...40 e 49 anos. Os atuais quarentões nasceram após o advento da televisão no Brasil, em 1950, com a qual surgiram os telespectadores, do grego tele, prefixo que significa longe, mais o latim spe
Barreado: de barro, palavra que veio de
barrum, de origem pré-romana, significando argila, barro. Designa prato especialmente elaborado para o carnaval por caboclos do litoral paranaense, mas desde há algum tempo consumido o ano inteiro. Foram colonos açorianos que trouxeram o prato no século 16, quando se estabeleceram nos municípios de Paranaguá, Morretes, Guaratuba, Guaraqueçaba e Antonina, segundo informa o jornalista gaúcho
José Antônio Dias Lopes (63). O barreado era inicialmente consumido no entrudo, como se chamaram os folguedos que deram origem ao carnaval, quando os foliões, com alguma rudeza, jogavam água, vinagre, groselha, vinho, cal, farinha ou poeira sobre os transeuntes, dando origem a sérios conflitos, o que levou à proibição da festa. Cozido inicialmente em panelas de cobre, hoje a receita é preparada em panelas de barro. A origem do nome, entretanto, nada tem a ver com barro. É que, para que os ingredientes não secassem sem que se pusesse água adicional, que conspurcaria o sabor, punha-se um pirão de farinha e água na fresta entre a tampa e a panela. Os caboclos diziam que o prato era barreado porque o pirão fazia na panela o mesmo papel que o barro faz nas rústicas construções praieiras. No Brasil, é o único prato especial de carnaval e surgiu para repor a energia perdida na folia. Feito de carne e toucinho temperados com alho, pimenta-doreino, cominho, sal e pimenta vermelha, leva cerca de nove horas no fogo e é servido com farinha de mandioca e banana. Alguns intelectuais paranaenses sustentam que sua origem é anterior à chegada dos portugueses à região.
Estrogonofe: de origem controversa, provavelmente do nome do general, diplomata, conde, financista e mecenas russo do século 19
Paul Stroganoff, pelo inglês
stroganof. O prato teria sido servido pela primeira vez em 1709, em Poltava, para celebrar a vitória sobre os exércitos de
Carlos XII (1682-1718). O cozinheiro quis criar um prato que lembrasse o sabor da carne servida nas campanhas militares, mas acrescentou creme azedo, obtendo aprovação entusiasmada. No final do século 19,
Thierry Coster, famoso cozinheiro francês, que trabalhara na Rússia, juntou cogumelos franceses, mostarda alemã e páprica húngara ao prato, além de flambar a carne em conhaque e substituir o creme azedo por creme de leite fresco. Com o triunfo da Revolução Russa, em 1917, a aristocracia foi expulsa pelos bolcheviques e levou consigo o prato mundo afora. Ao Brasil, aparentemente chegou pelas mãos de
Sophie Stroganov (1914-1996), que emigrou na 2ª Guerra Mundial. Aqui, passou a ser preparado também com camarão, frango ou presunto.
Quarentão: de quarenta, do latim
quadraginta, quarenta. Nos dois primeiros séculos do segundo milênio, os lusitanos pronunciavam
quarainta, que evoluiu para
quaranta, fixando-se em quarenta. O aumentativo quarentão, com o respectivo feminino quarentona, aplica-se à designação da idade da pessoa. Esse aumentativo começa em vintão, passa por trintão, quarentão, cinqüentão e sessentão, e chega a noventão, interrompendo-se no número cem, ainda que, na linguagem coloquial, seja feito o aumentativo do valor cem em cenzão, palavra ainda não acolhida pelo dicionários.
"Caiada de melancolia e batom, a boca de Severina era impecável no seu pudor trintão", escreveu em
Cabra das Rocas Homero Homem (1921- 1990). Na Idade Média, quarentões e cinqüentões já caminhavam para o fim da vida, mas hoje estão na meia-idade, definida no espaço que vai dos 40 aos 55 anos.
Telespectador: de tele, prefixo de origem grega que significa longe, e
spectator, palavra latina que significa observador, para designar aquele que vê televisão. O latim criou essa palavra e outras de significado semelhante a partir de uma raiz indo-européia conhecida como
spek, cujos vestígios estão também em
speculum, espelho, e
specere, perceber, olhar. A primeira transmissão de um programa de TV deu-se na Inglaterra, em 1929. No Brasil, coube à extinta TV Tupi inaugurar a tecnologia, em São Paulo, no dia 18 de setembro de 1950, às 22h00, com as palavras da atriz
Iara Lins (1930-2004):
"Senhoras e senhores telespectadores, boa noite! A PRF3 TV, emissora associada de São Paulo, orgulhosamente apresenta neste momento o primeiro programa de televisão da América Latina".
Hebe Camargo (78), então com 21 anos, cantaria o
Hino da Televisão, mas alegou estar resfriada para não comparecer e só contou a verdade, também na TV, em 1995: apaixonara-se por um músico e foi ao encontro dele, pedindo a
Lolita Rodrigues (78) que a substituísse, informa
Marcelo Duarte (42) em
O Guia dos Curiosos.