Obesidade expõe criança a doenças antes exclusivas de adultos e idosos

por <b>Artur Figueiredo Delgado</b>* Publicado em 04/08/2009, às 13h50 - Atualizado em 10/08/2009, às 12h56

Obesidade é acúmulo anormal, excessivo e generalizado de gordura, levando ao aumento do peso corporal e pondo a saúde em risco. Sabe-se se uma pessoa é obesa calculando-se seu índice de massa corpórea. Para isso, basta dividir seu peso em quilos por sua altura em metros multiplicada por ela mesma. Para adultos, resultados entre 18 e 25 indicam índice de gordura normal; de 26 a 30, sobrepeso; de 31 a 35, obesidade moderada; de 36 a 40, obesidade grave; e acima de 40, obesidade muito grave. Nas crianças, avaliações específicas demonstram significativa desproporção entre o peso e a estatura. A obesidade é uma doença crônica que pode ocorrer com qualquer pessoa. No passado, era mais comum em adultos e idosos, mas nas últimas décadas, segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de casos em crianças e adolescentes tem aumentado de maneira assustadora. A doença já constitui um grave problema de saúde pública. No Brasil, pesquisas de 1997 indicavam que 13,2% das crianças e dos adolescentes da área urbana no Sudeste já eram obesos; 14,5% no Sul; 6,3% no Centro-Oeste; 4,3% no Nordeste; e 5,9% no Norte. Nas áreas rurais, essas taxas eram um pouco menores, com excessão do Sul e do Sudeste, onde as da área urbana e da rural eram muito próximas. Dados atuais do IBGE revelam que as taxas de sobrepeso e obesidade continuam crescentes entre crianças e adolescentes. Só 5% dos casos de obesidade devem-se a doenças metabólicas e endócrinas. Os outros 95% resultam de sedentarismo; do consumo exagerado de carboidratos e alimentos gordurosos, sobretudo industrializados, os chamados fast foods, ricos em açúcares e gorduras saturadas; e do tabagismo. Descobriu-se que, ao contrário do que se pensava, a gordura não é um tecido inerte. Produz substâncias que agem no cérebro, provocando menor saciedade e maior apetite. É por isso que, quanto mais engorda, mais o obeso come. A doença causa muitos problemas. A criança vai ter grandes dificuldades osteoarticulares, isto é, não será capaz de fazer atividades físicas similares às dos colegas, porque haverá sobrecarga em tendões e articulações, sobretudo dos joelhos e dos tornozelos. Por outro lado, crianças obesas têm alto risco de se tornar adolescentes obesos. Podem, então, desenvolver doenças antes características dos adultos, como diabetes, hipertensão e taxas elevadas de triglicérides e colesterol. Ficam, pois, sujeitas à deposição de gorduras nos vasos e à formação de ateromas, o que favorece as doenças cardíacas e cerebrais. Ficam expostas também a moléstias como distúrbios menstruais e apneia do sono e ainda enfrentam problemas psicológicos, como o rebaixamento da autoestima, tanto pela aparência e incapacidades quanto pela pressão social. O tratamento da obesidade é multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionista, educador físico e psicólogo. Hoje, felizmente, existem serviços específicos nas universidades existentes nas capitais e em cidades grandes. Mas a participação familiar é fundamental, porque muitas vezes foram os hábitos incorretos dos pais que desencadearam a doença nos filhos. Então, para que os filhos tenham condição de se recuperar, também os pais precisam adotar hábitos saudáveis.
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