A mielodisplasia é uma doença da medula óssea. Ela se caracteriza pela alteração do DNA das células medulares (células-tronco), as encarregadas de produzir o sangue. Tais células se tornam muito parecidas com as células cancerosas; por isso mesmo, no passado a mielodisplasia era chamada pré-leucemia.
A doença manifesta-se a partir dos 60 anos de idade, embora os casos entre jovens e adultos venham aumentando. Ocorre igualmente em todas as raças. Infelizmente, ainda não existem estatísticas sobre ela no Brasil; nos Estados Unidos, porém, ocorrem anualmente 10000 a 20000 casos. A incidência em todo o planeta é de 3 casos para cada grupo de 100000 habitantes até os 70 anos; depois dessa idade, existem 16 casos em cada grupo de 100000 habitantes.
A causa da mielodisplasia ainda é desconhecida; parece que se deve ao próprio envelhecimento humano. Percebeu-se, contudo, que existe maior número de casos nas regiões nas quais houve acidentes nucleares, como Hiroshima e Nagasaki, no Japão; Chernobyl, na Ucrânia; e Goiânia, no Estado de Goiás.
A alteração das células medulares interfere na produção dos glóbulos vermelhos, levando à anemia de intensidade variável. O portador de mielodisplasisa se sente cansado e sem vontade até mesmo para desenvolver as atividades comuns do dia-a-dia, o que atrapalha bastante sua vida laborial, seus relacionamentos amorosos, mesmo a atividade sexual. Dificulta também a produção das plaquetas, responsáveis pela coagulação sanguínea, podendo causar sangramentos espontâneos por todo o corpo. E, por último, interfere na produção dos glóbulos brancos, que cuidam das defesas orgânicas, deixando o portador de mielodisplasia especialmente suscetível às infecções, como as de garganta e de urina, pneumonias e outras. Nos casos mais graves, os portadores podem até ir a óbito.
É necessário destacar que muitos brasileiros são portadores da doença e não sabem. Desse modo, mesmo jovens que apresentem anemia, sangramentos e infecções de repetição sem causa aparente devem pensar na possibilidade de mielodisplasia. Isso vale também para aqueles que apresentam fadiga sem causa aparente e não tenham vontade de fazer nada. A doença, infelizmente, ainda não é bem conhecida no Brasil.
O diagnóstico inicial de mielodisplasdia é clínico, ou seja, o médico conversa com o paciente e o examina com o objetivo de traçar um histórico da doença. Ela é comprovada com exame de sangue - que constata, claro, a diminuição do número de glóbulos vermelhos, de glóbulos brancos e das plaquetas - e/ou analisando as células do doente, exame chamado mielograma.
É fundamental tratar de mielodisplasia logo que os primeiros sintomas se manifestarem, porque a doença pode evoluir para leucemia aguda. O tratamento, no passado, era realizado apenas por meio de transfusão de sangue. Atualmente se faz transplante de medula. Mas já existem também medicamentos - um deles está disponível no mercado brasileiro - para controlar a mielodisplasia, evitando que venha a se transformar em leucemia aguda.