...o ato de sentir antes, a impressão de que algo está para ocorrer. Zona, do grego zóne, cintura, meio da barriga, pelo latim zona, faixa, região, indica uma área delimitada natural ou artificialmente.
Abandono: de abandonar, do francês
abandonner, afrouxar as rédeas, deixar que animal ou pessoa sigam por conta própria, sem que sejam dirigidos. Provavelmente as origens remotas chegaram mescladas ao francês, pois o latim
bannum designava a proclamação verbal do suserano ao tomar posse. E o frâncico tinha
bannjan, banir, e
bandjan, assinalar. Usando os sentidos das três palavras, A
ban donner pode ter sido antiga expressão francesa que resumia o ato de exilar alguém. São tipificados vários tipos de abandono em nossas leis, sejam de pessoas (filhos menores de 18 anos, idosos, inválidos), sejam de animais (deixar que prejudiquem o patrimônio alheio). Também o abandono de posto ou de função é punido. Até o abandono intelectual aparece, disfarçado em antônimos, no Artigo 229 de nossa Constituição:
"Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores", cabendo aos filhos maiores
"ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade".
Calendas: da expressão latina
"ad calendas graecas", para as calendas gregas, em que
"calendas" aparece escrita também
"kalendas".
Calendae, que no provérbio aparece no acusativo por causa da preposição "ad", designava em latim o primeiro dia de cada mês, data em que os antigos romanos faziam os seus pagamentos. A expressão ganhou o mundo, em várias línguas, como equivalente ao "Dia de São Nunca" (mas este chega no Dia de Todos os Santos, 1º de novembro) e "quando as galinhas criarem dentes". Além das calendae, o primeiro dia de cada mês, os romanos tinham os ides e as nones. Os
ides (idos) designavam a metade do mês. Era chamada nones a fase quarto crescente da Lua, que ocorre no oitavo dia depois do primeiro da Lua nova, que os romanos consideram "sem lua".
Pressentimento: de pressentir, do latim
praesentire, sentir antes de ver. Na noite anterior ao assassinato de
Caio Júlio César (100-44 a.C.), sua terceira esposa,
Calpúrnia (?-55 a.C.),
"sonhou que estava chorando a morte do marido, que ela enforcara em seus braços", segundo a versão de
Plutarco (46-120). Pela manhã, ela lhe relatou o sonho, acrescentando:
"Caso não dês importância a meus sonhos, recorre a outras divinações e sacrifícios para saber do futuro". Ele então procurou o astrólogo
Spurina (século I a.C.), que confirmou os presságios e aconselhou-o a tomar cuidado com os
"idos de março" (veja o verbete anterior). Desconfiado, o famoso general e estadista decidiu não sair da cama naquele dia. No fim da tarde, no entanto, recebeu a visita de
Décimo Júnio Bruto Albino (?-43 a.C.), seu protegido e um dos conspiradores, e este o exortou a
"não faltar com a palavra empenhada aos senadores", que iriam encontrar-se naquela noite, de acordo coma versão de
Suetônio (69-125). Mudando de idéia, César resolveu comparecer à reunião. No caminho, encontrou Spurina e debochou dele: "E então? Os idos de março chegaram!" O astrólogo teria respondido:
"Chegaram, mas ainda não se foram". O diálogo seria aproveitado, com leves variações, pelo poeta e teatrólogo inglês
William Shakespeare (1564-1616) em
Júlio César. O general morreu assassinado naquela noite. Entre os traidores que o atacaram estava
Marco Júnio Bruto (85-42 a.C.), a quem César teria dito a célebre frase
"Até tu, Bruto, meu filho?", segundo Suetônio, que também informa o número de punhadas: 23. Todos os assassinos de César morreram nos três anos seguintes, nenhum deles de morte natural. Marco Júnio Bruto, com a ajuda de um escravo, suicidou-se, depois de derrotado em Filipos.
Zona: do grego
zóne, cintura, meio da barriga, pelo latim
zona, cinta, faixa, local, região. Foram chamadas zonas as cinco divisões geográficas do globo terrestre, que se assemelha a uma bola, como a barriga do homem. São elas: tórrida, temperada do Norte, temperada do Sul, frígida ou glacial do Norte, frígida ou glacial do Sul. A primeira fica entre o Trópico de Câncer e o de Capricórnio; a segunda, entre o Trópico de Câncer e o CírculoÁrtico; a terceira, entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Antártico; a frígida do Norte está no Círculo Ártico; a frígida do Sul, no Círculo Antártico. Outras zonas aparecem freqüentemente em livros e na imprensa, entre elas as francas (regiões beneficiadas por impostos menores, como a de Manaus), a zona rural, a zona urbana e a zona de fronteira. Já as 200 milhas marítimas compõem a zona econômica exclusiva, sobre a qual o Brasil é soberano para fins de exploração dos recursos naturais. Em 1972,
João Nogueira (1941-2000) criou a música
Das 200 para Lá, gravada por
Eliana Pittman (60).
"Este mar é meu/ Leva seu barco pra lá deste mar/ (...) Pescador de olhos verdes/ Vá pescar em outro lugar". Também o Tribunal Regional Eleitoral divide o Estado em zonas eleitorais. O Brasil tem ainda a Zona da Mata Mineira e a Zona da Mata Nordestina. Por fim, é conhecida como zona a região onde as autoridades sempre toleraram os bordéis. Mas essas zonas entraram em declínio com o surgimento das garotas de programa, que se agenciam dentro das cidades, disfarçadas de inocentes patricinhas.