Há vários anos Brasil não tem casos de cólera, doença que assola o Haiti

por Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros* Publicado em 03/01/2011, às 23h30

Há vários anos Brasil não tem casos de cólera, doença que assola o Haiti -
Devastado por um terremoto em janeiro, desde outubro o Haiti vem sendo assolado por uma epidemia de cólera que já causou mais de 2500 mortes e contaminou cerca de 115000 pessoas. A doença já chegou à vizinha República Dominicana e à Flórida, nos Estados Unidos, onde há uma numerosa comunidade haitiana. O cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de alimentos e água contaminados pela bactéria Vibrio cholerae, que produz uma enterotoxina que provoca grave e intensa diarreia. Dos pacientes que adquirem cólera, só 10% a 20% evoluem para as formas graves da doença, com desidratação grave e choque hipovolêmico - quando há diminuição do volume sanguíneo no corpo. Se não tratada rapidamente, a doença pode levar à morte. Felizmente, cerca de 80% das pessoas contaminadas apresentam sintomas leves ou moderados. O portador pode excretar a bactéria durante até 14 dias e, se não houver tratamento adequado dos esgotos e da água, contaminar outros reservatórios de água. O período de incubação varia de algumas horas a cinco dias, conforme a quantidade de bactérias ingeridas. O quadro se inicia com diarreia e mal-estar. O doente pode apresentar também febre, vômitos e, se não for tratado, desidratação e choque hipovolêmico. Quando uma pessoa ingere água ou alimento contaminado, a acidez do suco gástrico mata parte das bactérias. Aquelas que ultrapassam esse sistema de defesa vão para o intestino delgado, se multiplicam e produzem uma enterotoxina que promove intensa secreção intestinal, além de as células diminuírem a absorção de água e sais minerais, causando diarreia em grande quantidade. Quem faz uso de remédios que diminuem a acidez do estômago, como os empregados no tratamento de úlcera ou de gastrite, é mais suscetível ao problema. Também são mais frágeis idosos, crianças com idade inferior a 2 anos, grávidas e indivíduos imunodeprimidos. O tratamento do cólera consiste na reposição da água e dos sais minerais perdidos. Nos casos leves e moderados, em geral basta a hidratação oral, com a ingestão de líquidos e o uso de soro caseiro ou em pó. Apenas 10% a 20% dos casos requerem internação hospitalar para reposição hidroeletrolítica pela via endovenosa. Em quadros graves, pode haver necessidade de uso de antibiótico específico. Pessoas que viajam para áreas de risco devem ingerir só água tratada e alimentos cozidos, pois a bactéria não resiste às altas temperaturas. É fundamental evitar o consumo de alimentos crus, sobretudo frutos do mar. A doença, de notificação compulsória, ocorre em especial em locais com más condições de saneamento básico, como África e Índia; nessas regiões o cólera é endêmico, ou seja, todo ano ocorre determinado número de casos. Nações que sofrem conflitos e terremotos, nas quais a infra-estrutura fica comprometida, também podem ser atingidas. O Brasil viveu uma epidemia importante entre 1997 e 1999. A doença chegou ao ápice em 1999, com 4700 casos, mas a partir de 2000, quando houve 733 registros, a situação passou a ser controlada. Desde então, houve apenas notificações esporádicas no Nordeste em 2004 e 2005. A partir de 2006 não se registraram novas ocorrências da infecção.
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