Número de casos novos de sífilis no país dobrou entre 1998 e 2006

por Maria Cláudia Stockler de Almeida* Publicado em 30/08/2010, às 19h27 - Atualizado às 19h28

Número de casos novos de sífilis no país dobrou entre 1998 e 2006 -
O úmero de doentes com sífilis congênita - adquirida no nascimento - no Brasil dobrou entre 1998 e 2006. Em 1998, cerca de 2840 grávidas portadoras transmitiram a doença pela via placentária ao feto. Já em 2006 esse número saltou para 5749. O dado preocupa, pois esta é a forma de o Ministério da Saúde detectar que a bactéria causadora da moléstia circula em maior número também na população em geral. Registram-se todo ano 937000 novos casos da doença no país, segundo a Organização Mundial de Saúde. A razão é o descuido no uso do preservativo, já que a doença é transmitida nas relações sexuais sem proteção. De acordo com o Ministério da Saúde, só 21% dos brasileiros usam camisinha. Os jovens são os que menos se protegem. A sífilis é uma doença Infectocontagiosa sistêmica, ou seja, que acomete todo o organismo. Qualquer pessoa sexualmente ativa pode contraí-la. Ela é causada pela bactéria Treponema pallidum, que se liga às células da pele do pênis e da mucosa vaginal. A sífilis é classificada em três estágios: primária, secundária e terciária. Na primeira fase, o sintoma característico é uma lesão (úlcera) na região genital do homem e da mulher. O perigo maior é quando a ferida não é percebida. Na mulher, pode surgir no colo do útero, por exemplo. Se não for combatida, a bactéria continua a avançar no organismo, caracterizando o segundo estágio da doença. Ela se multiplica, cai no sangue e ataca órgãos como fígado e baço. O paciente tem febre, mal-estar e manchas vermelhas descamativas pelo corpo, em especial na palma das mãos e na sola dos pés. Por fim, no estágio terciário, o mais grave, ataca o sistema nervoso central. Pode manifestar-se no tecido cerebral e levar o paciente à demência, à paralisia e até à morte. Não é fácil diagnosticar a sífilis porque ela alterna períodos com sintomas e sem sintomas. Outro fato que contribui para o aumento do número de casos é a grande capacidade que a bactéria tem de se disseminar - só no primeiro estágio, vale destacar, pode ser passada de uma pessoa para outra. O uso de camisinha nas relações sexuais ainda é a melhor forma de evitar a contaminação. Quem tem sífilis uma vez não ganha imunidade e pode desenvolvê-la outras vezes. Quando alguém suspeita que possa ter a doença, deve consultar um infectologista ou um ginecologista. Boa alternativa, na capital paulista, é o Ambulatório de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Em outros Estados, pode-se ir aos Postos de Saúde especializados nas doenças sexualmente transmissíveis. O diagnóstico é feito por exame de sangue, com o qual se constata a presença do anticorpo contra a bactéria. O exame é obrigatório no início e no final da gravidez. O médico deve alertar o paciente de que seu parceiro também pode estar com a doença. Caso isso seja confirmado, ele precisa consultar um médico e se tratar. Portadores de sífilis têm de investigar outras DSTs, como hepatite B, HPV e HIV, pois são moléstias com a mesma via de transmissão e a presença de infecção genital facilita a contração de doenças virais. A sífilis é curável. O tratamento é feito com penicilina. Nos dois primeiros estágios, o paciente toma uma injeção intramuscular. No terceiro, recebe penicilina pela via endovenosa.
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