EM BARILOCHE, ATORES CONTAM QUE VALORIZAM MAIS A PARCERIA E AS SEMELHANÇAS DO QUE A PAIXÃO
por Bianca Portugal
O espírito aventureiro, o respeito à liberdade, o desejo de formar uma família... Quando os atores
Daniel Ávila (23) e
Karla Tenório (25) começam a falar sobre o que os unem, não conseguem parar. Mas, se tiverem que escolher uma única palavra, não têm dúvidas: parceria. "
Gostamos das mesmas coisas, pensamos de formas parecidas, falamos a mesma língua. Isso pode ser perigoso para um casal, mas no nosso caso é o que faz dar certo", explica Daniel, durante a temporada CARAS/Neve 2008 em Bariloche. Casados há um ano e meio, a simbiose vai além dos conceitos abstratos. "
Coloquei o sobrenome dele e o Dani pôs o meu. Não é o máximo?", orgulha-se Karla, que incorporou o Ávila, do marido, ao seu nome enquanto Daniel passou a usar também Rozemberg, da amada. Mas, das dezenas de coisas que garantem ter em comum, a única que os assusta é a profissão. A possibilidade de rivalidade em casa é tema constante do casal, justamente porque acreditam que somente conversando podem afastar este fantasma. "
Acho que nunca teremos problemas, mas realmente isso preocupa. Ser ator é algo instável. Uma hora você está por cima em outra, por baixo. E um tem que saber apoiar o outro em ambos os momentos", ensina Daniel, que atuou em
Corpo Dourado (1998),
Malhação (2001) e
O Profeta (2006), enquanto Karla, que trabalhou em
Os Ricos Também Choram (2005) e
Amigas e Rivais (2007), do SBT, nas próximas semanas começa a gravar novela produzida pelo canal estatal de Angola.
- Como se conheceram?
Daniel - Na trama global
Agora é que São Elas, em 2003.
Karla - Fizemos par romântico.
- O beijo não era técnico?
Karla - Claro que sim! Inclusive eu era noiva na época.
Daniel - E eu sou chato com isso. Acho feio quando dão beijos de verdade e aparece a língua.
- Mas existe beijo técnico?
Daniel - Existe sim.
Karla - Você troca saliva, mas não troca sentimentos.
- E por que tantos casais que contracenam se apaixonam?
Karla - Às vezes a pessoa esquece de separar a alma dela da alma do personagem. Mas não foi nosso caso. Era noiva e só rompi dois anos depois. Na ocasião, já sabia do interesse do Dani, mas fui namorar outra pessoa. Só ficamos juntos alguns meses depois.
- Você é sempre devagar para conquistar o que quer, Daniel?
Daniel - Ela é que é difícil.
Karla - Mas ele não deu mole. Sabia do interesse, mas Dani ficou na dele. E se tivesse ficado correndo atrás perderia. Detesto isso.
- Como começou o namoro?
Karla - Um dia deu vontade, liguei para ele e ele estava lá, de prontidão, me esperando.
Daniel - Com um mês pedi sua mão. Duas semanas depois, fomos morar juntos. E já oficializamos com uma cerimônia.
- Por que essa impulsividade?
Karla - Na verdade, foi simples. Não teve paixão enlouquecedora.
- Vocês não são loucos um pelo outro?
Karla - Não dessa forma. Somos mais parceiros mesmo.
Daniel - E eu vi coisas na Karla que nunca vi em ninguém.
- Como assim?
Daniel - É difícil explicar. Ela simplesmente faz parte de mim.
Karla - Tenho uma personalidade difícil. Não aceito ser subjugada. Precisava de um cara descolado, que não fosse grudento e não quisesse me mudar. Dani é assim. Não exige que eu cuide da casa, por exemplo. Cozinho porque gosto. Tenho a palavra liberdade cravada na carne. Tatuei nas costas.
Daniel - Karla não cuida da casa, cuida do marido. Ela é várias ao mesmo tempo.
- É fácil viver com uma mulher com tantas personalidades?
Daniel - Não! Mas evitamos brigar porque somos muito intensos, melodramáticos mesmo.
- Pensam em filhos?
Daniel - Quem casa quer filhos, mas é ela que decide quando.
Karla - Vamos esperar. Temos que aproveitar os momentos a sós, como este em Bariloche.