Prazer pela culinária, a herança de Claude Troisgros aos filhos

Referência da gastronomia franco-brasileira há 32 anos no país, o chef e apresentador do programa Que Marravilha!, do GNT, Claude Troisgros (55), assume que seu maior prazer é ver a família reunida na cozinha. “É o nosso point. O local ideal para nos encontrarem lado a lado é aqui. Quando estamos juntos, só falamos de comida”, revela o francês, referindo-se aos filhos, o também chef Thomas (30) e a publicitária Carolina (28), da união de 27 anos com Marlene Pereira. Orgulhoso, ele e os herdeiros prepararam a receita do prato em torno do qual o clã se reunirá no almoço de Páscoa: risoto de bacalhau com abóbora elaborado e regado com Azeite Gallo Reserva.

Thomas e Carolina são a quarta geração do chef, a primeira nascida no Brasil, que tomou gosto pelas panelas. O primogênito trouxe para os restaurantes do clã, no Rio — o quarto deles, o CT Trattorie, será inaugurado no dia 19 de abril — visão contemporânea, influência do período em que passou no renomado Culinary Institute of America, em Nova York. E a caçula coordena o ser viço de bufê do Ateliê Troisgros. “Também coloco a mão na massa e finalizo uma receita. É uma forma de ajudar e ficar mais perto do meu pai. Não o vejo a toda hora. Ele faz mil coisas ao mesmo tempo”, elogia Carolina, que aproveita o encontro para pedir a opinião de Claude sobre as mudanças no menu do bufê e, em tom de brincadeira, implica com o corte de cabelo dele. “Molha esses fios para abaixar. Seco deste jeito, está parecendo mais uma espiguinha de milho (risos)”, diverte-se a publicitária. “Carol é tão bem-humorada quanto eu. Ela consegue levar a vida com uma certa leveza. Acho muito legal isso”, diz Claude, obedecendo ao pedido da filha e ajeitando o cabelo.

Mais sério e compenetrado, Thomas acompanha atentamente a maneira como o pai executa a receita especial do dia. “Meu filho tem o meu lado artístico e perfeccionista”, ressalta Claude, afirmando que não há brigas entre eles sobre a forma de trabalharem. “É muito prazeroso atuar com os meus filhos, uma bênção de Deus. É difícil isso acontecer e dar certo. Estabelecemos uma relação de total confiança. Somos da paz”, garante.

E foi a ligação profissional com Carolina e Thomas que ajudou o chef a deixar de ser workaholic. “Tirei o pé do acelerador (risos). Agora, passeio mais de moto, assisto a programas de TV e viajo com frequência”, enumera, sem cogitar a aposentadoria. “Se parar, morro. Quero continuar no batente perto deles e quem sabe dos meus netos. Seria maravilhoso que essa paixão pela cozinha não acabasse”, diz o chef.