Uma das principais novidades apresentadas na última reunião anual da Associação Americana de Dermatologia, em março, em Miami, nos Estados Unidos, foi um teste genético que permite descobrir o risco que homens e mulheres têm de desenvolver a alopecia androgenética (AGA), doença mais conhecida popularmente como calvície.
O teste, criado por um laboratório americano, já pode ser feito no Brasil. Consiste em apurar se uma pessoa tem a possibilidade de desenvolver a calvície por meio da análise de seu DNA. Para isso, coleta-se uma amostra de células circulantes em sua saliva. Com uma espécie de cotonete, o médico dermatologista apanha uma porção de saliva na lateral da boca da pessoa. Deixa o "cotonete" secar e o armazena em um tubinho plástico. Manda o material, então, à filial brasileira do laboratório, que o envia à sede, nos Estados Unidos, onde o teste é realizado. O resultado chega para o médico por e-mail.
O teste verifica se o homem ou a mulher têm a variante genética de maior ou de menor risco para calvície. Homens que não sabem se os pais tiveram AGA e apresentam teste genético negativo têm 70% de chance de não desenvolvê-la; se o teste dá positivo, têm 70% de risco de desenvolver AGA. Já aqueles cujos pais não têm história da doença e o teste dá negativo apresentam 90% de chance de não desenvolvê-la; se o teste dá positivo, têm 70% de possibilidade de não desenvolver AGA. Homens cujos pais têm AGA e o teste é negativo apresentam 50% de chance de não desenvolvê-la; e se dá positivo, o risco de a desenvolverem é de 80%.
O laboratório criou para as mulheres uma linha de risco para a alopecia androgenética, com números em ordem decrescente que vão de 24 a 19, para baixo risco, e de 18 a 13, para alto risco. Assim, o resultado do teste delas é um número. Mulheres com número maior que 23 têm 98% de chance de não desenvolver AGA; e as com número maior ou igual a 19 têm 63% de possibilidade de não desenvolvê-la. Aquelas que recebem número menor ou igual a 18, de outro lado, têm 71% de risco de apresentar AGA; e as que recebem número menor ou igual a 13 têm 91% de possibilidade de desenvolvê-la.
Segundo a literatura médica, a alopecia androgenética é comum no homem e infreqüente na mulher. Trata-se de uma moléstia genética, ou seja, a pessoa herda dos pais a alteração em pelo menos quatro genes que favorecem seu desenvolvimento. Ainda não se sabe exatamente como, mas o hormônio masculino testosterona, presente em pequena quantidade também na mulher, colabora para a destruição do bulbo formador do cabelo e o aparecimento da calvície.
Infelizmente, a maioria das pessoas só procura o médico para se tratar quando seus cabelos começam a rarear. Não deve mais ser assim. Quem se preocupa com o problema pode, a partir de agora, consultar um dermatologista já na adolescência, fazer o teste genético e saber se apresenta risco de se tornar calvo. É possível tratar e evitar a perda generalizada dos cabelos. Também já é possível fazer um teste para saber se o organismo da pessoa responde bem à finasterida, substância presente na maioria dos medicamentos utilizados. Caso não responda bem, o médico adota outras alternativas de tratamento.