Um tesouro motiva Thereza Collor

Colecionadora de joiasetinicas, ela busca informações sobre seu hobby

Redação Publicado em 24/11/2010, às 15h36 - Atualizado em 26/11/2010, às 14h15

Thereza folheia livros na lojinha do Museum of Arts and Design. - FOTOS: Martin Gurfein
Ásia, África, Europa, Américas, Thereza Collor (46) não sabe o número de países que já visitou em todos os continentes. Inspirada nessas viagens, que faz desde a adolescência, ela tirou a ideia de seu novo projeto. Dona de uma coleção de quatro mil peça de joias étnicas, pretende mostrar seu acervo no ano que vem em uma exposição no Brasil batizada Signos do Corpo - Minorias do Sudeste Asiático: Joias, Indumentárias e Objetos. E a viagem a New York, onde se hospedou no Castelo de CARAS, em Tarrytown, se encaixou perfeitamente nos planos de Thereza. Em passeio por Man hattan, ela logo quis visitar o Museum of Arts and Designs, onde foi em busca de novidades em relação ao seu hobby. "Descobri o MAD através de um amigo dono de uma loja de antiquários. A sede é ali há menos de dois anos. É um museu pequeno, aconchegante", justifi cou Thereza, que teve a companhia de seu caçula, Victor (23). Formado em publicidade, sócio da agência Image Builderes, ele não esconde o entusiasmo diante da paixão da mãe. "Fui educado para dar valor a essas coisas", elogiou Victor. - Thereza, de onde veio a paixão pela arte e pela cultura? - Tem gente que diz que veio de outras encarnações (risos). Mas sou graduada em História. E, por mim, teria me formado em Arqueologia. Mas na minha juventude no Nordeste não era fácil estudar o que se gostava. Além disso, sempre respeitei a identidade cultural e as diferenças. Isso faz muita falta. - Como começou o acervo? - Desde criança eu gostava de guardar. Fosse o que fosse, trazia para dentro do meu universo. Das bonecas aos recortes de revistas, hábito que tenho até hoje, tudo era colecionado com muito carinho em caixinhas, gavetas dentro do armário ou na estante. Mas, o que realmente despertava e prendia a minha atenção era o mundo, outros horizontes. - Foi aí que bateu o desejo de conhecer o mundo? - Quando já me entendia por gente, deveria ter uns 12 para 13 anos, comecei a colecionar selos. Com as imagens e as estampas, tinha a sensação de viajar por lugares diferentes. Contudo, a minha primeira verdadeira viagem foi quando uma amiga da minha mãe anunciou que iria ao Oriente Médio. Fiquei louca pela ideia e tanto fiz que consegui embarcar neste longínquo trajeto. Foi o meu presente de quinze anos. Fiquei sem festa e sem bolo, mas me senti plenamente recompensada. Em bora muito jovem, meus olhos brilhavam com tudo que via e ouvia. A história dos lugares e dos povos, tão diferentes nos costumes e tradições, me fazia senti-los especiais. Nada me saía da cabeça. Passei a acalentar a ideia de começar a guardar lembranças daquele mundo distante. Por essa ocasião dei o primeiro passo para a formação do que viria mais tarde ser uma coleção. Adquiri no Irã pequenos braceletes em madrepérola com pinturas em miniaturas. - E como montou um acervo de quatro mil peças? - No começo dos anos 80 voltei ao Egito, onde descobri os povos do deserto. Pude conhecer o trabalho dos beduínos e a importância do adorno na vida desse grupo. Nessa viagem consegui algumas peças que rapidamente somei às que possuía. Mais tarde, aprofundei minhas informações e conhecimentos. As viagens cada vez mais aumentavam minha curiosidade e o interesse. Por essa época, minha sogra, Eugenia Halbreich, me presenteou com joias que enriqueceram o meu acervo. Daí para frente foram mais e mais descobertas . Passei com frequência maior a viajar e a procurar conhecer, sentir e ver de perto as várias minorias étnicas. Fui aprendendo como me aproximar, contatar pessoas e encontrar peças especiais. Esta minha ansiedade de conhecer e ainda poder desfrutar in loco como uma testemunha da originalidade e da beleza desses povos tem me levado a uma corrida contra o nosso tempo no qual as diferenças se perdem. Constato, cada vez mais, que o processo de globalização como uma força esmagadora está diluindo e apagando valores e tradições que se mantiveram preservados por séculos. Minha experiência tem sido tão viva, rica e questionadora que faz com que cresça em mim a vontade de dividir e mostrar um pouco do que guardei e aprendi no meu percurso.
Castelo de CARAS

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