O que é pubalgia, doença que ocorre quase só em jogadores de futebol

<i>por Joaquim Grava</i>*<br><br> Publicado em 21/11/2009, às 12h36 - Atualizado em 29/01/2013, às 21h30

Joaquim Grava -
A pubalgia afastou recentemente dos jogos o atacante Kleber, do Cruzeiro, de Belo Horizonte, e o zagueiro brasileiro Alex, do Chelsea, da Inglaterra. Os dois foram operados por mim e ficarão cerca de 40 dias em recuperação. Chama-se de pubalgia uma inflamação no osso púbico (púbis), localizado na parte inferior da estrutura óssea que forma a pelve, ou bacia. Há nessa região diversos grupos de músculos que ligam o tronco aos membros inferiores e, na hora de executar os movimentos, atuam em direções opostas. Os músculos do abdome fazem força para cima e os da virilha, para baixo. Se um dos dois lados fica mais forte, ocorre um desequilíbrio muscular, forçando demais o outro e inflamando o púbis. O sintoma é dor no baixo ventre e na virilha. De nício ela surge só após esforços físicos, mas, depois, até ao tossir. Os jogadores de futebol são as principais vítimas da pubalgia. O exercício de chutar a longas distâncias, direcionando o chute para a direita ou a esquerda, pode desequilibrar a atuação dos músculos citados. Já atendi a outros atletas com pubalgia. Mas minha experiência de mais de 20 anos no tratamento dessa doença mostrou que é um mal quase exclusivo dos homens que jogam futebol. Nunca atendi a uma mulher com ele. A anatomia feminina, que muda o formato ósseo da bacia em razão do canal do parto, deixa a mulher mais protegida. No caso dela, um desconforto na região tem mais chance de ser hérnia ou endometriose, moléstia que pode até levar à infertilidade. Dor na região do púbis também pode ser sinal de outras doenças nos homens, como hérnia inguinal, infecção uriária e inflamação na próstata. Por isso, o ortopedista, que deve ser consultado ao primeiro sinal de incômodo na região, precisa descartar esses males durante o diagnóstico. Depois, se ainda suspeitar que seja pubalgia, pode comprová-la com a Manobra de Grava, técnica que criei em 1997 para identificar a inflamação. O paciente fica deitado, com a barriga para cima e apenas uma das pernas flexionada na lateral, como se fizesse o número 4. Nesta posição, o médico aplica com as mãos uma força no quadril do paciente e pede que flexione o tronco. Se sentir dor ou não conseguir realizar o movimento, está comprovada a pubalgia. O grau de dificuldade indica também a gravidade da inflamação e se o tratamento será clínico ou cirúrgico. No primeiro caso, prescreve antiinflamatório, repouso por pelo menos 30 dias e fisioterapia, para fortalecer e reequilibrar os músculos da pelve. Quanto à cirurgia, a técnica usada hoje foi criada por mim. Faz-se um pequeno corte no baixo ventre, acima dos pelos pubianos, com o objetivo é liberar os músculos tensionados e aliviar a tração no púbis. Os casos cirúrgicos são menos frequentes que os clínicos. Nos últimos 20 anos, operei 108 pacientes. Não há estatística oficial, mas os números no meu consultório mostram uma diminuição dos quadros de pubalgia a partir do ano 2000. Desde então, as equipes técnicas dos clubes têm investido na prevenção por meio de treinamentos para fortalecer os grupos musculares relacionados ao púbis. Mesmo assim, talvez por diferenças genéticas ainda não descobertas, a pubalgia continua driblando alguns jogadores.
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