PRETA GIL: AMIZADE E LINHA DURA PARA CRIAR FRANCISCO

Em seu apartamento, cantora diz como educa o jovem, mostra maturidade na carreira e anuncia boda

Redação Publicado em 05/05/2009, às 15h07 - Atualizado em 05/11/2009, às 20h21

Na sala do apartamento, Rio, com o yorkshire Zion, enquanto a cantora joga videogame, Francisco toca violão. - FOTOS: CADU PILOTTO; PRODUÇÃO: CLÁUDIA MELLO; BELEZA: SALVADOR MORETTI; AGRADECIMENTOS: NUIT NUIT E AUSLÄNDER
Ter sido mãe aos 20 anos fez com que Preta Gil (34), de alguma forma, crescesse junto com o único filho, Francisco (14), da união de cinco anos com o ator Otávio Müller (43). Mas a falta de maturidade na época, assumida por ela mesma, nunca a impediu de viver de forma plena a maternidade. Por trás da artista irreverente, sempre existiu uma mãe severa e observadora. "Sou careta. De liberal aqui, não tem nada. Na minha casa existem regras, tudo é dito, pedido, autorizado. Francisco é minha prioridade. Eu e ele somos uma mesma pessoa", diz ela, em seu espaçoso apartamento de quatro quartos, no Rio, onde vive com o herdeiro e o namorado, o mergulhador Carlos Henrique Lima (32), além do yorkshire Zion. Atualmente, a filha do músico e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil (66) e de Sandra Gadelha (58) tem se visto diante do desafio de lidar com a delicada fase da adolescência do filho. Mas Preta tem se saído bem. "Ela é muito ciumenta. Minhas namoradas vão ter que passar por um corredor polonês formado pela minha mãe e todas as amigas dela", diverte-se Francisco. Se a relação com o herdeiro vai Carlos Henrique, a quem chama de Cacau, também é motivo de felicidade. O romance é tão sério que o casal decidiu oficializar a união em maio de 2010. Além de Otávio Müller, Preta foi casada com o roteirista Rafael Dragaud e o ator Caio Blat (28). "Acho que por imaturidade nunca vivi um casamento de verdade. Cacau é o primeiro homem que chegou em minha vida com a postura de querer construir coisas sólidas", afirma. Outro motivo para comemoração é profissional. A temporada do show Noite Preta, na boate The Week, Rio, virou febre e, no próximo dia 28, ela vai se apresentar na casa de espetáculos Canecão. Depois segue em turnê pelo país. Mas até conquistar o reconhecimento como cantora, Preta precisou destruir rótulos como os de "baladeira" e "pegadora". - Que tipo de mãe você é? - Tradicional, firme. Mas, como vim de uma família descontraída, aberta ao diálogo, sempre procurei deixar que Francisco crescesse com a sua personalidade. O engraçado é que, como eu, ele gosta de falar. E tem argumentos. Dou espaço para conversa, mas sou mãe dele. Francisco - Ela sabe separar a hora da brincadeira do momento de ser mãe de verdade. E é do tipo moderna, que participa de tudo. Preta - Tem gente que não sabe que tenho filho. Outro dia, uma mulher disse: "Só podem serirmãos, um é o focinho do outro". Francisco - Na verdade, sou a versão masculina dela. Tem quem ache que sou seu irmão gêmeo. - Quando ela sai do sério? Francisco - Ah, irritar minha mãe é fácil. Se estou vendo televisão e ela pede que desligue e eu aumento o som é suficiente para ela me dar uma enorme bronca. -Preparada para ser sogra? - Na verdade, sou ciumenta com tudo. Na primeira vez em que ele me contou sobre uma namorada, acho que errei de ficar me metendo. Ele também costuma dizer que eu falo muito. Uma vez, almoçando com toda a família na casa do meu pai, comentei: "Francisco beijou na boca pela primeira vez". Ele quis me matar! Passou um tempo sem me contar as coisas. Aos poucos, tive que mostrar que posso guardar segredo. Mas queria que ele entendesse que toda essa minha euforia era pela felicidade de ver o filho vivendo coisas novas. - Existe um lado ruim de fazer parte de uma família de artistas? Francisco - Às vezes, na escola, ficam me zoando na brincadeira. Se dizem algo chato, entra por um ouvido e sai pelo outro. Só posso dizer que é especial fazer parte dessa família. Sou fã número um da minha mãe, do meu avô, do meu pai. Quero sempre ficar perto deles, aplaudindo. E tem aquelas horas também em que você está com uma garota e falam: "É o filho da Preta". Dá uma moral (risos). - Preta, como Carlos Henrique a conquistou? - Nos vimos pela primeira vez no meu show. O interessante é que ele não sabia nada da minha vida. Me conheceu no meu momento mais verdadeiro, que é quando estou no palco. Ali, sou eu 100%. Depois, foi conhecendo a minha vida, me compreendendo. Ele não gosta de aparecer, mas quer me ver brilhar. E tem uma cabeça que pode parecer careta, mas que trouxe valores para mim, que mudaram meu comportamento. - Por exemplo? - Passei a ser mais caseira, discreta, a pensar mais antes de falar. E isso ele faz de uma maneira sutil. Como quero fazê-lo feliz, naturalmente fui assimilando. Sei que ele não gosta que eu fale palavrão na frente dos outros. Imagina, eu, que era a rainha de falar bobagem (risos). Não que ele imponha algo, mas fui usando o bom senso. - Pensa em uma cerimônia de casamento tradicional? - Vou usar vestido de noiva, véu, grinalda, tudo que tenho direito. Nunca me casei assim. Apesar de conhecer muita gente, a festa será para a família e poucos amigos. Principalmente os que acompanharam a construção do relacionamento. É um momento nosso. Queremos comemorar a união porque acreditamos nela. Não é fogo de palha. - Isso ocorre em um momento em que sua carreira também está em alta. O que mudou? - Tive que me reinventar. Em 2003, quando lancei o primeiro disco, fiz fotos nuas para a capa. Na mesma época, dei uma entrevista que considero imatura, que me prejudicou. Expus minha intimidade, sexualidade. Não sabia que iria repercutir tanto. Acho que ali foi o momento em que se formou um mito de uma mulher que não sou. - A que mito você se refere? - Essa coisa de ser baladeira, pegar geral. Tudo foi construído por ter falado de experiências que vivi, que foram fundamentais para que eu seja a mulher que sou, mas que não tinham a menor necessidade de se tornarem públicas. Sou filha do tropicalismo, da necessidade da liberdade de expressão. Sou transparente. Mas só aprendi a ter foco, tomando na cabeça. Depois fiz outro disco, com músicas ótimas, mas não queriam ouvir, só saber desses assuntos. Então, conversando com minha assessora, Juliana Reis, decidimos que deveria me remodelar. Surgiu a idéia do Noite Preta. Com o show, conquistei um público e passei a ser admirada da maneira que sempre quis, como cantora. . - A sua autoestima também está em alta? - Passei por todas as fases: a de não aceitação, de me achar gorda, de querer emagrecer com remédio, lipo. Isso por uma cobrança da mídia e insegurança. Quando você não tem autoestima, não vê seus valores e acha que o corpo é o mais importante. Não é. Hoje peso 78 quilos (mede 1m60). Já estive com 20 a menos, mas também com 20 a mais. Acho que estou num equilíbrio. E por ser uma mulata tipicamente brasileira tenho formas que ajudam, cintura, coxa, corpo harmonioso. Resolvi aceitar. Afinal, não tenho disposição para correr atrás de ser mulher com um corpo escultural. Se quisesse, faria isso. Hoje malho por uma necessidade que já é outra, a da maturidade, a de pensar na saúde.
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