O céu está azul e a previsão é de tempo bom, sem chuvas nem trovoadas, na vida de
Regina Duarte (60). Os ventos que sopram na direção da atriz são todos a favor. O ano de 2007 foi intenso, com uma novela de sucesso, um touro que se sagrou campeão, o casamento do filho mais velho,
André (33), o tempo passado com a neta,
Manuela (1), a filha de
Gabriela Duarte (33), que ela curte apaixonadamente e a faz resgatar seus heróicos tempos, como ela mesma define, de jovem mãe e profissional dedicada - momentos felizes compartilhados, claro, com seu grande amor, o pecuarista
Eduardo Lippincott (56). E, no topo de tudo isso, uma deliciosa viagem ao Castello Santa Maria Novella, na 1a Temporada de CARAS na Toscana, na Itália. Ela tem do que reclamar?
- A vida está tranqüila?
- Está maravilhosa. Estou dando um tempo na carreira para curtir minha família. Fiz uma novela sensacional, que me gratificou muito, como a Helena de
Páginas da Vida, que terminou em março. Quando uma novela chega ao fim me sinto abastecida profissionalmente. Preciso me realimentar de vida, senão me repito como atriz. Ir ao supermercado, ficar na fila, fazer tudo normal, senão como é que eu posso retratar o ser humano médio brasileiro, que faz tudo isso?
- Como são as relações familiares nesta fase da sua vida?
- Sou uma avó apaixonada, como todas. Gabriela e Manuela são muito parecidas, reconheço muito de uma na outra, a vivacidade, agitação, curiosidade. Manuela é uma criança esperta, ligada. Porém, a Gabriela é mãe de uma tribo diferente da minha. Admiro o jeito dela, tudo o que a gente vê no outro e não tem a gente quer, mas ela conduz a maternidade de forma diferente. Entendo a guerra para administrar filho e trabalho, que é um filhote também, só acho que às vezes ela perde a calma. Eu entrego mais na mão de Deus, nunca fui estressada. O meu conselho é: relaxa!
- Você foi mãe nos anos 1970.
- Sim. Sou de uma geração heróica, que começou a conquistar espaço no mercado de trabalho e independência ao mesmo tempo em que criou filhos. E no meu tempo não tinha celular e essas coisas que facilitam a vida. Cansei de escapar de gravação de cenas externas para bater na porta das casas, pedir para usar o telefone e ligar para casa para saber das crianças.
- Já conhecia a Toscana?
- Vim à Toscana quando fiz a novela
Por Amor, mas o convite da CARAS está me proporcionando uma viagem mais bonita e prazerosa. Desta vez pude conhecer Siena,Florença, San Geminiano. Levarei as melhores lembranças.
- Como foi a experiência de se hospedar no castelo?
- Me senti como se estivesse inserida numa pintura, viajando na paisagem de um quadro. O castelo internamente é moderno, tem ar condicionado quente e frio, banheiros reformados, piso aquecido, muitos recursos de conforto. É um castelo de época por fora e um hotel cinco-estrelas por dentro.
- Como estão seus projetos profissionais para 2008?
- Recebi um convite para fazer teatro no segundo semestre, já está tudo acertado. Mas não posso falar nada sobre isso ainda, quando puder eu falo com o maior prazer. Há cinco anos me envolvi na criação de gado de elite da raça zebuína Brahman, e agora comecei a colher os frutos desse trabalho. Um touro que nasceu na minha fazenda em Barretos, o
Capitólio, que hoje pesa 1 150 quilos, foi eleito o campeão nacional na exposição de Uberaba, em Minas Gerais, a maior do Brasil.
- E para a televisão, você tem alguma coisa em vista? - Estou trabalhando nos bastidores da Globo, na qual tenho contrato até 2010. A Globo está criando um departamento para apoiar o teatro brasileiro, e sou voluntária nesse projeto, que é muito bacana. O teatro é a raiz do trabalho artístico de interpretação e criação e, se fica enfraquecido e seu público diminui, isso não é bom para ninguém, muito menos para a TV, que se alimenta da criação teatral desde sempre. Teatro é fonte de inspiração, de pesquisa, de investimento criativo.
- Como você faz para se manter tão bonita e jovem?
- Acho que minha juventude tem a ver com o espírito da criança que me habita e eu cultivo. Todo mundo devia cultivar a leveza, alegria de viver, vtade de aprender, viver novas experiências, essa sensação de que não sei nada e quero saber tudo, isso que vejo hoje na minha neta. Isso é que torna as pessoas jovens para sempre.
- A que você faria um brinde?
- Um brinde para o meu companheiro, meu querido, meu amor, meu marido, Eduardo. Um brinde para toda a minha família e as pessoas todas que me acompanham e prestigiam. Um brinde para a revista CARAS, que sempre foi legal comigo. Como dizia o
Chacrinha, se a gente não se comunica se estrumbica, né? A CARAS é um veículo de comunicação importante, que sempre me aproximou do meu público, é um elo.
- E o que você mais deseja para este novo ano?
- Um milagre! Mais justiça social, menos violência. Mais tempo para me dedicar ao meu blog (
www.bloglog.com.br). Estou curtindo essa novidade, tem um retorno afetivo muito legal. Quero conseguir me decidir entre um dos meus três endereços - em São Paulo, Rio e Barretos -, e viver, ou ao menos concentrar minha vida, em uma casa só. E outro neto seria muito bem-vindo, seja outro filho da Gabriela, que tem vontade de ter mais, ou do André, que já está pronto para ser pai.