A inquietação sempre esteve entre as características de Juliana Didone (25). Mas após ter atingido suas principais metas, como ter dado certa estabilidade financeira à família e conquistado bons trabalhos na profissão, a atriz percebeu que poderia estar um pouco acomodada na vida. Com vontade de se sentir instigada novamente, aceitou o convite de CARAS para ir a New York. E, na cidade, que considera 'um mundo de possibilidades', contou ter conseguido resgatar o espírito aventureiro. "Há algo neste lugar que mexe comigo. Não sei bem o que é, mas motiva, sacode. Parece que os sonhos voltam a pulsar e fazer sentido. Bastou chegar aqui para me sentir mais viva", afirmou ela, que incluiu programas culturais no seu roteiro diário. Ao percorrer o MoMA - The Museum of Modern Art, Juliana se comoveu com o ambiente Paul Chan's 2007 Waiting for Godot. Paul é um ator americano e montou uma peça em New Orleans para ajudar a comunidade após o furacão Katrina. O museu, então, recriou alguns dos efeitos de seu espetáculo. A atriz também mostrou-se encantada com a obra Gone, de Kara Walker (40). Conhecida por construir histórias a partir apenas da silhueta de personagens, a artista estampou nas paredes um romance entre dois jovens em plena guerra civil. "Não há como não amar cada pedacinho desse lugar", exaltou ela.
- O que acha das opções culturais de New York?
- Únicas. Em NY há infinitas maneiras de se abrir para o inusitado, ousar. Aqui, me sinto em processo de transformação. Parece que a arte foi feita para mim.
- Por que essa necessidade de respirar novos ares?
- Amo o Rio de Janeiro, mas me sentia em uma zona de conforto na cidade. O mundo é muito grande para você resumi-lo em Baixo Gávea e cineminha. Precisava sair da minha bolha. Senão, ficamos bitolados. E com 25 anos? De jeito nenhum. Tenho que me dar a chance de voar, mudar planos, ser inconsequente um pouquinho. Isso faz bem de vez em quando, é necessário. Estava andando há tempos em linha reta e pensei: "Quem sabe se fizer essa curva? Pode ser interessante". E está sendo. Então decidi morar aqui por um tempo.
- Quanto tempo planeja ficar?
- Não sei ao certo, um ano talvez. Vou ficando... Se precisarem de mim, eu volto.
- Que tipo de sonhos New York inspirou em você?
- Os que vão surgindo na minha cabeça... Na vida, acho que todos podem ser o que quiser. Basta desejar de verdade. No momento, o meu maior sonho é me tornar uma grande artista. E acho que esse desejo de me sentir realizada vem à tona em New York. Penso: "por que um cantor não pode interpretar e dançar?" Aqui, você vê uma atriz cantando lindamente. No Brasil, infelizmente, ainda existe preconceito quanto a isso. Comecei a me questionar: "Por que um cantor não pode ser poeta, por exemplo?" A arte, para mim, é isso, poder se expressar de mil formas. Meu sonho é esse: conseguir ser boa o suficiente na profissão que eu escolhi.
- Como está sendo a rotina?
- De manhã, me sinto uma adolescente. Voltei a estudar inglês para aprimorar a fala, das 9h ao meio-dia. E ainda estou matriculada no HB Studio, um curso mais alternativo e com um conteúdo vasto de voz, canto e movimento.
- Por que acha que NY atrai tanto as pessoas?
- Porque é muito livre, aberta para quem quiser chegar e arriscar. Só desse jeito vale a pena vir. É ruim se distanciar dos amigos? É. Mas tenho que pensar que eles estarão sempre lá. Já a experiência, aqui, é única. Só sua. Quero abrir meu leque e minha alma!