupita N'yong e Will Smith - Getty Images

Halle Berry, a única mulher negra a ter vencido o Oscar na categoria de Melhor Atriz em 88 anos do evento, entrou para o time de astros que estão questionando a ausência de pessoas negras entre as principais categorias do prêmios por dois anos consecutivos. A atriz, que foi premiada em 2002 por A Última Ceia, não só questionou as escolhas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, como também a escalação de atores para os filmes em Hollywood. 

“Hollywood não é verdadeira", afirmou ela, em um evento na Califórnia. "Os filmes não retratam a importância e o envolvimento de pessoas negras na cultura americana. Nossas cidades são habitadas por pessoas negras e muitas vezes vemos filmes ambientados nas nossas maiores metrópoles nos quais não há a presença de negros”, disse Halle. “Quando aceitarmos a nossa responsabilidade e nos desafiarmos a ser fiéis e contarmos a verdade pelo cinema, aí sim as pessoas negras estarão podendo concorrer de forma coerente. Não será uma questão de inclusão ou diversidade. Se dissermos a verdade, inclusão e diversidade serão um resultado natural”, concluiu. 

#OscarsSoWhite

Logo após a Academia divulgar a lista de indicados, a atriz Jada Pinkett Smith e seu marido, Will Smith, decidiram iniciar uma campanha para organizar um boicote à premiação. "No Oscar, as pessoas de cor são sempre bem-vindas para dar prêmios até entreter, mas nós raramente somos reconhecidos por nossos feitos artísticos", argumentou Jada. "Nós precisamos mostrar a nossa força", pediu ela. 

O humorista Chris Rock, que irá apresentar a entrega do Oscar neste ano, também não deixou de criticar o prêmio e ironizou dizendo que o "Oscar era a versão branca do BET Awards [prêmio que homenageia os ícones da cultura negra dos Estados Unidos]". E o diretor Spike Lee questionou: "Quarenta atores brancos em dois anos e nenhum negro?". Para o cineasta, a granda batalha não é contra a Academia, mas com os estúdios em Hollywood e as emissoras de televisão. 

O ator George Clooney, que já foi premiado pela Academia, também se manifestou apoiando a campanha #OscarsSoWhite, dizendo que eles têm um motivo justo para questionar as escolhas da Academia. "Vamos voltar para 2004, certamente tinha negros sendo indicados como Don Cheadle, Morgan Freeman. E, de repente, você sente que nós estamos indo para a direção errada", disse ele à Variety. "Teve indicações deixadas para fora da mesa. Teve quatro filmes este ano: 'Creed: Nascido Para Lutar' poderia ter sido nomeado. 'Um Homem Entre Gigantes' poderia ter rendido uma indicação ao Will Smith. Idris Elba poderia ter sido indicado por 'Beasts of No Nation', e 'Straight Outta Compton: A História do N.W.A.' poderia ter sido nomeado. E, certamente, no ano passado, Ava DuVernay poderia ter sido indicada por dirigir 'Selma'. Eu acho ridículo que ela não foi indicada", disse Clooney, citando atores que foram reconhecidos por outros prêmios como SAG Awards e o Globo de Ouro, mas ignorados pelo Oscar. 

Lupita Nyong'o, a última negra a ganhar um Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (apenas seis negras em 88 anos ganharam nesta categoria), escreveu uma carta sobre a falta de inclusão de negros na indicação. "Me fez pensar sobre o prejuízo inconsciente e que méritos são prestigiados na nossa cultura. O prêmio não deveria ditar os termos da arte na sociedade moderna, mas ser uma reflexão da diversidade do melhor que nossa arte tem para oferecer hoje. Eu fico com meus colegas que estão chamando por mudança para expandir as histórias que são contadas e reconhecer as pessoas que as contam", disse ela. 

Em entrevista ao BuzzFeed News, Lupita falou sobre a necessidade de dar mais espaço e oportunidades para atores negros em Hollywood. "É importante em como nós sonhamos em refletir para o mundo em que vivemos. Com isso, nós criamos o amanhã. Nós permitimos a imaginação para o amanhã. Então, é vital,  eu penso, para filmes, televisão e teatro serem inclusivos com as pessoas que vão se engajar e vão aprender a sonhar com eles", argumentou a atriz, que venceu o prêmio em 2014, por 12 Anos de Escravidão

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