O dente é formado pela polpa, na porção central, pela dentina, que a circunda, e pelo esmalte, constituído de 92% minerais, que as recobre e protege. A polpa é um tecido mole, bem vascularizado e enervado. Já a dentina se constitui de um tecido mineralizado, impregnado de 65% de minerais. Os dois tecidos são vivos e sensíveis. Uma parte das pessoas, porém, tem sensibilidade excessiva nos dentes, o que é conhecido como hipersensibilidade dental.
A hipersensibilidade caracteriza-se por uma dor aguda de intensidade variável em geral em consequência de estímulos térmicos (como consumo de alimentos quentes ou frios), táteis (mastigação e escovação), osmóticos ou químicos (consumo de doces ou de substâncias ácidas), ou até pela ação do ar. Qualquer pessoa pode apresentar o fenômeno. Ele pode manifestar-se tanto em um ou em vários pontos de um dente, quanto em vários dentes, numa arcada inteira ou nas duas arcadas ao mesmo tempo. As estatísticas indicam que o problema atinge, em média, uma em cada grupo de sete pessoas em todo o planeta. Manifesta-se, por exemplo, em 85% a 95% das que sofrem de problemas gengivais, como placa bacteriana e doença periodontal. E mais: pesquisa recente mostra que na Índia, só para se ter uma ideia, 26% da população apresenta hipersensibilidade dentária.
A hipersensibilidade pode resultar de uma trinca, da perda ou do desgate do esmalte do dente, ou de uma simples retração da gengiva, deixando a dentina exposta. Com isso, quando ocorre um estímulo, o equilíbrio do fluido existente no interior dos muitos túbulos (canaizinhos) da dentina é alterado, ativando as terminações nervosas existentes na polpa dental e causando dor. Entre as causas mais comuns da exposição dentinária estão: cáries dentais; encaixe defeituoso das arcadas (má oclusão), aliado a uma escovação com escova de cerdas duras e força excessiva; e distúrbios como bruxismo. Crianças, de outro lado, podem apresentar a dentina exposta por ausência de esmalte, uma malformação congênita.
Como se sabe, o limiar de dor das pessoas, ou seja, a capacidade que têm de suportá-la, é diferente. Com isso, uma parte delas, embora apresente a dentina exposta, não sente dor. Mas outras, mais sensíveis, chegam a ter a qualidade de vida prejudicada pelo problema.
O ideal, claro, é consultar o dentista ao primeiro sintoma. O diagnóstico inicial é clínico, ou seja, o profissional conversa com o paciente e examina suas arcadas e seus dentes para traçar um histórico do problema. Com exames de raios X, obtém um quadro completo da situação.
O tratamento de hipersensibilidade dental pode ser feito com muitas substâncias. Parte delas, mais eficazes e rápidas, é aplicada só pelo dentista no consultório, isto é, por questão de segurança, apenas ele as manipula e aplica. Mas pode indicar cremes dentais, de uso doméstico, para auxiliar no tratamento. A boa notícia nessa área é que as indústrias, até nacionais, com base em estudos científicos e usando nanotecnologia, vêm criando produtos que resolvem o problema de forma mais eficaz e rápida. As substâncias agem principalmente fechando os túbulos detinários e/ou dessensibilizando os respectivos nervos. Só isso, porém, não basta. É preciso combater também as causas da hipersensibilização, como a doença periodontal e a má oclusão.