Chama-se varicocele à dilatação anormal das veias que drenam o sangue e as impurezas da região dos testículos. Ela é mais comum nos adolescentes — as estatísticas indicam que 15% deles são portadores.
O mecanismo de formação da doença é o seguinte. O sangue e as impurezas da região dos testículos são recolhidos por um emaranhado de veias. Como há dois testículos, existem dois grupos de veias, um de cada lado. Logo acima do escroto, elas dão origem a veias maiores. Já no abdome, cada grupo de veias se transforma em uma só, a veia testicular: uma do lado direito e outra do esquerdo. A direita desemboca obliquamente na veia cava pouco abaixo do rim. A posição oblíqua e o fato de a veia cava ser grossa facilitam o desaguar do sangue. Já a veia testicular esquerda desemboca perpendicularmente na veia renal esquerda, formando um ângulo de 90 graus. Esse ângulo e o fato da veia renal ser mais fina dificultam a entrada do sangue nela. Por isso 90% dos casos de varicocele são do lado esquerdo e casos somente à direita são raros.
A causa básica da doença é o funcionamento inadequado ou a falência das válvulas da veia testicular. Quando funcionam bem, o sangue sobe, as válvulas se fecham e ele não retorna. A deficiência ou a falência das válvulas, ao contrário, levam à má drenagem sanguínea e ao acúmulo de sangue nos testículos, forçando as veias e dilatando-as. As varicoceles por mal funcionamento ou falência das válvulas das veias testiculares têm traços familiares. Por isso, homens com histórico da doença na família estão mais suscetíveis. Outra causa de varicocele são os tumores, que pressionam as veias testiculares e dificultam a drenagem sanguínea.
Em geral ela não produz sintomas. Só nas situações graves pode haver dor e atrofia do testículo. Mas a indicação básica são as veias proeminentes sobretudo no testículo esquerdo. Como os homens não costumam examinar seu escroto, descobrem a doença só quando casam e verificam que são inférteis. A razão é esta: o sangue é drenado dos testículos para ser purificado. Com a doença, não circula bem e substâncias nocivas se acumulam neles. A temperatura local eleva-se, prejudica a produção de espermatozoides e altera sua forma e sua capacidade de fertilizar o óvulo. Assim, fica difícil para o homem engravidar a sua parceira.
Pais com histórico de varicocele na família devem ficar atentos a seus filhos adolescentes e, à menor indicação, levá-los a um urologista. O diagnóstico inicial é clínico. Pode-se confirmá-la propondo que o paciente ponha a boca nas «costas» de uma das mãos e sopre com força, que o sangue se acumula na região do escroto e a dilatação se exacerba. Confirma-se a doença, ainda, com ultassonografia.
Não se intervém em pacientes com varicocele discreta. Só se acompanha, fazendo espermograma periodicamente, para se verse leva a prejuízos para os espermatozoides. Quando isso já ocorre, se intervém cirurgicamente, o que é feito logo acima da virilha. A melhor opção, hoje, é a microcirurgia. Com um microscópio, que aumenta a área e permite reconhecer os vasos, se amarra duas vezes a veia testicular doente e se corta entre os dois amarros, para impedir que o sangue desça. Não se interfere em artérias nem em vasos linfáticos, pois pode causar necrose dos testículos. Com essa técnica, o risco de a doença voltar a se manifestar é de apenas 1% — por outras técnicas, é bem maior.
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