Aumentou muito nos últimos 10 anos o número de mulheres com calvície, mais conhecida pelos profissionais de saúde como alopecia. Há hoje no planeta mais de 100 milhões de mulheres calvas, sendo 2 milhões no Brasil. As estatísticas da Organização Mundial de Saúde mostram que uma em cada grupo de quatro mulheres apresenta ou vai apresentar alopecia em algum momento da vida. Em meu consultório, eu atendia uma mulher a cada grupo de 10 homens uma década atrás. Atendo hoje quatro mulheres a cada grupo de 10 homens.
Mas não há motivo para pânico. É normal perder cabelos diariamente. E não há um número de fios perdidos que determine a anormalidade. O que a determina são a frequência e a quantidade. Assim, mulheres que encontram cabelos todo dia no ralo do chuveiro, na escova de cabelo, na pia da toalete, no banco do carro e na mesa de trabalho vivem uma situação anormal e devem consultar um médico e tricologista.
A causa mais frequente de calvície no homem é a destruição do bulbo produtor de cabelos por uma substância resultante da metabolização do hormônio masculino testosterona chamada diidrotestosterona (DHT). A testosterona está presente, em pequena quantidade, também na mulher. Esse tipo de alopecia é chamado androgenética e pode ser desencadeado em períodos específicos da vida da mulher, como na puberdade ou no climatério, período variável que antecede a menopausa.
Causa comum de atrofia do folículo piloso e, pois, de afinamento ou queda anormal de cabelos na mulher é também a alteração nos níveis dos hormônios circulantes em função de doenças nos ovários - como ovários policísticos - e na glândula tireoide, como hipertireoidismo e hipotireoidismo.
Mas ainda constituem causas importantes de alopecia na mulher a anorexia nervosa, a depressão e outras alterações psiquiátricas; deficiências nutricionais e vitamínicas resultantes de dietas; uso de remédios como anfetaminas, anabolizantes, anti-hipertensivos e antidepressivos - nesses casos, consulte seu médico antes de suspender o medicamento; drogas oncológicas usadas em quimioterapia; radioterapia; introdução ou suspensão abrupta de pílula anticoncepcional; cirurgias extensas, entre elas lipoaspiração e redução do estômago; e doenças autoimunes como esclerodermia, pseudopelada de Brock, lúpus e alopecia areata.
A alopecia feminina pode resultar ainda de estresse; caspa, seborreia e infecções por fungos e bactérias; câncer, tuberculose e diabetes; inúmeras doenças infecciosas; tabagismo; e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Causa frequente de calvície é, enfim, a tração provocada pela escovação excessiva e com força desmedida, pelo uso de elásticos, tiaras e "piranhas" e pela colocação de apliques ou extensões nos cabelos.
A calvície na mulher atinge sua alma. O sofrimento é intenso e sua autoestima despenca. Aos primeiros sinais de rareamento dos fios, o ideal é consultar um médico e tricologista. Esses profissionais estão disponíveis em todo o país. Aliás, é preciso destacar, a tricologia, ciência que estuda as doenças do cabelo e do couro cabeludo, evoluiu muito nos últimos tempos. Já é possível diagnosticar com precisão e tratar com sucesso a maioria dos casos.