De acordo com informações da Fundação IBGE publicadas pelo jornal
O Estado de S.Paulo, de 102 503 separações judiciais em 2005, cerca de 17 000 foram pedidas por mulheres e só 6 000 pelos homens. Isso se deve ao fato de que, em geral, elas perdem menos do que os homens. Ficam com a casa, os filhos recebem pensão e normalmente são tratadas como vítimas.
As mulheres não se separam, na maioria dos casos, porque têm outro homem. Separam-se porque o casamento perdeu o romantismo, o amor acabou, ainda têm a fantasia de viver um grande amor ou o marido as traiu. A mulher monta sua estrutura de vida com base no casamento, deposita nele todas as suas expectativas. Ela aprende isso desde pequena. A profissão é importante, mas o marido, os filhos e o lar têm prioridade. Sua verdadeira realização está em ser mulher e mãe. Seu foco principal é a vida afetiva. Ela é a responsável pelo aspecto emocional do casamento. Se não vai bem, sua vida se desmorona. Assim, rompe com o parceiro e vai em busca do sonho que não realizou. Para a mulher, se o amor acaba é difícil continuar vivendo com alguém.
Ter uma relação afetiva fora do casamento também é mais complicado para ela, pois dificilmente consegue separar a sexualidade da afetividade. Quando conhece alguém, de início até pode encarar como passa-tempo, mas acaba se apaixonando. Parece ser da própria biologia feminina, já que o sexo pode significar filhos, que são responsabilidade dela na maioria dos casos. Muitas vezes, após uma separação, passado o período de luto e dor, a mulher vive uma fase de evolução. Descobre forças onde nem imaginava que tinha; assim, lança mão de sua criatividade e cresce pessoal e profissionalmente. Ela se cuida, fica mais bonita e pronta para tentar ser feliz de novo.
Já os homens, se precisam sair de casa e morar sozinhos, ficam sem a estrutura do lar que em geral é gerido pela mulher, perdem o convívio com os filhos e ficam desamparados. Por isso, normalmente continuam casados mesmo se a relação é insatisfatória. Planos e projetos masculinos estão mais ligados à vida profissional. Realizam-se no trabalho, com o dinheiro que ganham e o sucesso. Seu foco é a profissão; por isso, em geral levam adiante casamentos que não vão bem. Se a atração sexual acaba, arranjam amante, pois separam mais a vida afetiva da sexual. Apesar de amarem a mãe de seus filhos, são capazes de levar uma boa vida sexual fora do casamento e, assim, vão equilibrando a união e não se separam. Dificilmente um homem pede a separação se não tiver outra mulher pela qual já se apaixonou e com quem pretenda se casar.
Como a mulher é a responsável pelo aspecto afetivo do casamento e pela relação com a família, é ela na maioria das vezes quem rompe a união. Se se acomoda e fica casada por outros interesses, o casal pode viver junto a vida toda, num acordo mútuo, sem maiores atritos.
Há homens, claro, que se separam pois não agüentam viver uma união que já terminou, mas não abandonam a família nem os filhos. Também há mulheres que traem o marido, pelo fato de não conseguirem ou não quererem enfrentar dificuldades que uma separação impõe. Não querem perder as vantagens da união mesmo quando sabem que o amor acabou. Isso não diminui o valor das mulheres corajosas, que, quando sentem que é preferível viver sozinhas do que com alguém que não amam ou por quem não se sentem amadas, se separam. Enfrentam muitas dificuldades, mas sabem que nada é mais valioso do que a felicidade de se sentirem dignas e em paz consigo mesmas.