Paulo Borges e a linguagem da moda

Paulo Borges fala sobre o tema do São Paulo Fashion Week Inverno 2010, 'Linguagens', e a importância do evento para o Brasil

Redação Publicado em 15/01/2010, às 16h56 - Atualizado em 16/01/2010, às 11h48

Ele com um manequim da escola. - Carol Feichas/4com fotografia
Uma Bienal que brinca com as palavras. Com os símbolos e signos. Uma imagem que remete a uma lembrança, a uma história de vida, a uma maneira de se vestir e agir. A 28º Edição do São Paulo Fashion Week será uma edição interativa, literalmente falando. Além da decoração das salas de desfiles, cada um dos lounges patrocinados brincará com o tema, por meio jogos tecnológicos, pocket shows, telões com vídeos e, se você quiser, até a sua música preferida poderá ser a trilha sonora do evento. Para Paulo Borges, o idealizador do SPFW, que tem início neste domingo, 17, o tema Linguagens desta edição não poderia ser mais atual. "Queremos estar adiante no nosso tempo. E as palavras hoje fazem parte deste universo", disse o empresário ao Portal CARAS, a dois dias da maior semana de moda da América Latina e uma das mais importantes do mundo. Na conversa, Paulo fala sobre a representatividade do evento no cenário mundial, não só da moda, mas também economicamente falando. Segundo ele, são mais de 70 milhões de reais gerados por ano com o universo fashion. Mas deixando de lados os números, ele está mais interessado mesmo é na arte de fazer moda e em sua disseminação. "O SPFW fomenta a criação, o design, a comunicação". Confira trechos da conversa com Paulo Borges: - Por que 'Linguages' como o tema desta edição do SPFW? - A escolha reflete o que estamos vivendo. Quando começamos a trabalhar, não existia fax, nem celular. Hoje é impossível pensar sua vida sem a internet. As formas de se comunicar mudaram muito. A maneira de ver a moda também mudou. A moda é feita para as pessoas e pelas pessoas. É um movimento antropofágico. A maneira como você se veste é inspirado, mas inspira. É um ir e vir constante. É um processo coletivo. É a comunicação, a linguagem. Uma palavra diz tudo. É a transversalidade da informação. - O que o Fashion Week representa hoje para a cidade de São Paulo? - É um negócio muito grande. R$ 100 milhões de impostos são arrecadados por meio dos serviços gerados dentro do evento, com uma venda, um negócio. E é justamente isso. Eles entenderam que o SPFW é um negócio, não é mais a coisa da vaidade. São dois os números mais importantes. Na produção de todo o evento, que envolve a estrutura da Bienal, as pessoas que estão trabalhando para aquilo tudo acontecer, são investidos R$ 16 milhões. Depois tem o que é investido por parte dos patrocinadores, dos estilistas. No final, o custo do evento são de R$ 36 milhões. Mas isso é só um pedaço de toda a engrenagem. Durante toda a semana, no momento em que estão rolando os 40 desfiles, 2 mil showrooms estão sendo visitados por compradores e investidores. O SPFW fez com que a cidade, o estado e o país cresçam. - Este mês, a capital comemora aniversário. Como você se sente fazendo parte da história de crescimento da cidade? - Eu sou paulista, não sou paulistano. Mas São Paulo me deu o que eu nunca tive. Moro aqui desde 1980. A cidade é meu espelho, meu porto seguro. Nos anos 70, tinha o sonho de mostrar a moda do Brasil, e consegui. São Paulo tem uma das semanas de moda mais importantes do mundo. Mas sempre digo que são as pessoas que são responsáveis por fazer da cidade o que ela é hoje. - Essa foi a segunda vez que você também está no comando do Fashion Rio. Qual sua avaliação da semana de moda do Rio de Janeiro? - Fiquei muito feliz com o resultado. Antes a semana de moda do Rio era vista somente pela ótica do entretenimento, da celebridade. Mas isso mudou. Críticos de moda e os jornalistas já veem com outros olhos a semana. - Algumas marcas entram, outras não partipam. A V. Rom acaba de informar que não participará desta edição. - Sempre tem um conflito muito grande por parte dos estilistas. Um desfile como esse é uma hiperexposição. Vivemos em um processo muito grande de crescimento e produção. As marcas tem que acompanhar isso. - Muitas novidades nesta edição? - Não há nada mais radical na moda. Os jornalistas chegam no desfile e querem sempre algo inovador, mas isso não existe mais. Tudo já foi feito. O que a gente espera agora são inovações em tecnologia têxtil. A moda para o inverno, por exemplo, será mais leve, porque tem matéria prima tecnológica na produção. Tudo pensando no ser humano, no seu ritmo de vida. A moda está mais confortável, mais acessível.
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