Energia do eterno garoto Kadu Moliterno

Quando completou 50 anos, Kadu Moliterno (60) entrou em crise. “Fiquei bastante preocupado. Um dia, encontrei um amigo, contei que estava chateado, e ele falou: ‘Imagina, você é um garoto, sua vida começa agora, aos 50. E olha que eu já estou com 70!’ A partir daí, fi quei tranquilo...”, recorda Kadu. “Hoje sei que a vida, na verdade, começa aos 60. Sempre tive espírito de garoto. O que importa é a energia que a gente tem. Se eu não me olhar no espelho, me sinto com 25, um moleque!”, diverte-se.

No Castelo de CARAS, em Tarrytown, o ator carioca provou estar esbanjando saúde e disposição. Quem precisou se desdobrar para acompanhar o pique dele foi Lanai (18), herdeira do galã que mora em San Diego, na Califórnia, e que viajou a New York só para encontrá-lo. “No máximo às 6 da manhã eu já pulo da cama. Faço a minha corridinha pelas ruas próximas ao Castelo, tomo café e só então acordo minha filha. Ela não acredita que eu já fiz  tanta coisa”, conta ele, que também é pai de Kauai (20) e Kenui (14), da união com a ex, Ingrid Saldanha (40).

Kadu, que em meados de agosto ficou entre os finalistas do quadro Dança dos Famosos, do Domingão do Faustão, conquistou nesta viagem um prêmio e tanto: o título de campeão do Pro-AM CARAS US Open 2012, torneio de tênis que reúne jogadores amadores e profissionais.

–Depois da dança e do tênis, qual é o seu próximo desafio?

– Sei lá, acho que alguma coisa vai cair no meu colo. Ainda estou no time de futebol dos artistas, por exemplo. Eu continuo vivendo e só tenho a agradecer por essas surpresas que a vida traz. Não tenho receio de encarar desafios, aliás, não tenho medo de nada. Ter medo para quê? Pelo mar e pela natureza eu tenho o maior respeito. Rezo para que meus filhos, amigos e família estejam bem, tenham saúde. Isso é o mais importante.

– Essas experiências tiveram significado especial para você?

– Aceitei o convite para jogar tênis porque era uma forma de homenagear meu pai, seu Savério Moliterno, que foi um grande treinador e me apresentou ao esporte. E com a Dança dos Famosos aconteceu uma coisa parecida, o que me emocionou muito. Na valsa, logo no primeiro dia de treino, eu peguei a coreografia na hora, de primeira, o que impressionou o coreógrafo e a minha professora. Eles falaram: ‘Não é possível, você está escondendo o jogo, já fez dança antes...’ Eu comecei a chorar e eles não entenderam nada. O apelido do meu pai era pé de valsa e eu pensei: ‘Ele está aqui, ele está querendo dançar...’ Faz quase 20 anos que ele morreu.

– Qual a grande lição que ele deixou para você?

– Ele me dizia ‘o tempo é seu aliado’. É verdade, tudo se ajeita com o tempo, as coisas se alinham. Se você é uma boa pessoa, não interessa o que os outros pensam, o tempo irá provar. Isso está acontecendo comigo, estou colhendo meu esforço, minha dedicação e a educação que ele me deu. Acredito que a humildade é o único caminho para o sucesso. 

– O que você mais tem aprendido com os seus filhos?

– A gente tem de ser amigo dos filhos. Minha maneira de educar é contrária a dos pais dos amigos deles. O que muitos pais proíbem, eu deixo eles fazerem, mas digo claramente que há dois caminhos: um legal e outro não. Se você pegar o lado ruim, vai quebrar a cara e depois voltar para falar comigo. (risos) Você dá as opções, eles resolvem. Eu criei uma amizade tão grande que o primeiro amigo que eles procuram quando têm um problema sou eu. Isso não tem preço. 

– Seus dois herdeiros mais velhos moram no exterior. Como fica a saudade?

– A gente está o tempo todo no Skype, no rádio, no celular. Também acho que passei para eles o legado do esporte, da honestidade e do respeito ao próximo. Com o esporte, você aprende a encontrar o seu limite, a vencer e a perder também. Isso define tudo, é a base da vida. Eles também são muito talentosos, a música norteia a nossa família.