O psiquiatra explica o que é a síndrome do pânico e como funciona os tratamentos; confira
O cantor Lucas Lucco usou as redes sociais para divulgar que está com problemas de saúde e que estaria tomando remédios para "conseguir voar, para dormir, para acordar, para se manter calmo e para conseguir ficar dentro do hotel".
O psiquiatra Rodrigo Pessanha explica o que é a síndrome do pânico e como funciona os tratamentos.
"O transtorno de pânico pode ser definido como uma condição psiquiátrica que se caracteriza essencialmente por repetidos episódios de intensa ansiedade, os chamados “ataques de pânico”. Esses episódios de ansiedade podem ser descritos pela ocorrência de sintomas físicos, tais como taquicardia, dificuldades de respirar, tremores musculares, assim como preocupações e ideias catastróficas como enlouquecer, morrer ou 'perder o controle'".
Segundo ele, o transtorno começa no início da vida adulta, sendo que na metade dos indivíduos acometidos apresentam as primeiras manifestações antes dos 24 anos de idade. "No entanto, há relatos de transtorno de pânico em crianças e adolescentes, assim como em indivíduos acima de quarenta anos de idade", diz.
O quadro clínico pode ser agravado por conta de rotina de trabalho extenuante, viagens frequentes e também exposição contúnua aos elementos desencadeantes. "Nessas situações o indivíduo fica privado de se esquivar ou evitar essas situações de “gatilho” levando a um agravamento ainda maior da ansiedade, especialmente da expectativa em relação a ter novos ataques de pânico e suas consequências. Não é infrequente encontrar indivíduos que relutam em sair de casa, ou que se mantém em uma “distância segura” de sua residência, na tentativa desesperada de evitar novos episódios", diz Rodrigo.
Apesar disso, hoje em dia existem diversos tratamentos eficazes para as pessoas que sofrem desse distúrbio. "Podemos dividir o tratamento em dois principais grupos, os tratamentos psicoterápicos, especialmente a terapia cognitivo-comportamental e um grande grupo de medicamentos que beneficiam esses pacientes. A terapia cognitivo-comportamental tem um papel fundamental no transtorno de pânico, uma vez que ela se propõe a identificar as situações predisponentes, as ideias e sentimentos que se relacionam aos ataques e que servem como “gatilhos” e especialmente no treinamento e exercício de técnicas de controle mental que possam deter o processo".
Antidepressivos e alguns tranquilizantes também podem ser usados como tratamento. "Estes medicamentos devem ser utilizados de maneira estratégica no sentido de evitar novos ataques de pânico ( tratamento profilático ) e atuar prontamente nos episódios agudos (tratamento paliativo). A utilização racional destes recursos, individualizada de acordo com as características do paciente é na grande maioria das vezes um ponto de partida para uma nova etapa onde a qualidade de vida, a autonomia pessoal e fundamentalmente a liberdade de ir e vir são restauradas", conclui.
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